O que é?

Corresponde a uma zona de fraqueza da parede abdominal que permite que parte do intestino ou de outro órgão, nesta cavidade, faça saliência para o exterior.

As hérnias umbilicais são uma das formas comuns no abdómen bem como as inguinais que ocorrem na zona da virilha. Outra forma é a incisional que surge na zona onde foi feita uma incisão cirúrgica.

Estima-se que cerca de 10% da população possa desenvolver um tipo de hérnia ao longo da sua vida. Nos Estados Unidos da América realizam-se cerca de meio milhão de cirurgias todos os anos. Mesmo em Portugal, é uma das mais frequentes.

As hérnias inguinais são mais comuns no homem e as hérnias umbilicais predominam no género feminino. Como regra, a sua incidência aumenta com a idade.

Sintomas

Deteção de uma saliência por baixo da pele, em regra indolor, mas que pode causar desconforto e tornar-se mais evidente durante atividades que impliquem esforço, como tossir. A hérnia tende a atenuar-se ou a desaparecer na posição deitada. Os sintomas dependem do órgão que se introduziu na parede abdominal. Para além do intestino, uma hérnia pode conter a bexiga, o cólon ou nervos ocorrendo manifestações diferentes do foro urinário ou sexual.
Nas fases iniciais é possível reduzi-la, ou seja, empurrar o seu conteúdo para o interior da cavidade abdominal. Quando ela se torna maior pode ficar encarcerada, e já não é possível reduzi-la.

Se o fluxo sanguíneo for interrompido, ocorre estrangulamento que se manifesta por dor, náuseas, vómitos e paragem dos movimentos intestinais com obstipação. Nesse caso, a pele sobre a hérnia fica vermelha, com sinais inflamatórios marcados. Pode ocorrer febre. Na forma estrangulada é uma emergência cirúrgica porque o intestino ou outro órgão pode entrar em fase de necrose, causando uma inflamação potencialmente fatal da cavidade abdominal, designada por peritonite.

Causas

As mais comuns são a obesidade, a gravidez, as atividades como levantar pesos, a tosse crónica (que ocorre em doenças como a fibrose quística ou as infeções crónicas dos pulmões), a obstipação, o género masculino, a existência de antecedentes familiares e a realização de cirurgia abdominal.

Todos estes fatores, ou pelo aumento da pressão ou pela fraqueza da parede abdominal, aumentam o risco de desenvolvimento de uma hérnia abdominal.

Diagnóstico

Para além do exame médico, a radiografia simples do abdómen pode ser muito útil. A ecografia e a tomografia axial computorizada são igualmente importantes para o seu diagnóstico.

Tratamento

Nas hérnias de pequena dimensão, o tratamento passa por evitar atividades que impliquem esforço, como levantar pesos ou outro tipo de exercícios violentos. O uso de uma cinta ajuda a reforçar a zona da parede abdominal enfraquecida.

De um modo geral, a intervenção cirúrgica está indicada quando a hérnia provoca dor ou desconforto significativo. A cirurgia realizada designa-se por herniorrafia e corresponde ao encerramento da zona mais frágil da parede muscular. Quando essa região é extensa, utilizam-se materiais sintéticos que reforçam as estruturas enfraquecidas.

Prevenção

Com uma postura adequada sempre que se levantam objetos pesados, mantendo um peso saudável e um normal trânsito intestinal (evitando a obstipação mediante uma boa ingestão de fluidos e de fibras e evitando reter durante demasiado tempo o estímulo para evacuar os intestinos). O exercício físico regular é igualmente importante, ajudando a reforçar os músculos abdominais e a controlar o peso.

Fontes

JAMA Patient Page, Maio, 2011

Kimberly McCrudden e col., Abdominal Hernias, Medscape Reference, Maio 2013

University of Maryland Medical Center, Outubro 2012

António José Neto e col., Hérnias da Parede Abdominal. Organizar para Melhorar, Revista Portuguesa de Cirurgia, 15, Dezembro de 2010: 15-21

Bupa Health Information Team, Fevereiro de 2012