Efeitos da COVID-19 no coração
A COVID-19 pode causar sequelas cardíacas (no coração), mesmo em pessoas que já recuperaram da doença e que não estiveram hospitalizadas.
Há cada vez mais dados que revelam que pessoas que estiveram infetadas com COVID-19 sofreram algum tipo de danos no coração.
Desde o início da pandemia que muitos doentes internados em hospitais devido à COVID-19 apresentavam algum tipo de lesão cardíaca. Mais recentemente, reconhece-se que o mesmo está descrito em pessoas que não necessitaram de ser hospitalizadas, isto é, que tiveram apenas formas leves a moderadas da doença causada pelo novo coronavírus, e que não tinham doenças preexistentes.
Depois da COVID-19: que danos podem ocorrer no coração?
As complicações cardíacas detetadas nos doentes com COVID-19 incluem a miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco, mais frequentemente presente nas formas mais severas da COVID-19 - que pode levar ao desenvolvimento de problemas de coração mais tarde, como insuficiência cardíaca.
Numa análise publicada na revista científica JAMA Cardiology, foram identificados danos cardíacos em doentes que faleceram com COVID-19 e que não tinham sido previamente diagnosticados com problemas cardiovasculares. Outro estudo, publicado na mesma revista, revelou que, em Ressonâncias Magnéticas de pessoas que tinham recuperado da COVID-19, se encontrou em 78% dos recuperados anomalias no coração (60% apresentavam inflamação do miocárdio). Este mesmo estudo registou elevados níveis de troponina - uma enzima que é libertada no sangue quando ocorrem danos cardíacos - em 76% das pessoas envolvidas no estudo. Um outro estudo, publicado no European Heart Journal, registou resultados semelhantes: cerca de 50% dos doentes que foram hospitalizados com sintomas severos da COVID-19 e que demonstraram níveis elevados de troponina tinham danos no coração - como miocardite, enfarte, isquemia ou uma combinação dos três. Estas lesões foram detetadas através de Ressonância Magnética, pelo menos um mês após os doentes receberem alta.
Quem tem maior risco?
Há grupos que parecem ser mais afetados do ponto de vista cardíaco, contudo, pode ser difícil identificar que pessoas têm maior risco ou, no caso de doentes em fase de recuperação da COVID-19, quem tem ou não problemas de coração. Muitas pessoas manifestam queixas de cansaço ou de falta de energia numa fase pós-COVID, mas é difícil perceber se tal acontece devido a doença pulmonar persistente ou se é devido a problemas de coração.
É importante que sejam realizados mais estudos, que permitam, por exemplo, determinar com que frequência estes problemas no coração ocorrem e quais os fatores de risco, antes de se implementarem recomendações acerca da vigilância cardíaca dos doentes com COVID-19.
Atenção!
Se sofre de problemas cardíacos preexistentes, mantenha as suas consultas de rotina. Os hospitais são seguros e mantêm todos os cuidados de proteção contra a COVID-19.
Esteja atento a estes sintomas
Se teve COVID-19 e está em fase de recuperação, é importante estar atento aos seguintes sintomas; caso se manifestem, consulte o seu médico assistente:
- Falta de ar inexplicável
- Dor no peito
- Edema (inchaço) nos tornozelos
- Palpitações
- Batimentos cardíacos irregulares
- Incapacidade em permanecer deitado sem que ocorra falta de ar
- Acordar durante a noite com falta de ar
- Tonturas
É necessário vigiar o coração depois da COVID-19?
No caso dos doentes com COVID-19, ainda não se sabe com que frequência o vírus afeta o coração e em que medida difere ou não de outros vírus que têm o mesmo efeito.
Ainda não se sabe se é necessário fazer exames de rotina ao coração a pessoas que tiveram COVID-19 sem manifestar qualquer tipo de problemas cardíacos.
Continuar a estudar os impactos da COVID-19 no coração é importante, pois pode ajudar a encontrar formas de prevenir estes danos ou de tratá-los.
Em caso de dúvida ou se sentir sintomas de alerta, consulte o seu médico assistente.