Marisa Guerra
Só tenho uma meta em vista: curar-me e poder ajudar muita gente com a minha experiência.
Na primavera de 2019, Marisa Guerra, na altura com 42 anos, confirmava a suspeita de cancro da mama. Foi nas Unidades da Mama CUF, dos hospitais CUF Santarém e CUF Descobertas, que Marisa iniciava "uma vida nova".
Na primeira pessoa
Tenho 43 anos, tenho um filho de 19 anos e sou assistente técnica na Câmara Municipal de Santarém, estando neste momento a dar apoio administrativo a um vereador da Câmara com alguns pelouros, nomeadamente a Juventude, não fosse eu uma jovem!
Um dia estava na esteticista a ler uma entrevista da atriz Sofia Ribeiro, que teve cancro na mama, e onde ela falava na importância da palpação mamária.
No dia seguinte, fiz a palpação e senti qualquer coisa estranha na mama esquerda, mas como até então nunca tinha feito a palpação e tenho mamas densas, desvalorizei. Como anualmente vou ao ginecologista e faço mamografia, ecografia mamária, ecografia vaginal e abdominal, não liguei.
Tinha consulta marcada para um ginecologista a 8 de março, dia da Mulher.
Fui atendida por um médico, com cerca de 30 anos, que me fez uma coisa que nos últimos 3 anos nenhum médico tinha feito, palpação mamária e eu até estranhei.
Quando fez a palpação disse-me que não gostava da cor do mamilo que tinha uma lesão que me estava a retrair o mamilo, mas na verdade eu não observei nem observava nada. Mandou-me fazer uma ecografia mamária e uma mamografia e assim o fiz, a 22 de março.
O médico, que é muito simpático, e que já me tinha feito mamografia em anos anteriores, leu a suspeita do ginecologista e confirmou que eu tinha uma massa tumoral, mas que só com uma biópsia se podia confirmar que tipo de tumor seria. Disse-me para esperar que me queria dar o relatório no próprio dia e para que eu com alguma urgência fosse a um médico solicitar uma biópsia.
Ligaram-me da CUF Santarém a marcar a biópsia para dia 29 de março para a Dra. Inês Gouveia mais um ser humano bonito por dentro e por fora que encontrei na CUF.
Quando me fez a biópsia disse-me que pela cor dos fragmentos retirados do tumor para me preparar para o pior. E assim o fiz.
Quando a Dra. Inês me disse para me preparar para o pior pensei e penso sempre, a minha missão ainda não está cumprida, ver o meu filho independente financeiramente.
Fui à consulta com o Dr. Carlos Rodrigues, o coordenador da Unidade da Mama na CUF Santarém, porque já tinham o resultado da biópsia e assim começou uma “nova vida para mim”.
Nessa consulta o Dr. Carlos explicou-me que tinha um tumor grau 1 localizado o que eram boas notícias e que, após a reunião multidisciplinar e se eu aceitasse, me operaria na semana da Páscoa mesmo estando de férias (o que aconteceu a 18 de abril).
Marisa Guerra foi uma das oradoras do encontro sobre os desafios da mulher jovem com cancro da mama, um dos cinco organizados pela Unidade da Mama CUF, no âmbito do programa #1500razões para estarmos próximos. No hospital CUF Santarém juntaram-se mais de 100 pessoas entre profissionais, doentes, familiares e sobreviventes para ouvir falar sobre a vida e o cancro da mama.
Acordei da operação na madrugada de dia 19 de abril às 3h50 a chorar. O Dr. Carlos estava ainda na sala de recobro e veio acalmar-me dizendo que tinha corrido bem, mas infelizmente o gânglio sentinela tinha dado positivo e eu perguntei se tinha que fazer quimioterapia, ao que o Dr. Carlos respondeu afirmativamente.
E aí o que parecia não era, como diz a Dra. Sofia Braga oncologista na CUF Descobertas, tenho um tumor “sonso” parecia uma coisa e era outra.
Fui operada na quinta-feira Santa que para quem é católico é um dia Santo.
Correu tudo bem com a minha mama, que está quase igual à outra. O Dr. Carlos é um artista cirúrgico! Mas infelizmente o gânglio sentinela tinha uma macrometástase pelo que foi feito o esvaziamento da axila. O que mudou o rumo dos tratamentos. Foi-me então proposto fazer 16 sessões de quimioterapia, depois radioterapia e possivelmente 10 anos de hormonoterapia.
A 16 de maio fiz a primeira sessão de quimioterapia, correu bem, senti algumas náuseas e muito pouco apetite, mas fiz tudo normalmente. Fui levar e buscar o meu filho à escola, limpei e arrumei a casa, com um cansaço que ainda não tinha sentido aos 42 anos, mas porque sou eléctrica. Fazia umas sestinhas para recarregar as pilhas.
Aproveitei para ler que é uma coisa que me dá muito prazer.
Li muito, falei com colegas do trabalho que já passaram por situações semelhantes, mas as explicações do Dr. Carlos da Dr. Sofia Braga, das enfermeiras Rita Cardoso, Filipa Carapau e da Enfermeira Carolina da CUF Descobertas e a Enfermeira Joana, que me ligou no dia 18, sábado, a seguir à quimioterapia. Tenho que fazer referência à fisioterapia que fiz com a fsioterapeuta Susana Veiga (Hospital CUF Santarém) que fez milagres na recuperação. Ela deu-me muitos truques e ensinou-me a lidar com o braço ao qual foi feito o esvaziamento da axila.
Todos nos ajudam a acreditarmos que com ajuda de todos vamos superar isto e estamos a ser bem cuidados.
Só tenho uma meta em vista: curar-me e poder ajudar muita gente com a minha experiência.