O uso de headphones pode prejudicar a audição?

Ouvidos, nariz e garganta
Prevenção e bem-estar
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Ouvir música muito alto pode causar danos nos ouvidos, mas o tipo de auscultadores e o tempo que se passa a usá-los também pode afetar a audição. Saiba como.

As dificuldades de audição são um problema de saúde na sociedade atual, principalmente devido à presença constante dos headphones, ou auscultadores, no dia a dia das pessoas. A utilização destes equipamentos para ouvir música, mas também para comunicar através do telemóvel, para videoconferências por motivos profissionais ou para assistir a vídeo ou jogar videojogos, leva a que muitas pessoas, particularmente os jovens, passem várias horas por dia com headphones colocados.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050, cerca de 2,5 mil milhões de pessoas vão sofrer de algum tipo de dificuldades auditivas e 700 milhões irão precisar de reabilitação. Muitos desses problemas estarão relacionados com falta de higiene ou más condições de vida, mas é principalmente no mau uso de dispositivos com auscultadores - em termos de volume e de tempo de utilização - que reside a maior ameaça à saúde auditiva.

O sistema auditivo depende do equilíbrio entre o ouvido médio e interno, do tímpano à cóclea - uma pequena câmara no ouvido repleta de líquido - e ao nervo auditivo. A vibração e a ressonância provocada pelos sons que entram permitem-nos compreender a linguagem, os diferentes ruídos ambientes ou a música. Um ruído demasiado elevado - mas também determinadas frequências sonoras - causa vibração excessiva que pode provocar danos imediatos ou a longo prazo, com recuperação difícil ou mesmo irreparáveis.

 

Sabia que...

A OMS alerta que 1,1 mil milhões de jovens e adultos, até aos 35 anos, arriscam perda de audição por ouvirem música ou consumirem outro tipo de entretenimento com volume de som desadequado, sem segurança.

 

Qual o perigo dos headphones?

A maioria dos equipamentos - seja o telemóvel, o computador ou outro dispositivo que sirva como reprodutor de som - emite um volume que chega a 120 decibéis, muito acima de uma exposição recomendada dos ouvidos, que se situa em 85 decibéis. Acima deste valor, as vibrações da cóclea provocam até alterações físicas, que podem levar a uma perda de sensibilidade ao som. Normalmente, uma noite de sono repõe o equilíbrio no ouvido interno, após um concerto ou uma ida à discoteca. Já para um abuso regular, as consequências podem ser lentas, mas notar-se no futuro.

Além do volume, o tempo de exposição também influencia as alterações da audição. Algumas profissões, como o trabalho em fábricas ou noutros ambientes com ruído elevado de máquinas, levam frequentemente a perdas de audição, sendo ainda hoje fatores de risco. Para 85 decibéis, por exemplo, o máximo recomendado são oito horas por dia, pelo que é fácil imaginar um jovem ou adulto que usa auscultadores nos transportes, a trabalhar, a estudar ou em momentos de lazer, ultrapassar esse tempo.

 

Sabia que...

Uma regra promovida para controlar o uso de headphones é “60/60”. Não ultrapassar um volume de 60 % ao usar auscultadores e durante apenas 60 minutos nesse nível. A utilização com volume máximo apenas é tolerável durante cinco minutos.

 

Todos os headphones são prejudiciais?

Há duas situações, direta ou indiretamente relacionadas com os auscultadores, que têm maior potencial de causar danos. Por um lado, o ruído do ambiente exterior: a tendência habitual é subir o volume em locais como transportes públicos ou mesmo na rua, o que causa uma pressão maior nos ouvidos, e problemas auditivos a longo prazo.

Por outro lado, os auscultadores mais pequenos que se “encaixam” na orelha - como os modelos sem fios usados habitualmente com smartphones - são mais prejudiciais, uma vez que aproximam o ouvido do local de saída do som. Nos headphones que tapam a orelha - afastando um pouco mais o ruído exterior - o som é mais disperso, menos direcionado para o tímpano.

 

Sinais a que devemos estar atentos:

A perda de audição é normalmente lenta e gradual - exceto em caso de trauma ou outra situação facilmente identificável -, podendo ser imperceptível ou quase a mudança. Assim, é importante estar atento aos sinais de alerta e consultar o seu médico, ou procurar um especialista de Otorrinolaringologia, em caso de:

  • Ouvir sons pouco nítidos ou abafados
  • Não conseguir perceber os outros em ambientes ruidosos
  • Dificuldade em ouvir sons de alta frequência
  • Sentir um zumbido, assobio ou silvo no ouvido
  • Ter sensibilidade excessiva a determinados sons
  • Necessitar de usar o volume da televisão ou rádio sucessivamente mais elevado
  • Sentir os ouvidos entupidos

 

Outros sintomas, indiretamente ligados à audição, podem indicar a presença de uma infeção nos ouvidos. Dores de ouvidos recorrentes, saída de líquido pelas orelhas e uma dificuldade mais repentina ou prolongada em ouvir são sinais a ter em atenção.

 

Como prevenir a perda de audição devido aos headphones?

Utilizar auscultadores menos tempo todos os dias é uma das soluções para prevenir dificuldades auditivas no futuro, mas há outras que também podem ser colocadas em prática:

  • Reduzir o volume para níveis abaixo do limite recomendado
  • Usar headphones que cobrem a totalidade da orelha
  • Preferir equipamentos que tenham cancelamento de ruído
  • Usar auscultadores menos tempo ou fazer intervalos longos

 

Pela maior proximidade do som em relação ao ouvido e por serem usados constantemente pelas pessoas, seja por motivos de lazer ou profissionais, os headphones trazem riscos acrescidos ao sistema auditivo. No entanto, o cuidado a ter com eles deve ser igual para as situações em que não os estamos a usar. Ao ver televisão, ouvir música através de colunas, ou rádio no carro, o volume deve ser colocado baixo. E a frequência de concertos ou a ida a bares e outros espaços fechados com música alta também deve ser gerida com cuidado, para não haver exposição demasiado prolongada ao ruído.

Fontes:

American Osteopathic Association, março de 2023

Medical News Today, março de 2023

Organização Mundial da Saúde, março 2023

WebMD, março de 2023

Publicado a 15/06/2023