"Vamos ser avós!"

O nascimento dos netos altera a dinâmica familiar, podendo tornar as relações mais próximas e fortes. Isto não quer, no entanto, dizer que não possam surgir alguns problemas, seja, por exemplo, por questões de distância dos avós em relação aos netos ou até por atitudes e ações que podem não agradar a todos.

Acima de tudo, para cultivar uma boa relação, os avós devem ouvir aquilo que os progenitores têm a dizer acerca da forma como querem que o seu filho seja educado e reconhecer que existem formas de pensar diferentes da sua.

Fique a conhecer algumas estratégias que o podem ajudar a manter-se envolvido de forma saudável na nova dinâmica familiar.

Diferentes avós, diferentes papéis

É importante que os avós sejam sinceros acerca do tipo de envolvimento que terão na vida dos netos. Mesmo antes de a criança nascer, partilhem com os futuros pais aquilo que podem ou não fazer para lhes prestar apoio e saiba quais as tarefas em que poderá ser útil. Assim, é mais fácil perceber em que momentos e situações poderá ter um maior envolvimento.

Sobretudo se vai ser avó ou avô pela primeira vez, deve ter em consideração que o modo de funcionamento da família pode mudar com a chegada do bebé e os pais tanto podem precisar de apoio, como querer tempo a sós com o bebé.

Ser o "braço direito" dos pais

A chegada de um filho pode ser um período muito cansativo para os pais, interferindo na sua vida profissional e social e até com o seu descanso.

Os avós podem ter diversos papéis na vida dos netos, podendo ser uma importante fonte de apoio para os pais, sobretudo durante os primeiros tempos. Como? De várias formas: podem tomar conta da criança quando os seus pais estão a trabalhar, fazer diferentes atividades com o neto, ajudar com algumas tarefas (como cozinhar as refeições ou transportar o neto para a escola) ou até oferecer apoio emocional, ouvindo as preocupações do casal.

Embora pareçam gestos simples, poderão ter um impacto positivo na vida dos pais, que, deste modo, terão maior disponibilidade para se dedicar a outras tarefas, como ao trabalho, compras para a casa ou até simplesmente para descansar. Tudo isto tem ainda a vantagem de fortalecer laços entre netos e avós.

E não se esqueça: diga aos pais que reconhece que eles estão a fazer um bom trabalho a criar o seu filho.

Os avós devem dar conselhos aos pais?

Os avós já têm a experiência de ter cuidado dos seus próprios filhos e é natural que queiram partilhá-la sempre que possível. Contudo, devem ter em atenção que dar conselhos - sobretudo quando estes não são solicitados - pode ser encarado pelos pais como uma intromissão. O que devem, então, os avós fazer? Acima de tudo, ter em consideração que os seus filhos (e agora pais) podem não concordar sempre com o que dizem ou recomendam. Além disso, tornar-se mãe ou pai é um grande passo e deve deixar que eles descubram o seu caminho e esta nova realidade. Dê o seu apoio quando a ajuda for solicitada e seja empático, respeitando as regras da nova família.

Mimar sim, mas sem exageros

Para muitos avós, tratar dos netos é um dos seus grandes prazeres e, por vezes, podem cair na tentação de lhes comprar brinquedos ou até de dizer "sim" quando devem dizer "não". Enquanto alguns mimos não são problemáticos, por outro lado, não seguir as regras estabelecidas pelos pais pode ser fator de perturbação. Um dos "trabalhos" mais importantes dos pais é o estabelecimento de regras, desde a alimentação (snacks e sobremesas incluídos), tempo que podem passar a usar telemóveis, televisão e outros aparelhos tecnológicos e o que podem ou não ver enquanto os estão a utilizar, a que horas se devem deitar, entre outras coisas. Fale com os pais sobre as diferentes regras e cumpra-as, seguindo a estrutura a que as crianças estão habituadas. E não se preocupe: ser rigoroso não significa que não pode ser uma avó ou avô divertido.

Deve ter também em consideração que não precisa de lhe oferecer muitos brinquedos e outros bens para que a criança goste mais de si. É claro que oferecer um presente, uma segunda sobremesa ou até deixá-la ficar acordada até um bocadinho mais tarde é aceitável. Pode até perguntar diretamente aos pais se há abertura para abrir algumas exceções de vez em quando. No fundo, aquilo que importa mesmo é que passem tempo de qualidade juntos.

Na alimentação, siga as regras dos pais

Saiba de antemão que regras é que os pais fazem questão de implementar na alimentação das crianças. A maioria dos pais quer que os filhos sigam uma alimentação saudável, mas alguns são mais estritos que outros - por exemplo, se os pais dizem que a criança não pode beber refrigerantes ou comer chocolates, é muito importante que os avós também sigam estas regras.

De forma esporádica, em princípio, os doces podem ser incluídos na nossa alimentação sem prejudicar a saúde, mas a moderação é a chave e deve evitar-se cair no erro de dar guloseimas à criança. Além disso, fale primeiro com os pais para saber se e quando é que podem ser abertas exceções a este respeito.

O que mudou desde que os avós foram pais?

O conhecimento que temos sobre as mais diversas áreas está em constante evolução, algo que se aplica também aos cuidados prestados às crianças. Embora haja diretrizes que eram válidas e consideradas seguras há uns anos, no tempo que os avós foram pais, atualmente podem já ter sido contrariadas pela ciência.

Por exemplo, se antes se acreditava que se devia insistir com a criança para comer tudo aquilo que tinha no prato, hoje sabe-se que os mais pequenos (bebés incluídos) conseguem perceber quando é que já estão satisfeitos. O que também mudou, segundo a investigação mais recente, é que para prevenir a síndrome de morte súbita os bebés devem dormir de costas e não de lado ou de barriga para baixo. Por outro lado, quando estão acordados e a brincar é importante que passem algum tempo de barriga para baixo para que desenvolvam as suas competências físicas.

Fazer alguns cursos, como de primeiros socorros ou de suporte básico de vida, também pode ajudar os avós a manterem-se atualizados e seguros a cuidar de uma criança.

Vive longe dos netos? Encurte a distância

Se não consegue ver os netos com a regularidade que gostaria devido à distância, há algumas estratégias que pode colocar em prática para manter uma relação forte e de proximidade:

• Manter um contacto regular, recorrendo a videochamadas, chamadas de voz ou até mensagens.
• Fazer atividades através de videochamada, como jogos ou visitas virtuais a museus.
• Visitar a criança sempre que possível e planear atividades para fazer em conjunto.

Ser avô não é uma competição

Habitualmente, uma criança tem avós de ambos os lados - os paternos e os maternos - e pode haver situações em que um dos avós tem alguns ciúmes ou até inveja dos restantes. Isto pode ocorrer, por exemplo, em casos em que uns vivem perto da criança e, por isso, convivem mais com ela, e os outros vivem longe. Quando vivem longe, os avós podem sentir que estão a perder o crescimento da criança.

É importante que não se comparem entre si e que reconheçam que cada um tem os seus laços únicos com a criança. O que importa não é a quantidade de tempo passada em conjunto, mas sim a qualidade.

Não quer ou não pode tomar conta dos netos? Não faz mal

Nem todos os avós podem ou querem dedicar-se a tomar conta dos seus netos e não há qualquer obrigação nesse sentido. As crianças mais pequenas podem ser bastante energéticas - o que pode ser cansativo para os avós, sobretudo os mais velhos - e a responsabilidade é muita. Por estes e outros motivos, nem todos os avós pretendem fazer babysitting aos seus netos. O que é importante é que haja transparência e que os avós transmitam essa informação aos pais.

Conselho para os futuros avós: o autocuidado também é importante

A chegada de um neto pode ter efeitos muito positivos para os avós, não só física mas mentalmente. Ainda que haja a tentação de querer dedicar-se em pleno ao cuidado do seu neto, é importante que também zele pelo seu bem-estar e saúde. Fale com os pais da criança e seja claro em relação ao seu estado de saúde e níveis de energia, para que possam gerir as expectativas sobre o apoio que de facto é capaz de prestar.