Unidade de Parkinson e Doenças do Movimento

Hospital CUF Coimbra

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A Unidade de Parkinson e Doenças do Movimento tem como principal objetivo diagnosticar, tratar e gerir a Doença de Parkinson e comorbilidades, desde o diagnóstico inicial até à fase mais avançada da doença, com uma medicina e cuidados centrados no doente e sua família. A nossa missão é proporcionar um acompanhamento ao longo de toda a evolução da doença, com um ajuste farmacológico contínuo, complementado com treino de fisioterapia e reabilitação cognitiva. Os doentes são avaliados por uma equipa de especialistas, multidisciplinar (neurologista, neurocirurgião, psiquiatra, neuropsicólogo, fisioterapeuta, enfermeiro), que define o seu plano terapêutico individualizado.

A Unidade também disponibiliza tratamento para as fases mais avançadas da doença que se mostram resistentes à terapia farmacológica, por meio da realização da Cirurgia de Parkinson e da administração contínua de Apomorfina subcutânea.

Para além da Doença de Parkinson, a Unidade também abrange o diagnóstico, tratamento e gestão de outras doenças do Movimento, como o Tremor, a Distonia, parkinsonismos atípicos e outros movimentos involuntários.

A Unidade tem uma componente ambulatória que se baseia numa Consulta diferenciada de Doença de Parkinson, numa consulta de Doenças do Movimento e numa consulta de Terapias avançadas (Cirurgia de Parkinson e Apomorfina subcutânea). Tem também a vertente de Hospital de Dia e internamento para doentes com necessidade de ajuste terapêutico mais complexo.

 

Consultas e Avaliações

  • Consulta de Doença de Parkinson e de Doenças do Movimento com avaliação diagnóstica inicial e orientação terapêutica;
  • Consulta de Doença de Parkinson e de doenças do Movimento subsequentes para monitorização e ajuste terapêutico;
  • Avaliação diagnóstica não-invasiva (estudos de imagem cerebral estrutural) 
    • Ressonância Magnética (RM) e Tomografia axial computorizada (TAC)
  • Estudos eletrofisiológicos – estudo polissonográfico do Sono (em colaboração com o setor de Neurofisiologia);
  • Realização de MAPA (monitorização ambulatória da Tensão Arterial) em doentes com disautonomia (ex: hipotensão ortostática);
  • Avaliação Neuropsicológica e treino de reabilitação cognitiva individualizado (possibilidade de realização no domicílio);
  • Consulta de Psicologia dirigida ao doente com Doença de Parkinson e aos cuidadores de doentes em fases mais avançadas da doença;
  • Avaliação e treino de Fisioterapia individualizado (possibilidade de realização no domicílio);
  • Monitorização em Hospital de Dia ou Internamento de doentes com necessidade de ajuste terapêutico complexo (segundo protocolos definidos);
  • Consulta de terapias avançadas (Cirurgia de Parkinson e Apomorfina subcutânea) que inclui a avaliação inicial e o acompanhamento pós-intervenção. Nesta consulta serão aplicados protocolos específicos de avaliação que seguem as mais recentes recomendações das Sociedades Internacionais;
  • Consulta de Enfermagem com educação e orientação do doente submetido a terapias avançadas para a doença de Parkinson.
Doença de Parkinson
Quantas pessoas têm a doença? Em que idade surge?

A Doença de Parkinson é a segunda doença degenerativa do sistema nervoso central mais comum. Em Portugal, estima-se que mais de 20.000 pessoas tenham a doença, e prevê-se um aumento no número de casos devido ao envelhecimento da população. Pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais frequente em adultos acima dos 60 anos. No entanto, pode também surgir em idades mais jovens, e neste caso é designada por Doença de Parkinson Juvenil.

Porque é que os sintomas aparecem?

Esta doença é neurodegenerativa, o que significa que há uma perda progressiva de neurónios (células cerebrais), em particular dos neurónios produtores de dopamina. A dopamina é essencial para o normal funcionamento de determinadas regiões do cérebro que são responsáveis pelo controlo harmonioso do movimento, e as alterações na sua produção dão origem aos sintomas da Doença de Parkinson.

Quais são os principais sintomas?

Os principais sintomas estão relacionados com o movimento, sendo designados por sintomas motores. Os mais importantes são a bradicinesia (lentidão nos movimentos), a hipocinesia (diminuição da amplitude do movimento) e a acinesia (dificuldade em iniciar o movimento).
Pode também ocorrer um tremor, geralmente em repouso, que tende a iniciar-se apenas num lado do corpo (mão, braço ou perna), e/ou uma rigidez muscular, que se manifesta como falta de flexibilidade dos membros ou das articulações.

A instabilidade postural, caracterizada pela dificuldade em manter o equilíbrio, juntamente com o congelamento da marcha, descrito como a sensação de os pés ficarem “presos” ao chão, são sintomas que podem surgir nas fases mais avançadas da doença e contribuir para a ocorrência de quedas.

Além dos sintomas motores, as pessoas com Doença de Parkinson podem apresentar outros sintomas não relacionados com o movimento, conhecidos como sintomas não motores. Pode ocorrer a diminuição do olfato, alteração do sono (insónia, pesadelos, sonhos vívidos), fadiga, disfunção sexual, variação da tensão arterial, obstipação, dor, depressão, ansiedade, dificuldades cognitivas, demência e outras alterações de comportamento. Alguns destes sintomas não motores podem manifestar-se até vários anos antes do diagnóstico,
enquanto outros podem agravar com a progressão da doença.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é essencialmente clínico, com base na avaliação dos sinais e sintomas motores e não motores da doença. A presença de bradicinesia é fundamental para se fazer o diagnóstico, e nas fases mais iniciais pode ser difícil de a detetar, recomendando-se sempre a avaliação por um especialista na área.
É fundamental o médico questionar sobre a presença de outras doenças e medicamentos que a pessoa esteja a tomar, pois estes podem provocar sinais e sintomas semelhantes à Doença de Parkinson. Também é importante verificar se existem doenças neurológicas ou Doença de Parkinson na família, não só para excluir outras causas, mas também porque há formas hereditárias da Doença de Parkinson, especialmente quando esta se inicia em idades mais jovens.

Em alguns casos, podem ser solicitados exames complementares, a fim de descartar outras possíveis causas ou para apoiar o diagnóstico clínico.

Qual é o tratamento da doença?

A Doença de Parkinson não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas, sendo necessário um acompanhamento multidisciplinarr regular com profissionais como fisioterapeutas, neuropsicólogos, psiquiatras, entre outros, que trabalham em equipa com o foco no doente. Este acompanhamento é importante para identificar e tratar tanto os sintomas motores como os não motores da doença, ajustando continuamente a estratégia terapêutica à medida que a doença avança.

Até ao momento atual, e apesar de muito investigação nesta área, não existe cura para a doença, no entanto é uma doença cujos sintomas respondem bem aos medicamentos e às várias intervenções não farmacológicas disponíveis.

O medicamento mais utilizado e eficaz para o tratamento da Doença de Parkinson é a levodopa, que melhora significativamente os sintomas motores, especialmente nas fases iniciais da doença. Para além da levodopa, existem outros medicamentos como os inibidores da COMT, os inibidores da MAO-B, os agonistas dopaminérgicos, os anticolinérgicos, entre outros, que podem ser utilizados isoladamente ou em combinação com a levodopa, dependendo da fase da doença em que o doente se encontrar.

Nas fases mais avançadas da doença, os medicamentos administrados por via oral podem começar a perder a eficácia ou estar associados a efeitos secundários importantes. Nesse caso, pode-se considerar a realização da cirurgia para a Doença de Parkinson, bem como outras
formas de administração de medicamentos, como a administração subcutânea (através da pele) de apomorfina, um agonista dopaminérgico que permite manter um controlo dos sintomas motores, e alguns sintomas não motores, durante vários anos.

O exercício físico, os programas de fisioterapia e o treino cognitivo têm também demonstrado ser eficazes na melhoria dos sintomas motores e cognitivos. Além disso, existem medicamentos e estratégias disponíveis que possibilitam a melhoria de outros sintomas não motores.

Cirurgia de Parkinson – Estimulação Cerebral Profunda

A Estimulação Cerebral Profunda (ECP) é o avanço terapêutico mais importante desde o desenvolvimento da levodopa. Esta cirurgia ajuda a reduzir os tremores, a rigidez e a dificuldade de movimentos associados à Doença de Parkinson e é recomendada quando os medicamentos deixam de ser eficazes no controlo dos sintomas ou quando surgem efeitos secundários graves. Pode também melhorar alguns sintomas não motores, como o sono, a dor e a urgência urinária. Além disso, permite reduzir a dose total de medicação oral, que normalmente é elevada nas
fases mais avançadas da doença, diminuindo assim os efeitos secundários. Deste modo, o principal objetivo desta cirurgia é proporcionar outro mecanismo terapêutico que combata o agravamento dos sintomas decorrentes da evolução natural da doença, melhorando a qualidade de vida do doente.

Como funciona?

A Estimulação Cerebral Profunda (ECP) é um procedimento cirúrgico em que pequenos elétrodos são implantados em áreas específicas do cérebro. Estes elétrodos são conectados a um dispositivo implantado sob a pele, que fornece estímulos elétricos de baixa intensidade para
modular a atividade cerebral anómala presente nos doentes com Doença de Parkinson. Funciona de modo semelhante ao “pacemaker” cardíaco, mas neste caso funciona como um “pacemaker” cerebral.

Etapas fundamentais para o sucesso desta terapêutica na nossa Unidade

Antes de realizar a intervenção cirúrgica, é fundamental avaliar o doente de forma rigorosa. Ter a Doença de Parkinson não é suficiente para se poder realizar a cirurgia, pois existem critérios bem definidos que devem ser cumpridos. É importante conhecer o doente, perceber como tem
sido a evolução da sua doença, e para tal, o envolvimento da família é muito importante. É também essencial realizar uma gestão adequada das expectativas para que o doente possa aproveitar ao máximo a intervenção e os benefícios que ela oferece.

Consideram-se "candidatos" todos os doentes diagnosticados com doença de Parkinson que apresentam sintomas motores graves e que não estão a responder adequadamente à medicação oral. Antes de considerar o tratamento cirúrgico, deve ser realizada uma avaliação neuropsicológica e psiquiátrica para excluir demência, outro tipo de comprometimento cognitivo ou doença psiquiátrica não controlada. Além disso, é necessário realizar uma ressonância magnética crânio-encefálica para excluir alterações estruturais que possam inviabilizar a cirurgia. Após a exclusão de todas as contraindicações, uma consulta multidisciplinar será realizada em conjunto com o doente e cuidador principal/familiares para decisão terapêutica final.
Nesta consulta serão aplicados protocolos específicos de avaliação que seguem as mais recentes recomendações das Sociedades Internacionais.

A Unidade de Parkinson da CUF Coimbra é composta por uma equipa multidisciplinar com vasta experiência na realização desta intervenção cirúrgica.

Apomorfina subcutânea

A apomorfina é um medicamento utilizado no tratamento da doença de Parkinson que atua como um agonista dopaminérgico, estimulando os recetores de dopamina no cérebro e proporcionando um alívio dos sintomas motores da doença. Geralmente, é indicada para doentes com doença de Parkinson avançada que não respondem adequadamente à medicação oral. A administração subcutânea, através da pele, permite uma absorção rápida e um efeito mais imediato do medicamento.

A apomorfina pode ser administrada de duas formas diferentes:

1. Administração subcutânea intermitente: neste método, a apomorfina é administrada através da pele, geralmente na região abdominal, coxa ou braço, utilizando um dispositivo de autoinjeção. A administração é indolor e é usada sobretudo para tratar os episódios de "off" na doença de Parkinson, que são os períodos em que os sintomas da doença estão fortemente acentuados. Tem uma ação rápida, aliviando os sintomas em poucos minutos. Pode ser particularmente útil nos doentes que têm uma vida social ativa, pois proporciona um alívio rápido dos sintomas quando estão fora de casa, sem terem de esperar pela próxima toma da medicação oral ou aguardar que esta faça efeito.

2. Administração subcutânea contínua: neste método, a apomorfina é administrada de forma contínua através de uma bomba de infusão portátil, que liberta uma quantidade constante do medicamento ao longo do dia. Esta forma de administração tem a vantagem de garantir uma dose constante do fármaco, proporcionando um controlo mais prolongado dos sintomas.

Fisioterapia na Doença de Parkinson

A complexidade da doença de Parkinson implica a necessidade de envolver uma equipa multidisciplinar de forma a garantir um tratamento individualizado, aliando o benefício da reabilitação (Fisioterapia) com a intervenção farmacológica, devendo começar o mais cedo possível após o diagnóstico. É consensual que a Fisioterapia especializada e o exercício físico adaptado ao doente são uma importante estratégia para o atraso da progressão da doença, para a melhoria da marcha, prevenção de quedas e alterações cognitivas.

Atualmente, o exercício físico é uma estratégia eficaz para o tratamento dos sintomas motores e também alguns sintomas não motores da doença. O treino aeróbico é altamente aconselhável e seguro, uma vez que promove melhorias na funcionalidade, na depressão, na fadiga e na
capacidade aeróbia. Esse treino pode ser realizado na bicicleta, na passadeira, no step ou através de caminhadas. Já o treino de força deve ser implementado precocemente, a fim de melhorar a força muscular, a resistência muscular e o controlo motor. Deve-se priorizar grandes grupos
musculares, com intensidade moderada a elevada, focando sempre a transferência do exercício para as atividades do dia a dia, a fim de realizar essas atividades de forma segura e o mais independente possível. O treino de equilíbrio e de marcha também apresenta resultados positivos na melhoria do equilíbrio e da funcionalidade em doentes com doença de Parkinson, reduzindo também o risco de quedas a médio prazo.

Assim, na nossa Unidade de Parkinson da CUF, a Fisioterapia é realizada com Fisioterapeutas especializados na doença de Parkinson, assegurando uma intervenção eficaz e individualizada, capaz de responder da melhor forma possível às necessidades de cada pessoa.

Reabilitação Cognitiva na Doença de Parkinson

A reabilitação cognitiva desempenha um papel crucial no tratamento dos doentes com Doença de Parkinson. Por meio de exercícios e técnicas específicas, procura-se melhorar as funções cognitivas comprometidas, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
Através de treino cognitivo, os doentes podem fortalecer a memória, atenção e habilidades para a resolução de problemas. Além disso, a reabilitação cognitiva também pode ajudar a retardar o declínio cognitivo e a progressão da doença. A reabilitação cognitiva traz uma série de benefícios para os doentes com Doença de Parkinson. Além de melhorar as funções cognitivas, ela também pode ajudar a reduzir a ansiedade e a depressão, que são comuns nesses pacientes. Além disso, promove a independência e a autonomia dos doentes, permitindo que eles realizem as suas atividades diárias com mais facilidade. Também pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida, aumentando a autoestima e a confiança dos pacientes.
Em resumo, a reabilitação cognitiva desempenha um papel fundamental no tratamento dos doentes com Doença de Parkinson, proporcionando benefícios significativos para a saúde mental e para a qualidade de vida desses pacientes.

O que podemos oferecer na nossa Unidade de Parkinson

O neuropsicólogo poderá realizar uma avaliação neuropsicológica detalhada das funções cognitivas e emocionais afetadas pela doença, identificando áreas de dificuldade e estabelecendo um plano de intervenção personalizado.
Além disso, o neuropsicólogo poderá oferecer técnicas e estratégias para ajudar o paciente a lidar com os desafios da doença de Parkinson, como problemas de memória, atenção e linguagem. É elaborado um treino cognitivo, visando melhorar a função cognitiva e a qualidade de vida do paciente.
O paciente terá à sua disposição um treino cognitivo individualizado e específico para o seu quadro clínico, podendo optar por sessões de treino cognitivo presenciais e/ou treino cognitivo online. Para se realizar uma reabilitação mais eficaz e adequada em casa, o paciente possui a possibilidade de utilizar um sistema integrado de reabilitação cognitiva online, plataforma Web, com o objetivo de melhorar a ativação cerebral e, consequentemente, o rendimento intelectual ou pelo menos manter a capacidade cognitiva ainda existente. Esta reabilitação cognitiva com o recurso a plataformas Web permite ao paciente realizar uma estimulação cognitiva adequada, com vigilância médica, na sua casa, a qualquer hora e durante o tempo que quiser.

O neuropsicólogo irá também trabalhar em colaboração com outros profissionais de saúde, como neurologistas e fisioterapeutas, para desenvolver um plano de tratamento abrangente e integrado. Ele vai fornecer suporte psicológico, ajudando o paciente a lidar com as emoções e os impactos psicossociais da doença.

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