CUF Medicina Dentária convida... Cardiologia
Teresa Belo, médica dentista, e Mário Oliveira, cardiologista, conversam sobre a relação entre Medicina Dentária e Cardiologia. Veja o vídeo.
De que forma pode a saúde oral influenciar a saúde do coração? Há cuidados a ter com a toma de certos medicamentos quando vamos fazer tratamentos dentários? Para responder a estas questões, Teresa Belo, médica dentista CUF, e Mário Oliveira, cardiologista CUF, juntam-se no terceiro episódio de “CUF Medicina Dentária convida…”, explorando a relação entre a Cardiologia e a Medicina Dentária. Assista à conversa.
Medicina Dentária e Cardiologia: por que é importante trabalhar em conjunto
Existem várias situações em que é importante que haja articulação entre a Medicina Dentária e a Cardiologia. Mário Oliveira enumera algumas delas:
- doentes com dispositivos implantados no coração, com fios elétricos
- doentes que têm próteses no coração
- pessoas com risco hemorrágico acrescido por fazerem anticoagulantes
Refere ainda que a Medicina Dentária e a Cardiologia tratam estes doentes em conjunto, sendo importante “prevenir as infeções do coração que podem vir da cavidade bucal", assim como o risco hemorrágico ou o de “suspender um medicamento inadequadamente”. Mas de que forma pode a saúde da nossa boca ter impacto no coração? De acordo com as explicações do cardiologista, ”a inflamação ou infeção recorrentes da cavidade bucal, seja por gengivite (inflamação das gengivas) seja por periodontite, é condicionada por bactérias que são libertadas em circulação, particularmente quando escovamos os nossos dentes, e que podem “agarrar-se a fios elétricos ou a próteses que estão dentro do coração”, podendo provocar uma infeção neste órgão. Esta situação chama-se “endocardite”, que é um processo muito complexo, muito grave e de difícil tratamento. Por isso, é importante que nós tenhamos em linha de conta que estes doentes precisam de uma saúde oral adequada”, acrescenta Mário Oliveira.
É mesmo necessário suspender medicamentos anticoagulantes?
“Antigamente, era frequente em determinados procedimentos de Medicina Dentária, nomeadamente, os mais invasivos, o doente interromper a medicação anticoagulante”, algo que hoje em dia já não acontece tanto, esclarece Teresa Belo. O médico cardiologista concorda, explicando que, “nos últimos anos, as recomendações nacionais e internacionais emanadas pela Medicina Dentária, em conjunto com as sociedades científicas da Cardiologia, vieram demonstrar que não é necessário suspender os medicamentos anticoagulantes para fazer um tratamento dentário. São raras as situações em que isso acontece, até porque nós sabemos que o risco hemorrágico da intervenção na cavidade bucal é minor, é pequeno, e é facilmente controlável. Por isso, as regras hoje dizem que só em situações muito extremas é que é necessário suspender a medicação com o seu anticoagulante”. E, nesses casos, Teresa Belo ressalva que a interrupção deve ser feita “sempre por indicação do médico cardiologista”.
Cuidados de saúde oral: as recomendações da Cardiologia
Seja em Medicina Dentária ou qualquer outra especialidade médica, estar atento aos sinais que o nosso corpo nos dá é fundamental. “Os processos de inflamação da cavidade oral são muito frequentes e, às vezes, as pessoas só se apercebem ou porque têm mau hálito, ou porque sangram facilmente das gengivas, ou porque têm alguma impressão local durante a mastigação. Isso deve ser valorizado. Portanto, quando os nossos doentes sentem algo que lhes parece estranho na sua cavidade bucal, é sempre recomendado que tenham uma consulta com a Medicina Dentária ou com o seu higienista oral”, alerta Mário Oliveira. Além disso, segundo nos explica o especialista, é importante a visita regular do médico dentista por pessoas portadoras de próteses ou aparelhos com fios no interior do coração, como no caso dos pacemakers, assim como de pessoas com fatores de risco muito presentes para doença aterosclerótica, em particular nos casos de diabetes.