O que deve saber sobre síndrome metabólica

Coração
Prevenção e bem-estar
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Em Portugal, a síndrome metabólica afeta mais de 1/3 da população. Saiba em que consiste este problema de saúde e qual o tratamento.

A síndrome metabólica é um problema grave de saúde pública, de grande prevalência, afetando mais de um terço da população portuguesa adulta. Não provoca sintomas precocemente, podendo a única “pista” visível da sua existência ser o aumento do perímetro do abdómen, que vai ficando proeminente.

Então, o que é exatamente a síndrome metabólica? Esta síndrome consiste num conjunto de fatores de risco metabólicos que aumentam a probabilidade de desenvolver problemas cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral (AVC), e diabetes tipo 2, tendo sempre por causa o desenvolvimento de obesidade abdominal.

 

Fatores de risco da síndrome metabólica

  • Excesso de peso e obesidade
  • Resistência à insulina (ocorre quando o nosso organismo se torna mais resistente a esta hormona, resultando num aumento dos níveis de açúcar no sangue)
  • Sedentarismo
  • Fatores genéticos
  • Envelhecimento
  • Disfunções endócrinas, como problemas de tiroide

 

Diagnóstico da síndrome metabólica

Uma pessoa é diagnosticada com síndrome metabólica quando se verificam três ou mais dos cinco seguintes fatores:

  • Níveis elevados de açúcar no sangue em jejum (glicemia > 100 mg/dl)
  • Valores baixos de colesterol HDL, o “bom” colesterol (< 40-50 mg/dl)
  • Níveis elevados de triglicéridos (> 150 mg/dl)
  • Obesidade abdominal: perímetro abdominal (> 102 cm no homem e 88 cm na mulher) devido à acumulação de gordura visceral, isto é, à volta dos órgãos internos do abdómen)
  • Hipertensão arterial (> 135/ 85 mmHg)

 

Cada um destes problemas é por si só um fator de risco para doença cardiovascular, mas o diagnóstico de síndrome metabólica aumenta a probabilidade de problemas cardiovasculares.

 

Sabia que...

A gordura visceral é o tipo de gordura abdominal mais perigoso e significa risco grave de eventos cardiovasculares.

 

Hipertensão arterial

A pressão arterial reflete a força que o sangue exerce nas paredes dos vasos sanguíneos quando está a circular pelo nosso corpo.

É importante estar atento aos seus níveis de pressão arterial:

  • 120/60 mmHg: pressão arterial saudável.
  • Acima de > 135-140 / 85-90 mmHg: quando são registados valores acima deste limite por várias medições consecutivas (em pelo menos três ocasiões distintas), considera-se que a pessoa tem hipertensão arterial.
  • 130/80 mmHg: em pessoas diagnosticadas com síndrome metabólica, com diabetes, os níveis limite para hipertensão arterial são mais baixos, mais restritivos.

Quando a pressão arterial está elevada, o coração tem de se esforçar mais para bombear o sangue, o que pode aumentar o risco de alguns problemas de saúde, como, por exemplo, de AVC e enfarte do miocárdio.

Caso os seus níveis de pressão arterial estejam acima do ideal, o seu médico assistente poderá recomendar alterações a nível de estilo de vida - como ser mais ativo, adotar uma alimentação saudável (rica em fruta, vegetais, cereais integrais e fibra e pobre em gordura saturada e sal), manter um peso saudável, deixar de fumar e beber álcool e eventualmente prescrever medicação para controlar a pressão arterial.

 

Dislipidemia

Uma alteração no metabolismo dos lípidos (gorduras) do nosso organismo - o chamado colesterol -, a dislipidemia aumenta o risco de síndrome metabólica.

Existem dois tipos de colesterol: o HDL (colesterol “bom”) e o LDL (colesterol “mau”). Níveis muitos baixos de colesterol HDL são mais comuns na síndrome metabólica, assim como mais graves. Valores baixos de HDL estão muitas vezes associados a níveis de triglicéridos acima do normal (iguais ou superiores a 150 mg/dl).

Pessoas que sofrem de dislipidemia têm também muitas vezes excesso de peso.

 

Diabetes tipo 2

A insulina é uma hormona produzida pelo pâncreas, responsável pelo controlo dos níveis de açúcar no sangue. A resistência à insulina é mais comum em pessoas obesas, sobretudo em casos em que há acumulação de gordura visceral. Quando desenvolvemos resistência à insulina, o pâncreas tem de produzir maiores quantidades para manter o açúcar sob controlo, o que coloca cada vez mais pressão neste órgão endócrino. Consequentemente, o pâncreas não consegue produzir quantidades necessárias de insulina e os níveis de açúcar no sangue mantêm-se elevados. A resistência à insulina (ou pré-diabetes) é o estádio que precede a diabetes tipo 2 e no qual ainda é possível prevenir esta doença.

A diabetes tipo 2 é outro dos problemas que está muitas vezes associado à síndrome metabólica. Quando os níveis de açúcar no sangue estão muito elevados, podem ocorrer danos nos vasos sanguíneos, sobretudo nos de menor calibre, como os vasos dos olhos, nervos e rins. A diabetes aumenta também o risco de doenças cardiovasculares, como AVC e enfarte do miocárdio.

 

Obesidade

A obesidade abdominal - quando a gordura se acumula na zona da barriga - aumenta os níveis de colesterol e o risco de desenvolver diabetes e síndrome metabólica.

Uma boa forma de perceber se sofre deste tipo de obesidade consiste na avaliação do perímetro abdominal. Use uma fita métrica e coloque-a à volta da zona da cintura, no ponto mais largo (por volta da zona do umbigo). Considera-se que a pessoa tem excesso de gordura abdominal quando o perímetro abdominal excede os 102 cm no homem e 88 cm na mulher.

 

Tratamento da síndrome metabólica

A medida fundamental do tratamento da síndrome metabólica está na perda de peso, que deve ser de pelo menos 10% em pessoas com excesso de peso ou obesas, e/ou atingir um índice de massa corporal abaixo de 25 kg/m2. Para isso, é importante adotar uma alimentação saudável, pobre em gordura e açúcar, com um elevado teor de fibra e que inclua cereais integrais, fruta, legumes e peixe. Os hidratos de carbono devem corresponder a não mais do que 50% das calorias diárias. Deve também reduzir a ingestão de álcool e implementar um aumento da atividade física - pelo menos, 30 minutos diários de intensidade moderada, como uma caminhada de passo ligeiro. O aumento da atividade física pode ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina.

Pessoas fumadoras com síndrome metabólica devem deixar de fumar, pois o abandono deste hábito contribui para a redução da resistência à insulina e da inflamação crónica.

Adicionalmente à mudança para um estilo de vida mais saudável, pode ser necessária a toma de medicação, por exemplo, para baixar o colesterol, antidiabéticos, anti-hipertensores ou antiagregantes plaquetários.

Fontes:

American Heart Association, agosto de 2021

Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, agosto de 2021

Cleveland Clinic, agosto de 2021

Fundação Portuguesa de Cardiologia, agosto de 2021

Heart UK, agosto de 2021

National Health Service, agosto de 2021

Publicado a 02/11/2021