Varíola dos macacos:
A varíola dos macacos ou Monkeypox (VMPX) é uma doença transmitida de animais para humanos e em que a transmissão entre humanos pode ocorrer. Saiba mais.
Estão reportados casos de varíola dos macacos (ou Monkeypox) em Portugal, tal como em outros países europeus. Esta não é uma doença nova: desde 2018 que se registam casos na Europa, inicialmente associados a viagens a países onde esta doença é endémica. Atualmente a infeção humana é transmitida entre pessoas com contacto físico próximo, incluindo contacto sexual.
Quando surgiu a Monkeypox?
Foi identificada pela primeira vez em 1958 quando ocorreram dois surtos em colónias de macacos, justificando a designação de “varíola dos macacos”. Mais tarde, em 1970, foi identificado o primeiro caso no ser humano.
Quem pode ser considerado caso suspeito?
Deve ser ser considerada a hipótese de diagnóstico de Monkeypox nas seguintes situações:
1. Ocorrência de contacto de risco
Alguém que tenha contactado com um caso provável ou confirmado de infeção pelo vírus Monkeypox, nos últimos 21 dias prévios ao surgimento dos sintomas iniciais, e que manifeste pelo menos um destes sintomas:
- Sensação de fraqueza (astenia);
- Dor de costas;
- Febre súbita, com temperatura corporal igual ou superior a 38,0 ºC;
- Dores musculares (mialgias);
- Dores de cabeça (cefaleias).
2. Manifestação de sintomas suspeitos
A partir do dia 1 de janeiro de 2022, consideram-se suspeitas de infeção todas as pessoas que apresentem os seguintes sintomas (de surgimento súbito) e cuja causa não pode ser atribuída a outros problemas de saúde, isto é, excluídas outras hipóteses: erupções cutâneas vermelhas (exantema macular, papular, vesicular ou pustular generalizado ou localizado) e/ou queixas anogenitais (incluindo úlceras).
Além disso, com estes sintomas, podem ainda coexistir pelo menos um dos abaixo indicados:
- Febre súbita, com temperatura corporal igual ou superior a 38,0 ºC;
- Dores musculares (mialgias);
- Dor de costas;
- Dores de cabeça (cefaleias);
- Sensação de fraqueza (astenia);
- Gânglios linfáticos aumentados (adenomegalias).
Quais os sintomas da infeção pelo vírus Monkeypox?
Com início repentino, esta infeção viral manifesta-se com pelo menos um dos seguintes sintomas:
- Febre, com temperatura superior a 38 ºC;
- Exantema - lesões na pele ou mucosas;
- Dores de cabeça;
- Queixas na zona anogenital, o que pode incluir úlceras;
- Dores musculares;
- Cansaço;
- Inchaço dos gânglios linfáticos (linfadenopatia), que pode tanto surgir poucos dias antes da erupção cutânea ou ao mesmo tempo.
As erupções cutâneas evoluem passando pelas seguintes fases antes de desaparecerem:
- Máculas
- Pápulas (manchas com relevo)
- Vesículas (com líquido)
- Pústulas
- Cicatrizes/crostas
Quando as crostas caem, a pessoa já não está infectante, ou seja, já não transmite a doença a outras pessoas.
Como se transmite a Monkeypox?
A transmissão da infeção pode ocorrer de várias formas e com diferentes graus de probabilidade de contágio.
Devido a uma maior exposição, quem tem um contacto considerado de proximidade com uma pessoa infetada é quem apresenta maior risco de contrair a doença. São essas situações:
- Parceiros sexuais;
- Pessoa que vivem na mesma habitação;
- Cuidadores, que não utilizem equipamento de proteção individual adequado;
- Profissionais de saúde nas seguintes situações: ausência de uso de equipamento de proteção individual adequado ao nível de exposição; ferimentos provocados por objetos cortantes que tenham sofrido exposição a fluidos corporais de um doente infetado; e pessoas que trabalhem em laboratório e que tenham sido acidentalmente expostas a amostras do vírus sem que estejam a usar equipamento de proteção individual adequado.
Este vírus pode entrar no corpo humano através de:
- Fissuras na pele, mesmo que estas não sejam visíveis aos nossos olhos
- Trato respiratório
- Membranas mucosas (olhos, nariz e boca)
O que fazer em caso de suspeita de infeção ou diagnóstico confirmado?
Os casos suspeitos desta doença devem ser isolados e testados, de modo a prevenir a infeção de outras pessoas.
Habitualmente, a infeção é autolimitada em semanas - a maioria dos doentes recupera em 2-4 semanas - e o seu tratamento é sintomático (isto é, tem como objetivo o alívio dos sintomas). Além da emissão de um certificado de incapacidade temporária para o trabalho, as principais medidas consistem na prevenção da infeção de outras pessoas:
- Isolamento no domicílio e distanciamento físico até que as crostas das lesões tenham caído (estima-se que ocorre entre duas a quatro semanas) ou se, perante um caso de apenas suspeita ou probabilidade de infeção, esta tenha sido excluída;
- Evitar contacto físico próximo com outras pessoas, até à queda das crostas das lesões;
- Não permanecer no mesmo local com outras pessoas com quem viva e que se insiram nos seguintes grupos: crianças pequenas, grávidas e imunodeprimidos;
- Lavar e/ou higienizar das mãos com regularidade;
- Não partilhar objetos e utensílios, como vestuário e roupa de cama ou de banho, nem superfícies do domicílio;
- Lavar a roupa e outros têxteis com água quente e detergentes, a uma temperatura superior a 60⁰ C, utilizando um ciclo de lavagem prolongado;
- Higienizar as superfícies duras com detergentes com cloro, deixando secar ao ar;
- Evitar manter contacto próximo com animais domésticos e outros animais, especialmente roedores;
- Perante a necessidade de deslocação a uma unidade de saúde, o doente deve usar máscara e cobrir o mais possível as lesões cutâneas com a roupa.
Além disso, pessoas com infeção confirmada devem alertar os contactos próximos com quem estiveram, a contar do momento em que começaram a manifestar sintomatologia, para que estejam atentos a possíveis sinais e sintomas. Se esses mesmos contactos desenvolverem sintomatologia, devem implementar as medidas acima referidas e procurar cuidados de saúde, nomeadamente através do SNS 24.
No caso das grávidas, uma vez confirmada a infeção, deverão ser acompanhadas em Consulta de Alto Risco Obstétrico.
Vacina da Monkeypox: quem deve tomar?
Existe uma vacina disponível contra a Monkeypox, que consiste numa vacina de terceira geração (ou seja, feita a partir de material genético, como ADN ou RNA) contra a varíola.
De um modo geral, a vacina que previne a infeção pelo vírus Monkeypox deve ser aplicada em dois casos específicos: numa situação de pós-exposição, em que ocorreu um contacto de proximidade com uma pessoa com a infeção confirmada; e em situações preventivas, em pessoas pertencentes a grupos considerados de risco acrescido.
Atualizado a 20/08/2024
Centers for Disease Control and Prevention, maio de 2022
Direção-Geral da Saúde, maio e setembro de 2022
European Centre for Disease Prevention and Control, maio de 2022
National Health Service, maio de 2022
SNS 24, agosto de 2024