Quando a casa é o hospital
A CUF também tem vindo a investir em novos modelos de proximidade que garantem, igualmente, cuidados de saúde mais personalizados, flexíveis e ajustados às necessidades e expectativas de doentes e cuidadores. Foi neste âmbito que foram reforçados os Cuidados Domiciliários e criada a Unidade de Hospitalização Domiciliária, em junho de 2020.
“Atualmente, as casas são autênticos centros de decisão. Fazemos muita coisa a partir de casa, por isso porque não haveríamos de poder ser tratados em casa?”, questiona Pedro Correia Azevedo, Diretor Clínico dos Serviços Domiciliários CUF. Também neste caso as duas soluções têm um caráter complementar, já que um doente que tenha alta da Hospitalização Domiciliária pode ter indicação para continuar nos Cuidados Domiciliários e, por sua vez, caso se agudizem, doentes dos Cuidados Domiciliários podem ter indicação para passar para Hospitalização Domiciliária.
“A Unidade de Hospitalização Domiciliária garante o internamento de doentes agudos ou crónicos agudizados numa realidade em que, se não tivessem essa oportunidade, teriam de permanecer numa cama hospitalar. Neste momento, esta Unidade da CUF já representa mais de 3.700 dias de internamento”, refere o responsável. Sendo de admissão voluntária, o internamento feito através da Unidade de Hospitalização Domiciliária CUF obedece a critérios objetivos, que passam pela avaliação de condições clínicas, sociais e geográficas de cada doente. Do ponto de vista clínico, “entre alguns dos diagnósticos elegíveis para a Hospitalização Domiciliária podem estar insuficiência cardíaca, infeções respiratórias ou antecipação de alta hospitalar para doentes cirúrgicos”, explica Pedro Correia Azevedo.
Sendo um tipo de serviço com múltiplas vantagens – desde redução de infeções ou de quadros de desorientação a um maior conforto emocional –, é também uma opção que requer um maior envolvimento das famílias. “O cuidador ou a família acabam por ser um parceiro da equipa de saúde”, admite Pedro Correia Azevedo, o que também acaba por ser benéfico ao nível da literacia em saúde e da capacitação dos cuidadores. Por outro lado, a estabilidade emocional garantida por se ser tratado em casa influi positivamente na recuperação do doente. Pedro Correia Azevedo dá o exemplo das pessoas diagnosticadas com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC): “São doentes que agudizam com muita frequência, mas que quando são internados em casa têm menos dias com falta de ar e recuperam melhor.”
"Fazemos muita coisa a partir de casa, por isso porque não haveríamos de poder ser tratados em casa?"
Neste momento, a Unidade de Hospitalização Domiciliária está presente na zona da Grande Lisboa, existindo a possibilidade de internar doentes através do Hospital CUF Tejo, Hospital CUF Descobertas, Hospital CUF Cascais e Hospital CUF Sintra. Em breve chegará ao Norte do país, estando previsto o arranque de um projeto-piloto no Hospital CUF Porto até ao final do ano. “Além dos critérios clínicos do doente e dos critérios sociais, como a garantia da presença de um cuidador, de um telemóvel e de boas condições de higiene, existe também o critério geográfico: que nos garanta um raio de ação que permita não só chegar em tempo útil aos doentes mas também gerir a própria equipa ou a necessidade de ir a um hospital para efetuar algum tipo de exame ou retomar o internamento convencional”, lembra o responsável.
Já a rede de Cuidados Domiciliários é mais alargada, estando presente em todos os hospitais da rede CUF: Tejo, Descobertas, Cascais, Sintra, Torres Vedras, Santarém, Coimbra, Viseu e Porto. Num e noutro serviço há uma constante adaptação ao estilo de vida dos doentes, bem como uma personalização dos cuidados. “Dou um exemplo: hoje estive, em conjunto com a enfermagem, na sala de estar de uma doente internada em Hospitalização Domiciliária com um quadro abdominal, a orientá-la sobre qual deveria ser a sua dieta para as próximas 24 horas, com informações sobre os seus hábitos e visitas à cozinha. Isto depois de consultar um nutricionista. A personalização dos cuidados em casa são situações como esta”, garante Pedro Correia Azevedo, que destaca também o caráter integrado do serviço. “Na própria unidade há articulação entre os dois serviços: se o doente está internado e precisa de fazer fisioterapia, temos fisioterapeutas nos Cuidados Domiciliários que podem prestar cuidados aos doentes internados; por outro lado, há também a integração de cuidados com o internamento ou a vida convencional hospitalar, nomeadamente para a realização de exames. Temos uma resposta integrada.” Pedro Correia Azevedo destaca ainda a importância das novas tecnologias, e nomeadamente do recurso à telemonitorização. “São soluções integradas que nos permitem escalar a capacidade de resposta, mas que, sobretudo, aumentam a segurança do doente, com uma presença virtual perante a nossa ausência física.”
O papel da enfermagem nos serviços domiciliários
Cátia Rei, enfermeira responsável da equipa de Serviços Domiciliários da CUF, não tem dúvidas de que o tratamento em casa é benéfico para os doentes. “A qualidade de vida proporcionada pelo facto de estarem no seu meio acaba por amenizar ou evitar todas as complicações que estão associadas ao internamento, como o agravamento de um declínio cognitivo. Como resultado, os doentes mostram-se muito mais confiantes e “exercem muito mais o que é a sua vontade”. A nível técnico, os cuidados de enfermagem em nada diferem dos prestados nas unidades convencionais.
Na Hospitalização Domiciliária são realizadas duas visitas diárias e, durante a noite, existem elementos da equipa de prevenção que podem ser chamados se necessário. “Tanto o médico como o enfermeiro têm o telefone do serviço encaminhado para o telemóvel de modo a que, caso surja alguma intercorrência com os doentes, haja sempre alguém para fazer o atendimento durante as 24 horas”, explica a enfermeira.
Nos Cuidados Domiciliários também existem diferentes tipos de apoio dados pelas equipas de enfermagem. “Fazemos muitas vezes o apoio a situações de dependência ou doenças crónicas, em várias modalidades.
Os serviços prolongados – doentes que acompanhamos durante anos e que têm uma equipa e um enfermeiro de referência que lhes são afetos – e também temos a possibilidade de ter um enfermeiro em permanência em casa ou visitas de enfermagem em que são feitas avaliações diárias e é prestado apoio para alguma atividade de vida que seja necessária. A isto juntam-se pedidos pontuais”, explica Cátia Rei, para quem a simbiose existente entre os dois serviços domiciliários é uma das mais-valias destes cuidados disponibilizados pela CUF.
Fotografias de Luís Filipe Catarino (4SEE)
Conheça o testemunho de Luís Garcia e Maria de Lurdes Garcia sobre os serviços domiciliários da CUF.