Colonoscopia (endoscopia digestiva baixa):
A colonoscopia é um procedimento minimamente invasivo que permite identificar e tratar lesões intestinais. Dois gastrenterologistas explicam a sua importância.
Diagnóstico, tratamento, rastreio. A colonoscopia pode ter diferentes papéis, todos eles igualmente importantes. Segundo Luís Lopes, gastrenterologista CUF, este “é um procedimento minimamente invasivo que permite observar o interior do intestino grosso, o cólon e o reto, utilizando uma câmara flexível, a que chamamos um colonoscópio, que é introduzido através do ânus”. João Silva Fernandes, também gastrenterologista CUF, completa, referindo que “a colonoscopia é um procedimento ímpar, porque não só conseguimos detetar as lesões, por exemplo, os pólipos, como também tratá-los no mesmo procedimento”.
Em que situações deve ser realizada a colonoscopia
A colonoscopia é um procedimento que pode ser feito em três tipos de situações: diagnóstico, tratamento e prevenção/rastreio.
1. Diagnóstico
A colonoscopia pode ser utilizada em diferentes situações, enumeradas pelo gastrenterologista Luís Lopes: anemia ferropénica - uma situação relativamente comum, em que o intestino pode ser o foco das perdas de sangue -, perda de sangue visível nas fezes, diarreia crónica, dor abdominal persistente, entre outras. “Outra situação é, por exemplo, quando se faz um determinado exame radiológico, como uma TAC, há uma lesão suspeita de algo e há que fazer a colonoscopia. É o melhor método diagnóstico para intestino grosso”.
2. Tratamento
“Hoje em dia, a endoscopia em geral - que inclui a colonoscopia - permite-nos tratar uma série de situações”, como retirar pólipos (as polipectomias) ou lesões maiores (mucosectomias), paliar tumores estenosantes do intestino, coagular lesões vasculares, entre outros, explica Luís Lopes. Isto é, “a colonoscopia hoje em dia permite tratar um sem número de patologias que antigamente eram tratadas de outras maneiras, por exemplo, cirurgicamente”, acrescenta.
O gastrenterologista João Silva Fernandes reforça, no entanto, que “a abordagem endoscópica e a abordagem cirúrgica continuam a coexistir, mas efetivamente existem casos nos quais a endoscópica está perfeitamente enraizada e justificada, ou seja, casos de lesões benignas, pré-malignas ou mesmo malignas em estádio inicial”. Por outro lado, há os “casos de tumores estabelecidos, em que a abordagem cirúrgica acaba por ser a única capaz de ter um poder curativo. No entanto, mesmo nessas situações, a endoscopia ou a colonoscopia é absolutamente fundamental no diagnóstico e na caracterização histológica com a realização de biópsias”.
3. Rastreio
A colonoscopia “é utilizada no rastreio do cancro do cólon e do reto”, afirma Luís Lopes. João Silva Fernandes acrescenta que “as colonoscopias subsequentes à colonoscopia inicial de rastreio deverão ser feitas num timing que dependerá sempre dos achados da primeira, mas, em resumo, se tudo estiver bem e se houver uma boa preparação, a próxima pode ser realizada cinco a dez anos após a do rastreio”.
Há uma idade específica para fazer uma colonoscopia?
Quando se tratam de situações de diagnóstico ou de tratamento, não há uma idade indicada para se fazer uma colonoscopia. “Tem que ver com a situação que motiva a colonoscopia”, refere Luís Lopes. O mesmo já não se aplica ao rastreio, que tem idades preconizadas para a sua realização. “Classicamente, sempre defendemos aquilo que era a realização da colonoscopia, método de rastreio ideal, a partir dos 50 anos. No entanto, temos cada vez mais vindo a assistir ao aparecimento de cancro colorretal em idades mais jovens, razão pela qual defendemos a realização de uma primeira colonoscopia a partir dos 45 anos”, esclarece João Silva Fernandes. Mas esta recomendação não é linear. Tal como explica o gastrenterologista, “existem múltiplas situações que podem motivar a realização de uma colonoscopia ainda antes desta idade, seja por uma síndrome genética detetada numa determinada família ou por familiares de primeiro grau que possam ter tido um cancro colorretal em idade jovem. Nesse caso, deve-se realizar uma colonoscopia dez anos antes”.
Há vários sinais de alarme digestivos que, segundo João Silva Fernandes, devem motivar a procura de um gastrenterologista, com eventual posterior realização de uma colonoscopia, como:
- Perda de peso sem explicação;
- Alteração dos hábitos intestinais, como diarreia ou obstipação;
- Perda de sangue nas fezes;
- Dor abdominal;
- Anemia com deficiência de ferro.
As vantagens da colonoscopia
“A abordagem endoscópica apresenta algumas vantagens quando comparada à cirurgia, porque o tempo de recuperação é muito menor, visto que é muito menos invasiva do que a cirurgia e o doente é capaz de realizar o procedimento em regime de ambulatório, tendo alta no próprio dia, com toda a comodidade”, destaca o gastrenterologista João Silva Fernandes. Além disso, “a colonoscopia tem maior acuidade diagnóstica”, quando “comparamos com outras modalidades”, tais como exames radiológicos (colonografia por TAC - colonoscopia virtual, ressonância magnética) ou análises (incluindo testes genéticos), acrescenta Luís Lopes.
Colonoscopia com anestesia
A realização da colonoscopia com anestesia é, segundo ambos os especialistas, vantajosa para o doente. “Hoje em dia, a maioria das endoscopias digestivas é feita com anestesia”, afirma Luís Lopes, acrescentando: “A endoscopia sem anestesia é potencialmente incomodativa e no caso da colonoscopia é potencialmente dolorosa. O que nós verificamos é que mais de 95 % dos doentes preferem realizar o procedimento com apoio de anestesia”. João Silva Fernandes reforça, referindo: “Efetivamente, conseguimos proporcionar conforto ao paciente num procedimento que é conhecido por ser doloroso”.
A equipa clínica que realiza o procedimento também beneficia da administração de anestesia, pois o doente, “ao estar confortável e sedado, acaba por fazer muito menos movimentos involuntários, o que acaba por trazer uma maior acuidade diagnóstica”, refere João Silva Fernandes. Luís Lopes destaca também a importância da imobilidade nos procedimentos terapêuticos.
Como é feita a preparação para a colonoscopia
“A colonoscopia não é passível de ser feita sem uma preparação adequada. Daí que seja uma recomendação global realizarmos uma dieta prévia ao exame, que, antigamente, era muito mais rigorosa do que o é hoje em dia. Atualmente, basta uma dieta pobre em fibras nas 24 horas prévias e, além disso, é necessária a toma de um preparado composto por uma substância com propriedades laxantes capaz de limpar o intestino”, explica João Silva Fernandes.
Cuidados a ter após a colonoscopia
“Os cuidados dependem do que foi realizado durante o procedimento”, esclarece Luís Lopes, referindo que, no caso de ser um procedimento meramente diagnóstico, estes terão mais que ver com cuidados que habitualmente são tidos num procedimento em que é usada anestesia e que incluem, nesse dia, “fazer refeições leves”, “não conduzir”, levando um acompanhante, “não trabalhar” e, idealmente, não “tomar decisões do ponto de vista legal”.
Quando é feito algum tipo de tratamento durante a colonoscopia podem ser necessários cuidados adicionais. “Quando é retirado um pólipo, é necessário vigiar se o paciente tem dor abdominal, se perde ou não sangue”, e evitar algumas medicações, explica.
A colonoscopia tem riscos?
“A colonoscopia é um procedimento muito seguro”, mas, como em qualquer procedimento médico, “há riscos”, afirma Luís Lopes, salientando que estes “são muito baixos” e variam consoante alguns fatores, como “se há um procedimento terapêutico associado, se é só diagnóstico, uma colonoscopia de rastreio. Mas quer numa situação que quer noutra, para a população em geral, é extremamente segura”.
João Silva Fernandes acrescenta ainda que, mais do que apontar os riscos, é importante olhar para as virtudes: “A colonoscopia, como qualquer procedimento médico, acaba por ter alguns riscos associados, mas muito mais do que os riscos, gostaria de destacar a sua segurança, em que efetivamente é um exame capaz de salvar vidas, de diagnosticar problemas e também de os tratar, pelo que diria que o maior risco associado é mesmo não o fazer.”
A importância de escolher um local com toda a segurança clínica
Embora seja verdade que a colonoscopia é um procedimento bastante seguro, não deixa de ser importante escolher um local que garanta essa segurança. ”A colonoscopia realizada em ambiente hospitalar tem inúmeras vantagens. Apesar de ser um procedimento seguro e com risco muito baixo, se houver terapêuticas associadas os riscos aumentam ligeiramente” e, num hospital, se houver complicações, “temos capacidade de tratá-las”, salienta Luís Lopes, acrescentando que, na CUF, “temos a capacidade de fazer qualquer tipo de tratamentos. Temos a tecnologia, hospitais diferenciados, Unidades de Cuidados Intensivos, blocos operatórios, várias especialidades”, o que nos permite “fazer todo o tipo de tratamentos”. João Silva Fernandes refere ainda que, “nos casos em que as doenças são realmente graves, dispomos de uma equipa multidisciplinar capaz de acompanhar o processo ao longo de todas as etapas”.
Na CUF encontra profissionais habilitados e experientes, para que possa realizar o seu exame com toda a segurança clínica