Cirurgia de catarata: mais segurança e maior precisão
Sabia que a cirurgia de catarata é, de um modo geral, a cirurgia mais realizada a nível mundial? Nuno Campos, oftalmologista CUF, explica em que consiste.
Existem vários problemas de visão que podem afetar as pessoas mais velhas, sendo a catarata, provavelmente, um dos que ouvimos falar com mais frequência. Mas o que são exatamente as cataratas? “São perdas de transparência do cristalino, a lente que nós temos dentro do olho, com a qual nós nascemos”, explica o médico oftalmologista CUF Nuno Campos. Embora seja mais comum nas idades mais avançadas, esta perda de transparência pode surgir em qualquer faixa etária: “Podemos ter cataratas congénitas (que nascem connosco), podemos ter cataratas nos jovens e podemos ter cataratas nos adultos e nos adultos seniores”, afirma. Quanto à prevalência, Portugal está alinhado com os outros países ocidentais e o diagnóstico tem sido cada vez mais precoce, não só pelo conhecimento que a pessoa tem de si própria e da sua saúde, como também pelos sistemas de diagnóstico e de acompanhamentos disponíveis atualmente.
“De uma forma geral, os primeiros sintomas das cataratas são a perda da qualidade visual, às vezes em quantidade, outras vezes em qualidade”, afirma Nuno Campos, referindo que é esse o motivo pelo qual as pessoas procuram um oftalmologista: sentem que, no seu dia a dia, não conseguem fazer algumas tarefas profissionais, lúdicas e familiares com a mesma qualidade e segurança.
Fique a saber mais sobre o tratamento da catarata, que, de uma forma geral, “é sempre cirúrgico”, afirma o oftalmologista.
Quando é que a cirurgia de catarata é uma opção?
De uma forma simplificada, “é necessário que o doente tenha uma perda de visão de alguma dimensão, ou que o afete de uma forma significativa, para que haja a indicação específica e clara da realização da cirurgia de catarata”, explica o médico oftalmologista, sendo esta uma estratégia terapêutica avaliada sempre em conjunto com o doente.
Como é feita a cirurgia de catarata
“A cirurgia de catarata foi das cirurgias que mais evoluiu e progrediu nos últimos anos. Aquilo que se faz atualmente quase seria considerado ficção científica há 30 ou 40 anos”, salienta Nuno Campos.
Quanto à realização do procedimento, o oftalmologista refere que “é uma cirurgia feita em ambulatório, com anestesia tópica, ou seja, a pessoa não é colocada a dormir”.
Existem diferentes abordagens, mas “é feita normalmente utilizando ultrassons, a chamada técnica de facoemulsificação, e existe a possibilidade de complementar com a femtocatarata, que consiste na utilização de um laser para determinados passos da cirurgia, que nos garante uma exatidão e uma precisão adicional sobre aquilo que já é uma técnica muito desenvolvida. Assim, temos a capacidade de fazer a cirurgia de catarata da forma mais aperfeiçoada que existe atualmente”, explica.
A preparação para a cirurgia de catarata
“O doente é detalhadamente estudado por todos os médicos oftalmologistas, com o apoio de técnicos de ortótica, antes de avançar para a cirurgia, até para assegurar que tem condições, ou não, para a realização de uma determinada cirurgia com um determinado tipo de lente. Isso garante-nos que no momento em que chegamos à cirurgia fizemos as melhores opções”, explica Nuno Campos. Assim, antes da cirurgia, é importante realizar exames pré-operatórios, que incluem:
- Biometria: para fazer o cálculo da lente que vai ser colocada dentro do olho e verificar qual o tipo de lente para aquele doente;
- OCT: uma tomografia para verificar se a retina está em boas condições;
- Topografia da córnea: para verificar qual é o perfil da córnea e de que forma é que este vai ser impactado pela realização da cirurgia;
- Microscopia especular: para validar se o interior da córnea está bem e se a córnea é saudável.
Embora o doente não esteja a dormir durante a cirurgia de catarata, é administrada uma anestesia, pelo que é necessário cumprir critérios de segurança anestésicos. Por isso, a pessoa “tem de estar sempre em jejum e é acompanhada desde o primeiro momento por um anestesista que está presente durante todo o procedimento”, refere. Quanto à preparação em si, é bastante simples, consistindo apenas “na colocação de gotas para dilatar o olho do doente, para fazer a extração da nossa lente que está opacificada e substituir por uma lente”.
Lentes que tratam a catarata e não só
“Utilizamos lentes cada vez mais sofisticadas, que por vezes nos permitem resolver vários problemas do doente, além da perda de transparência em si”, refere o oftalmologista, especificando que é possível colocar lentes que “permitem ter alguma visão de perto, corrigir o astigmatismo, as hipermetropias prévias e as miopias prévias”.
Resultados e cuidados a ter após a cirurgia de catarata
“A catarata, quando é operada, nunca mais volta a surgir”, afirma Nuno Campos, pois é extraída e substituída por uma lente. Além disso, “o período pós-cirurgia de catarata é um período muito mais suave do que era há uns anos atrás”, começa por tranquilizar o especialista em Oftalmologia, referindo que existem alguns cuidados a ter e que são “questões de bom senso”, como:
- Não fazer esforços físicos muito significativos nos dias a seguir;
- Evitar transportar pesos;
- Estar mais reservado em casa;
- Evitar zonas muito quentes ou muito frias;
- Não esfregar os olhos.
Todas as indicações são transmitidas ao doente pela equipa de enfermagem, ficando a saber o que pode ou não fazer. Além disso, recebe um telefonema de acompanhamento e, no dia a seguir, é avaliado pela equipa médica. Depois, no prazo de 48 a 72 horas a pessoa pode retomar as suas tarefas do dia a dia e, muitas vezes, as tarefas profissionais.