O que é?

As valvulopatias correspondem a doenças que afetam as válvulas cardíacas, impedindo a sua abertura e/ou o encerramento adequados. Existem quatro (aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar) e todas elas podem apresentar anomalias que se manifestam de modo diferente. As valvulopatias que afetam a aórtica e a mitral são as mais importantes, pelo seu impacto no organismo.

A função das válvulas cardíacas é a regulação do fluxo sanguíneo entre as várias cavidades do coração e os vasos principais. Como tal, elas são essenciais para um correto funcionamento de todo o sistema cardiovascular.

Sintomas

As valvulopatias podem ser assintomáticas durante longos períodos de tempo. Os sintomas fundamentais são a sensação de falta de ar, a dor torácica e a síncope (desmaio). Estes indícios tendem a ser mais evidentes após a realização de esforços que aumentam o fluxo sanguíneo. Podem ainda causar arritmias, com sensação de palpitações, e quando a causa é uma endocardite, surge febre.

Se a doença não for tratada, pode ocorrer um enfarte do miocárdio, um acidente vascular cerebral, formação de coágulos sanguíneos ou morte súbita por paragem cardíaca.

Causas

As causas mais comuns da valvulopatia são a febre reumática, na sequência de uma infeção estreptocócica, e as formas degenerativas. Estas têm vindo a aumentar de frequência, acompanhando o aumento da esperança de vida das populações. Uma vez que abrem e fecham cerca de 60 vezes por minuto, ao fim de 70 anos terão realizado esse movimento mais de dois mil milhões de vezes, o que explica o seu envelhecimento, endurecimento e calcificação. São igualmente comuns as malformações congénitas. As endocardites, que correspondem a processos infeciosos das válvulas, são também habituais e podem ocorrer, por exemplo, após um tratamento dentário durante o qual entram em circulação microrganismos que se depositam nas válvulas, sobretudo se estas apresentarem alterações estruturais. Um traumatismo pode também causar uma valvulopatia. A doença coronária, a hipertensão arterial, os aneurismas, alguns tumores são outras origens possíveis, bem como o uso de drogas e a exposição a radiações.

Diagnóstico

O exame médico é aqui muito importante e a auscultação cardíaca permite detetar muitos casos de valvulopatia. O ecocardiograma permite uma melhor definição da doença e da sua gravidade, sendo importante para a estratégia terapêutica. Também pode ser útil a realização de um eletrocardiograma simples ou de esforço e, nalguns casos, uma cateterização cardíaca.

Tratamento

Não existe nenhum medicamento que possa tratar uma valvulopatia. Contudo, a adoção de um estilo de vida saudável e o uso de alguns fármacos podem aliviar os sintomas e prevenir complicações. Consoante o caso clínico, pode estar recomendada a utilização de antibióticos, anticoagulantes, além de medicamentos para controlar a pressão arterial.

Já o tratamento cirúrgico da valvulopatia consiste na reparação da válvula ou na sua substituição por uma prótese valvular (sintética ou biológica). Nalguns casos, é possível realizar a sua dilatação mediante a introdução de um cateter, sem necessidade de cirurgia.

Prevenção

É importante tratar qualquer amigdalite que dure mais do que 48 horas,
sobretudo se acompanhada de febre. Nestes casos, o uso de um antibiótico
pode prevenir o desenvolvimento de febre reumática e consequente lesão das
válvulas cardíacas. O controlo da pressão arterial, da diabetes e da
aterosclerose é igualmente essencial.

Deve-se evitar fumar, consumir moderadamente bebidas alcoólicas, manter
uma dieta equilibrada, pobre em sal e gorduras, realizar regularmente exercício
físico e manter um peso saudável.

Fontes

Fundación Española del Corazón, 2012

National Institutes of Health, Department of Health and Human Services,
Novembro de 2011

Cleveland Clinic, 2010

American Heart Association, 2014

The Johns Hopkins University, 2013