COVID-19:
Na reaproximação entre avós e netos durante o período de desconfinamento deve imperar o bom senso. Conheça as medidas a aplicar em contexto de COVID-19.
Nunca o mundo experienciou uma pandemia assim, que deixa as vidas, a escola e o trabalho em suspenso.
A reaproximação entre netos e avós em período de desconfinamento é incontornável. Certos países, como a Suíça, permitem oficialmente que netos abaixo dos 10 anos e avós se reencontrem e abracem, mas desaconselha babysitting. Muitos países, como Espanha e EUA, com alto número de fatalidades, desencorajam totalmente o contacto entre ambas as gerações. Em Portugal, não existe nenhuma norma oficial do Ministério da Saúde ou da Direção-Geral da Saúde sobre este tema. Na verdade, não existe ninguém com uma resposta certa para esta questão, que está inclusivamente a ser analisada pela Organização Mundial da Saúde. Assim, esta deve ser uma decisão individual, tomada em família, com ponderação de riscos e benefícios.
É diferente o risco de convívio com avós mais jovens e/ou sem patologia associada ou de avós com mais de 60 anos, com hipertensão, diabetes, doenças oncológicas ou outro tipo de doenças que baixem a imunidade.
Afinal, as crianças são ou não um foco transmissor de COVID-19?
Se há algo que o novo coronavírus nos tem ensinado é resiliência e flexibilidade. Dado o desconhecimento que se tem acerca da COVID-19, o que hoje é verdade, amanhã poderá não ser. À luz dos últimos estudos e contrariamente ao que ocorre noutras doenças infecciosas respiratórias, como a gripe, as crianças sobretudo até aos 10 anos parecem apresentar menor carga de vírus e serem menos transmissoras da doença. Mesmo assim, as crianças podem ser um foco transmissor de COVID-19. Serão os netos pequenos ou antes os adolescentes, jovens e adultos que constituem maior risco para as pessoas mais velhas?
Como deve ser feita uma eventual aproximação?
Mais uma vez, nesta eventual aproximação deve imperar bom senso e vai depender do risco de cada família individualmente. Por exemplo, numa família com um avô com doença oncológica e em quimioterapia, o “convívio” com o neto poderá fazer-se ao ar livre, com uso de máscara e distanciamento social. Em avós sem patologia conhecida, apesar de se poderem privilegiar encontros ao ar livre, os abraços e o colo são inevitáveis.
As regras de etiqueta respiratória, de higiene das mãos e desinfeção regular de superfícies (por exemplo, ecrãs, maçanetas, interruptores) não devem nunca ser descuradas.
O uso de máscara
Dado que o grau de transmissão de COVID-19 pelas crianças é ainda incerto, mas ocorre, o uso de máscara pelos avós e pelas crianças que a toleram, sobretudo as mais velhas, confere sempre algum grau de proteção, sobretudo em ambientes fechados e perante avós que façam parte de algum grupo de risco.
Os avós podem voltar cuidar dos seus netos?
Mais uma vez, não há resposta certa para este tópico. Uma criança na escola tem um risco acrescido para os avós quando comparada com uma criança que está em casa, pelo contacto e maior exposição a um número superior de pessoas (adultos e crianças). Mais uma vez, depende se os avós pertencem ou não a um grupo de risco.
É mais seguro o convívio entre avós e netos que estão em casa do que aqueles que regressaram ou regressarão à escola. No entanto, se estivermos a falar de avós ainda não reformados, que já não estão em confinamento e circulam para trabalhar, esta questão já não é tão relevante.
Distanciamento entre avós e netos e a saúde mental
A saúde mental em tempos de COVID-19 tem sido uma preocupação transversal a todas as faixas etárias. A separação entre avós e netos acarreta um risco grande de isolamento e depressão. Contudo, os dados mundiais são claros: este novo vírus tem uma mortalidade superior ao normal, atingindo sobretudo o grupo etário com mais de 60 anos. Preservar a vida parece indiscutível, mas a saúde mental não pode ser descurada. Os avós pertencentes a grupos de risco têm de se manter envolvidos na sociedade e ser valorizados da melhor forma possível, promovendo o contacto possível entre ambas as gerações, através de convívio ao ar livre e com distanciamento ou através das novas formas virtuais de comunicação. Um avô pode, por exemplo, ensinar ao neto letras e números no outro lado do ecrã. A neta pode desenhar “em direto” e mostrar à avó. Podem realizar-se refeições “conjuntas” através das novas tecnologias. A conversa é uma arma poderosa que reduz a distância emocional. Mas temos de ter presente que as novas tecnologias não substituem o contacto físico e a ternura própria dos avós, também essencial para o desenvolvimento emocional das crianças.