O que é?

A vagina é um ecossistema dinâmico que evolui no decurso da vida da mulher e é influenciada pelas hormonas, atividade sexual e reprodutiva. O pH da vagina na pré-menarca até à puberdade é quase neutro (pH 7.0). Na adolescência, pela influência dos estrogénios, há um aumento da espessura do epitélio escamoso vaginal, com concomitante aumento nos níveis de glicogénio. Este aumento faz com que flora predominante sejam lactobacillus e o pH cai para menos de 4.5. Nas mulheres saudáveis este pH baixo, mantém-se até à menopausa, quando o epitélio fica mais fino e o pH da vagina sobe para valores superiores a 6.0.

Os lactobacillus existem em número elevado na vagina normal,  mais de 10 milhões de organismos por grama de líquido vaginal. Os anaeróbios, estreptococos ou estafilococos existem em menores números. As mulheres com lactobacillus em número elevado são menos colonizadas por outras infeções como Gardnella vaginallis, micoplasmas, e anaeróbios, assim como têm menos vaginose bacteriana ou outras doenças sexualmente transmissíveis, além de terem gravidezes mais saudáveis. Nas mulheres com HIV, mas com elevado número de lactobacillus, existe menor disseminação do vírus nas secreções.

Os sintomas vaginais são a principal causa de consulta de ginecologia e de atendimento de urgência. Tem havido pouca evolução na capacidade de diagnóstico e tratamento efetivo das vaginites.

Sintomas

Os seus sintomas podem variar dependendo do que causa a infeção ou a inflamação. Algumas das manifestações mais comuns são:

  • Corrimento vaginal anormal com odor desagradável
  • Sensação de queimadura fora da vagina durante a micção
  • Prurido ao redor da vagina
  • Desconforto durante as relações sexuais

Causas

A vaginose bacteriana é a principal causa de secreção anormal “leucorreia”, seguida das candidíases vulvovaginais e das tricomoniases (mas menos frequentes). A vaginite inflamatória descamativa de etiologia desconhecida está na origem da vaginite purulenta. As causas não infecciosas incluem a falta de estrogénios (pós parto ou pós menopausa) ou vaginites alérgicas.

 

Vaginose bacteriana

É provavelmente o resultado de interações complexas entre muitas espécies de bactérias, modificadas por respostas do hospedeiro. A Gardnella vaginallis foi identificada nas mulheres com vaginose bacteriana. Cerca de 50% das pacientes assintomáticas com pH normal estão colonizadas com esta bactéria.

Prevalência: 29,5% têm vaginose bacteriana.

Sintomas: A vaginose sintomática cobre 60% de todos os casos de secreção vaginal aumentada, com mau cheiro.

Fatores de risco: O acontecimento que leva à mudança para o predomínio anaeróbio que caracteriza a vaginose é desconhecido, mas a atividade sexual pode ser um fator, pelo menos nalgumas mulheres. Acontece nas que têm novos ou vários parceiros sexuais e também entre homossexuais. O preservativo protege contra a doença.

Tratamento: Como o fator causal é desconhecido, o tratamento tenta reduzir o peso destes anaeróbios e melhorar os sintomas de secreção vaginal aumentada e com cheiro. A terapêutica habitual é com metronidazol oral ou vaginal ou com clindamicina. Ambos são recomendados na vaginose bacteriana na gravidez, por via oral. É importante referir ao médico assistente a existência desta secreção anormal na gestação para que seja prescrita uma terapêutica adequada que previna complicações obstétricas. Os tratamentos são eficazes embora haja um grande número de recorrências: de 11% a 29% aos três meses. A utilização bissemanal de metronidazol vaginal é eficaz na prevenção da vaginose.

Diagnóstico

A história clínica detalhada, particularmente em relação a infeções sexualmente transmissíveis anteriores e a hábitos sexuais é fundamental para a orientação do diagnóstico. O exame pélvico avalia a inflamação e eventual corrimento vaginal. Por vezes, uma amostra é colhida para determinar a causa da inflamação. A origem da vaginite pode ser diagnosticada verificando a aparência do líquido vaginal, os seus níveis de pH e a deteção microscópica de células específicas.

Tratamento

O tratamento depende da causa. Pode incluir esteroides tópicos aplicados na pele, antibióticos tópicos ou orais, antifúngicos ou cremes antibacterianos. A vaginite bacteriana geralmente é tratada com antibióticos, como metronidazol ou clindamicina.  Os medicamentos usados para tratar uma infeção fúngica incluem butoconazol e clotrimazol. Outras opções incluem: cortisona em creme para tratar irritações graves e anti-histamínicos, se a inflamação parece resultar de uma reação alérgica; o creme tópico de estrogénio também é aconselhado, se a vaginite for devida a baixos níveis desta hormona.

Se uma mulher estiver grávida deve informar o médico porque a vaginite pois algumas opções de tratamento podem não ser adequadas.

Prevenção

As seguintes práticas podem ajudar a preveni-la:

  • Boa higiene geral
  • Usar sabonetes suaves sem agentes irritantes ou aromas
  • Vestir roupa interior de algodão
  • Evitar sprays de higiene e outros produtos femininos
  • Limpar-se da frente para trás para evitar a propagação de bactérias do ânus para a vagina
  • Vestir roupas largas
  • Usar preservativos
  • Tomar antibióticos só quando for necessário
Fontes:

Cleveland Clinic

Medical News Today

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