Laparoscopia

Cirurgia Minimamente Invasiva

O que é?

A laparoscopia é uma técnica cirúrgica mini-invasiva que permite fazer procedimentos cirúrgicos na cavidade abdominal e pélvica. Quando aplicada ao tórax é chamada toracoscopia.

Na atualidade a maioria dos procedimentos da cirurgia geral podem ser executados pela técnica laparoscópica. É uma técnica cirúrgica mais moderna e menos invasiva do que a cirurgia convencional, que realiza pequenas incisões (com cerca de cinco milímetros) e utiliza para esse fim um laparoscópio (uma câmara de alta resolução acoplada a um cabo de fibra ótica), que permite ao cirurgião visualizar no ecrã os diferentes órgãos.

A laparoscopia tem por definição: ser menos agressiva, condicionar menos dor, permitir recuperação pós-operatória mais rápida, implicar internamento mais curto e, assim o cliente estar apto para as atividades pessoais, familiares, sociais e profissionais mais precocemente.

Foi em 1989, na Europa, que se realizou a primeira colecistectomia pela técnica laparoscópica. Em Portugal ocorreu em 1991.

Vantagens

A laparoscopia é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva, que apresenta claros benefícios quando comparada com a cirurgia aberta convencional, nomeadamente:

  • menor trauma cirúrgico
  • menor risco de hemorragia intra operatória e de infeção
  • menos dor no pós-operatório

 O tempo de internamento é significativamente mais curto (1 a 2 dias), mesmo em situações de cirurgias mais alargadas, podendo alguns procedimentos serem realizados em regime de ambulatório (com alta no próprio dia da intervenção).

Este tipo de cirurgia permite também uma recuperação pós-operatória mais rápida, e o regresso mais precoce às atividades habituais e ao trabalho.

Apresenta ainda um inquestionável benefício estético, pois na laparoscopia as cicatrizes são de muito reduzidas dimensões (5 a 10 mm).

Técnica

A técnica laparoscópica aproveita a tecnologia das fibras óticas com a vídeo-câmara e uma fonte de luz para visualizar as estruturas anatómicas intra abdominais. Para que tal seja possível é necessário criar um espaço intra abdominal com o pneumoperitoneu (através da insuflação de dióxido de carbono dentro da cavidade peritoneal).

O procedimento cirúrgico através da laparoscopia utiliza pequenas incisões (tamanho aproximado de 5 a 12 mm) através da parede abdominal/pele. De acordo com a cirurgia a realizar estas incisões são de 3 a 6.

Por vezes para remover a "peça operatória - órgão doente" é necessário fazer uma incisão maior que por motivos estéticos elegemos a região abaixo do umbigo/supra púbico.

A laparoscopia exige sempre anestesia geral, no entanto, não altera a possibilidade de internamento curto e potencial alta até às 24 horas.

Procedimentos

A laparoscopia é frequentemente utilizada nos seguintes procedimentos cirúrgicos:

  • Correção da doença de refluxo gastro-esofágico/hérnia do hiato
  • Correção da acalásia
  • Cirurgia da obesidade
  • Colecistectomia - Ex.: cirurgia da litíase da vesícula biliar
  • Esplenectomia - cirurgia do baço
  • Cirurgia do intestino delgado - Ex.: Doença de Crohn
  • Cirurgia do apêndice - apendicectomia
  • Cirurgia do cólon e reto - neoplasia cancro do cólon e reto, pólipo do cólon e doença diverticular
  • Laparoscopia de diagnóstico - para biópsias, Ex.: hepática ou de gânglios linfáticos
  • Laparoscopia de estadiamento oncológico
  • Cirurgia ginecológica - cirurgia dos ovários, trompas e/ou útero. Ex.: cirurgia da endometriose
  • Cirurgia da parede abdominal - tratamento de hérnias
  • Cirurgia das glândulas suprarrenais

 

 Esta técnica também pode ser utilizada noutros procedimentos, nomeadamente:

  • Cirurgia do estômago - gastrectomia
  • Cirurgia do pâncreas e fígado
  • Cirurgia urológica

 

A realização da laparoscopia nas melhores condições implica blocos operatórios equipados com tecnologia moderna, equipas cirúrgicas competentes e experientes com treino adequado sendo o papel do cirurgião decisório.

Candidatos

Quase todas as pessoas podem ser candidatos a uma laparoscopia, mas genericamente existem contraindicações, como: alterações da coagulação sanguínea, doenças hepáticas graves, problemas cardiopulmonares graves e/ou múltiplas cirurgias abdominais anteriores.

E situações particulares específicas da doença e do doente cuja decisão de fazer o procedimento deve ser do cirurgião.

Por vezes a cirurgia laparoscópica é convertida - isto é, o cirurgião decide converter a cirurgia em laparotomia (incisão da pele maior), as razões podem ser técnicas ou anatómicas, mas têm sempre como desígnio o melhor para o doente.

Outras cirurgias

L.E.S.S.

A técnica cirúrgica abdominal por porta única - também dita L.E.S.S. ou cirurgia sem cicatrizes - é por excelência uma abordagem técnica mini invasiva. É diferente da laparoscopia convencional na medida em que utiliza uma única pequena porta/incisão dentro do umbigo. Esta técnica implica alguns instrumentos e dispositivos específicos, sendo que a experiência atual está limitada a alguns procedimentos cirúrgicos (como, por exemplo, acolecistectomia e alguns procedimentos cirúrgicos para doenças do cólon e obesidade).

 

T.EM., T.E.O. e T.A.M.I.S.

As cirurgias transanais - designadas por T.E.M. (Transanal Endoscopic Microsurgery), T.E.O. (Transanal Endoscopic Operations) ou TAMIS (Trans Anal Minimally Invasive Surgery) - são por primazia técnicas cirúrgicas mini-invasivas. Permitem excelentes resultados no tratamento cirúrgico de algumas lesões do canal anal e reto, nomeadamente de pólipos e tumores/cancros.