O que é?

A clamídia genital é uma infeção causada pela bacteria Chlamydia Trachomatis.

É, juntamente com as infeções pela bactéria Neisseria Gonorrhoeae, uma das doenças de transmissão sexual mais frequentes e a sua incidência tem vindo a aumentar. Considerando que muitos dos casos são assintomáticos, é provável que a sua ocorrência seja ainda mais elevada do que se pensa. Nos Estados Unidos da América, estima-se o aparecimento de cerca de 2,8 milhões de novos casos todos os anos. Num estudo realizado em Portugal, verificou-se uma prevalência global de infeção de cerca de 3%, com um predomínio no género masculino (83,3%).

Sintomas

Alguns dos tipos de Chlamydia causam infeções genitourinárias e, se transmitidos durante a gravidez, podem causar conjuntivite ou pneumonia no recém-nascido. Outros provocam uma lesão genital conhecida como linfogranuloma venéreo, mais comum em países tropicais.

Nos homens, a infeção genital é habitualmente assintomática. Os indícios podem ser dor ou sensação de queimadura inespecíficas no períneo ou testículos ou corrimento uretral. Pode ainda ocorrer ardor ao urinar e surgir outras manifestações como epididimite, prostatite ou proctite. Também é possível aparecer a síndrome de Reiter, definida pela presença de artrite, conjuntivite e uretrite.

Nas mulheres, é também frequente a infeção não causar quaisquer sintomas. Em cerca de 20% surgem sintomas como corrimento, ardor e micções mais frequentes. Pode também ocorrer uretrite ou cervicite. Em algumas pacientes, surge a doença inflamatória pélvica, que se pode complicar sob a forma de infertilidade, gravidez ectópica ou oclusão das trompas.

No linfogranuloma venéreo a lesão primária surge no local de contacto com o microrganismo. Algumas semanas depois surge um gânglio inflamado e aumentado de volume (adenopatia, habitualmente unilateral). Estes podem crescer formando uma placa com tendência a ulcerar e com a possibilidade de cicatrizar provocando inchaço no membro atingido.

Causas

A clamídia genital é transmitida por via sexual, sendo a doença de contágio sexual mais comum nos Estados Unidos. As pessoas sexualmente ativas e, sobretudo, as que têm diversos parceiros sexuais apresentam um risco mais elevado de contraírem esta patologia.

A infeção pode associar-se a complicações urológicas e genitais, infertilidade, artrites e a um risco três a seis vezes mais elevado de transmissão de HIV. Como tal, a sua identificação e tratamento são muito importantes.

Diagnóstico

A suspeita de uma infeção é frequentemente baseada em sintomas clínicos. Os métodos laboratoriais de amplificação (PCR, LRC) são os melhores procedimentos diagnósticos. Este processo é usado por rotina em muitos laboratórios. Até recentemente a cultura bacteriana era considerada padrão. Esta técnica requer, habitualmente, a colheita de uma amostra do corrimento uretral no homem ou das secreções cervicais na mulher. Mas existem outros testes laboratoriais disponíveis.

Tratamento

Com os antibióticos doxiciclinaou ou azitromicina. Como alternativa, pode-se administrar ofloxacina ou eritromicina durante sete dias. A terapêutica do linfogranuloma venéreo requer um tratamento mais prolongado, durante pelo menos três semanas. É importante que a medicação seja extensiva aos parceiros sexuais da pessoa com clamídia, caso contrário a infeção tenderá a repetir-se e a perpetuar-se. Quando há um diagnóstico precoce, o prognóstico é favorável, uma vez que os antibióticos são muito eficazes e as complicações referidas muito raras.

Prevenção

A prevenção requer um rastreio laboratorial anual para todas as mulheres sexualmente  ativas com idade superior a 25 anos ou com novos parceiros sexuais. O uso de preservativo é uma forma eficaz de prevenir esta infeção.

Fontes

U.S. National Library of Medicine, Julho 2010

HIV Medicine, 2006

Rita Guedes e col., Infecção Por Clamídia Trachomatis e Neisseria Gonorrhoeaee em Utentes de uma Consulta de Doenças de Transmissão Sexual - Análise de Dez Anos., SPDV 70(1) 2012; 91-9

Doenças relacionadas