Triagem de Manchester: o que é e como funciona?

Prevenção e bem-estar
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No Atendimento Permanente, a Triagem de Manchester avalia os doentes e atribui-lhes uma prioridade para a prestação de cuidados - do emergente ao não urgente.

Quando nos dirigimos a um serviço de urgência, como o Atendimento Permanente, antes da consulta de avaliação com um médico, passamos por um processo de triagem - a Triagem de Manchester -, onde um enfermeiro, nos coloca várias questões e avalia alguns parâmetros, como a dor, a temperatura corporal, entre outros. Ana Boquinhas, médica internista, e Bruno Lima, enfermeiro, explicam qual o objetivo da Triagem de Manchester e como são classificados os diferentes doentes, consoante a gravidade dos seus problemas.



O que é a Triagem de Manchester?

“A Triagem de Manchester foi um protocolo elaborado em Manchester, em 1994, por um grupo de médicos e enfermeiros que decidiu criar uma série de normas em que fosse possível, pela queixa clínica, fazer uma determinação da gravidade clínica do doente que vai ao serviço de urgência”, explica Ana Boquinhas, médica internista. E como é que são classificados os doentes? Através de um código de cores. “Existe uma série de pulseiras de cor que traduzem a gravidade do doente, do vermelho ao azul, e que permitem que haja um consenso sobre o tempo que pode esperar até ser observado e sobre a sua gravidade clínica”, esclarece, acrescentando que “a vantagem da Triagem de Manchester é exatamente poder dar, por um lado, segurança aos doentes que chegam à nossa urgência, de que vão ser vistos segundo a prioridade da sua gravidade clínica, e, por outro, aos médicos e enfermeiros que os vão observar para poder tratá-los da melhor maneira possível”.

 

Sabia que...

A Triagem de Manchester deve ter uma duração curta, no máximo três minutos, de forma a ser rápida.

 

Como decorre a Triagem de Manchester

“Durante o processo de triagem, o enfermeiro triador vai identificar em primeira mão a queixa principal da pessoa. A partir desta queixa, vai associar um fluxograma de Triagem de Manchester e colocar algumas questões que vão soar alarmes clínicos. Podemos avaliar questões relacionadas com dor, com alguns sinais vitais, e, de acordo com a resposta dada, vamos associar uma prioridade clínica para o seu atendimento”, explica o enfermeiro Bruno Lima. Esta prioridade é identificada através de pulseiras com diferentes cores e, consoante aquela que lhe é atribuída, o doente pode ser encaminhado para diferentes áreas do serviço de urgência.

 

Um sistema de cores: do emergente ao não urgente

O enfermeiro Bruno Lima explica o sistema de classificação por cores da Triagem de Manchester:

  • Pulseira vermelha: é um doente emergente e não fica à espera na zona de triagem, mas sim em atendimento numa sala de emergência. Trata-se de uma situação de risco para a vida, que precisa de cuidados imediatos;
  • Pulseira laranja: trata-se de um doente muito urgente, que precisa de atendimento rápido ou quase imediato e para o qual temos um tempo-alvo de atendimento de até dez minutos. Em caso de grande necessidade, poderá estar numa zona de sala de observação, onde permanecerá em vigilância direta pelos profissionais de saúde;
  • Pulseira amarela: é atribuída a doentes urgentes, que têm um tempo-alvo de atendimento de até 60 minutos e que poderão aguardar um pouco até serem avaliados;
  • Pulseira verde: são os doentes pouco urgentes, que poderão aguardar até 120 minutos pelo seu atendimento ou, eventualmente, serem encaminhados para outros serviços de saúde;
  • Pulseira azul: é o doente não urgente, que pode aguardar pelo atendimento médico e que poderá esperar até 240 minutos, ou ser também encaminhado para outro serviço de saúde.

 

“Devo marcar uma consulta ou ir às urgências?”

Perante o surgimento de sintomas, nem sempre é claro qual deve ser o próximo passo: ir a uma consulta ou dirigir-se ao Atendimento Permanente. De acordo com Ana Boquinhas, “existem casos que são, de facto, urgentes, como uma dor no peito que pode indiciar enfarte agudo do miocárdio ou alterações neurológicas, como diminuição da força, por exemplo, num braço ou numa perna que pode indiciar um acidente vascular cerebral. Isso são situações em que deve recorrer de forma quase imediata ao serviço de urgência”. Contudo, segundo nos explica o enfermeiro Bruno Lima, existem ferramentas digitais que podem ajudar a tomar uma decisão, como o Avaliador de Sintomas My CUF, “que recorre à inteligência artificial e está validado por médicos, e que permite, de imediato, dar uma orientação ao doente sobre o que fazer e tomar uma decisão sobre se deve ir ou não ao serviço de urgência”. A avaliação é válida para adultos e crianças e está disponível 24 horas por dia, 365 dias por ano, de forma gratuita.

Atendimento Permanente CUF

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Publicado a 24/11/2023