Tratamentos e reabilitação da surdez

Depois de identificadas as características da surdez e a sua etiologia é possível estabelecer uma estratégia para tentar solucionar essa surdez ou, se isso não for possível, minimizar a sua influência na vida diária.

As opções terapêuticas na surdez podem ser diversas e, como se compreende, estarão relacionadas com a etiologia subjacente e com a gravidade/grau dessa surdez.  

 

No caso de surdez de transmissão o objetivo do tratamento passa por remover o obstáculo à propagação da onda sonora. Pode incluir a remoção de cerúmen, terapêutica antibiótica para tratamento de infeções, a eliminação de líquido contido dentro do ouvido médio por terapêutica médica ou cirúrgica (tão frequente na infância), a otimização do funcionamento da trompa de Eustáquio, a correção cirúrgica de uma perfuração timpânica e até mesmo a remoção e substituição de um ossículo do ouvido médio por uma prótese.

 

No caso da surdez neurossensorial a situação é um pouco diferente, pois não existe um obstáculo físico à propagação do som; existe sim uma perda de função das células ciliadas da cóclea e/ou das fibras do nervo auditivo. Neste caso podemos através de algumas estratégias tentar minimizar esta disfunção.

Uma variedade de intervenções simples pode aumentar significativamente a capacidade de perceber a fala – principal queixa dos doentes com surdez neurossensorial. O primeiro passo crítico é eliminar ou reduzir ruídos não necessários (por exemplo, rádio ou televisão) para aumentar a relação sinal/ruído. A compreensão é também incrementada através da leitura labial, sendo importante uma posição frontal entre quem ouve e quem fala. O discurso deve ser lento, embora se demasiado lento pode induzir distração e perda de contexto.

 

Em pessoas com perda auditiva a amplificação pode também ajudar a ultrapassar algumas dificuldades. A amplificação é conseguida pelo uso de próteses auditivas. Se anteriormente eram sinónimo de estigma social, hoje pelas inúmeras configurações e tamanhos, quase passam despercebidas. A escolha será baseada na melhor resposta de acordo com as características da surdez. A maioria dos aparelhos é digital, permitindo a sua programação para cada indivíduo. Para além disso, a existência de microfones múltiplos e direcionais ajudam os indivíduos no ruído envolvente.

Em caso de perda auditiva mais grave ou quando a amplificação oferecida pelas próteses auditivas não é adequada, existem outras opções. Referimo-nos aos implantes ativos de ouvido médio e de condução óssea e aos osteointegrados, os quais proporcionam aos seus utentes uma melhor discriminação da fala, principalmente em ambiente ruidoso.

 

  • Nas situações nas quais estas ajudas não resultam por a perda auditiva ser muito acentuada, temos os implantes híbridos (que associam no mesmo aparelho uma prótese auditiva convencional e um implante coclear) e os implantes cocleares.  
  • O implante coclear é uma prótese auditiva implantável que converte a energia sonora em sinais elétricos que vai estimular as fibras do nervo auditivo, já que as células ciliadas não estão funcionantes.
  • Finalmente, quando não existe nervo auditivo ou a cóclea está ossificada, poderemos recorrer ao implante de tronco cerebral o qual vai estimular diretamente a via auditiva central.

 

São assim várias as opções terapêuticas para a surdez. A escolha será feita individualmente e de acordo com as necessidades e especificidades de cada caso.