Como cuidar da visão das crianças

Os problemas de visão podem afetar silenciosamente bebés e crianças, pelo que é essencial que os pais e educadores sejam capazes de reconhecer potenciais sinais de alerta e procurar avaliação médica de forma atempada.

 

Ver o mundo através dos olhos de uma criança pode parecer um cenário idílico do ponto de vista metafórico, mas no campo literal a visão dos mais novos nem sempre é perfeita. Muitas vezes, cabe aos pais e educadores perceber se algo está errado.

 

“O desenvolvimento da visão decorre, sensivelmente, até aos 8 anos de idade”, explica Madalena Monteiro, Oftalmologista Pediátrica no Hospital CUF Coimbra. “Muitos problemas neste campo só são detetados quando a criança entra na escola primária, por volta dos 6 anos. Se apenas diagnosticarmos a doença nessa altura, muitas vezes já é tarde.” Por outras palavras, uma doença oftalmológica na criança pode passar despercebida caso esta não seja levada a uma consulta na altura certa.

 

E qual é a altura certa? “Se não houver qualquer suspeita da existência de um problema, a criança pode ir à primeira consulta de Oftalmologia entre o primeiro e o segundo anos de vida. “Se estiver tudo bem nessa altura, a criança pode ser novamente avaliada aos 4 anos e posteriormente aos 6 anos, quando entra na escola primária.” A Oftalmologista Pediátrica acrescenta, contudo, que “se existirem sintomas antes destes momentos, devem procurar logo uma avaliação médica”.

Visão das crianças

A primeira consulta de uma criança consiste essencialmente em verificar se os meios oculares estão transparentes, se existe algum erro refrativo ou estrabismo e se os movimentos dos olhos são normais. É ainda avaliada a estrutura anatómica do globo ocular. Numa fase posterior é importante manter uma rotina de vigilância, uma vez que, de acordo com Madalena Monteiro, “o olho da criança está a crescer e o estado refrativo do olho – isto é, a necessidade ou não de uso de óculos – altera-se e é preciso verificar se continua tudo bem”.

 

Optar por consultar um especialista em Oftalmologia Pediátrica faz toda a diferença, garante a profissional da CUF, não só porque o olho da criança é diferente do olho do adulto, mas sobretudo porque as exigências ao nível da consulta também são outras. “Uma criança que vai pela primeira vez a uma consulta de Oftalmologia vai com medo. Não sabe o que esperar”, explica a médica. “Temos de ir brincando com ela para captar a sua atenção e ganhar a sua confiança, de modo a que colabore connosco. Além de que o que é normal num adulto nem sempre o é numa criança. E vice-versa.”

Visão das crianças (2)

AS MAIS COMUNS DOENÇAS DOS OLHOS

 

Erros refrativos

Ocorrem quando os raios de luz não convergem na região certa da retina, causando visão desfocada. As tipologias mais comuns são miopia, astigmatismo e hipermetropia.

 

Estrabismo

Consiste numa alteração do alinhamento ocular que resulta na impossibilidade de os dois olhos fixarem o mesmo ponto ou objeto ao mesmo tempo.

 

Conjuntivite alérgica

Verifica-se quando a membrana que reveste a superfície da córnea e a parte interior das pálpebras fica inflamada devido a uma reação alérgica. Os olhos ficam vermelhos e surgem sintomas como comichão e lacrimejo.

 

Obstrução do canal nasolacrimal

Mais frequente nos bebés, traduz-se na obstrução do canal responsável por drenar as lágrimas para o nariz e para a garganta, deixando-as acumuladas nos olhos e provocando um lacrimejar constante.

 

POTENCIAIS CONSEQUÊNCIAS DE DIAGNÓSTICOS TARDIOS

 

• Perda de visão (“olho preguiçoso”)

• Diminuição da velocidade de leitura

• Dificuldades de aprendizagem

• Desinteresse por tarefas criativas ou minuciosas

• Desenvolvimento de estrabismo

• Impossibilidade de cura (após os 8 anos de idade)

• Maior risco de acidentes na idade adulta

SINAIS DE ALERTA

• A criança coça excessivamente os olhos

• A criança aproxima demasiado o rosto de livros, televisão ou aparelhos eletrónicos

• A criança não tem interesse em ler, desenhar ou pintar

• A criança tropeça com frequência ou bate nas esquinas dos móveis

5 DICAS PARA PROTEGER A VISÃO DOS MAIS NOVOS

  1. Evitar o uso excessivo de tablets e telemóveis (está comprovado que os ecrãs induzem miopia)
  2. Passar pelo menos duas horas por dia ao ar livre, pois a luz natural é importante para a saúde ocular
  3. Iluminar adequadamente o local de estudo
  4. Evitar debruçar-se sobre os livros ou a secretária
  5. Lavar a cara e os olhos de forma regular e adequada

 

 

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Publicado a 19/05/2023