Embolização musculoesquelética:
A dor musculoesquelética é muito prevalente e frequentemente limitante. A Embolização musculoesquelética permite tratá-la de forma inovadora e pouco invasiva.
A dor musculoesquelética é uma patologia bastante comum, frequentemente subdiagnosticada e subvalorizada, que tem por base problemas nos ossos, músculos, tendões, fáscias ou ligamentos. Seja qual for a sua origem, “o principal sintoma é a dor, muitas vezes limitante e incapacitante para o dia a dia” dos doentes, explica Pedro Marinho Lopes, radiologista de intervenção. Existem diversos tratamentos possíveis dependendo do tipo de patologia, desde medicação a fisioterapia ou mudança de hábitos, e recentemente foi introduzida uma técnica inovadora, a Embolização MSK, já disponível na CUF. Segundo Pedro Marinho Lopes, especialista que, em conjunto com Frederico Cavalheiro, radiologista CUF, foi pioneiro na implementação deste tipo de intervenções em Portugal, “a Embolização musculoesquelética é uma técnica promissora que tem tido bons resultados neste tipo de doentes”, oferecendo alívio imediato.
Como surge e como é tratada a dor musculoesquelética?
Existem várias causas para este tipo de dores, de acordo com Pedro Marinho Lopes, “muitas vezes por lesões antigas, por processos inflamatórios ou também pelo próprio desgaste da idade”. Deste modo, qualquer pessoa pode ser afetada: “Pode ocorrer em atletas, por exemplo, uma pessoa que usa muito o cotovelo, pode ter uma epicondilite; o ombro também pode ser atingido, normalmente decorrente de capsulite adesiva, mais em mulheres e relativamente jovens ou de meia idade. Já a artrose normalmente ocorre em pessoas mais idosas, mas varia muito mais de acordo com o tipo de patologia”.
Por ter frequentemente consequências limitantes, a dor musculoesquelética “acaba por ter não só uma componente física, mas também um impacto psicológico muito significativo para o doente”, porque interfere com as atividades diárias. Em contexto profissional, este tipo de dor provoca “uma significativa taxa de absentismo laboral”, afirma.
Como se trata de "uma patologia complexa e desafiante", os tratamentos convencionais variam entre "tratamentos farmacológicos, fisioterapia, mudança de hábitos de vida, infiltrações, bloqueios articulares e até técnicas de radiofrequência", explica o radiologista de intervenção. Surge agora uma inovação que pode fazer a diferença no tratamento, a Embolização musculoesquelética.
O que é a Embolização musculoesquelética?
Por vezes, os tratamentos para a dor musculoesquelética não resultam, “seja pelos efeitos adversos da parte farmacológica ou por alguma intolerância dos doentes”. Pedro Marinho Lopes destaca que “é muitas vezes nessas situações que surge a possibilidade de aplicar esta nova técnica”.
A Embolização músculoesquelética MSK foi descrita pela primeira vez em 2013, pelo radiologista de intervenção japonês Yuji Okuno - com quem a equipa CUF mantém contacto -, e em 2023 foi testada pela primeira vez em Portugal, num hospital público. Neste momento, “a CUF é a única rede hospitalar privada que oferece este tratamento”, destaca o radiologista que, em equipa com Frederico Cavalheiro, realizou as primeiras Embolizações musculoesqueléticas em Portugal.
Pedro Marinho Lopes refere que “aquilo que se tem percebido ao estudar estas patologias é que muitas vezes o processo inflamatório surge associado a uma neoangiogenese”, ou seja, uma formação anómala de vasos sanguíneos que nascem a partir de outros vasos e que vão irrigar a zona afetada, fazendo aumentar a dor. Assim, “é ao bloquear este processo, ao bloquear estes vasos, que este tratamento é eficaz”.
Em que consiste a intervenção?
“Este procedimento é realizado por um médico radiologista de intervenção, é minimamente invasivo, sem necessidade de suturas ou de cicatrizes”, descreve Pedro Marinho Lopes. A intervenção “inicia-se com uma punção vascular, que pode ser femoral ou radial, portanto, na virilha ou no braço, de acordo com o órgão a tratar”, em que é inserido um pequeno tubo flexível até à área anormal. Guiados por raio-X, na sala de angiografia, “vamos administrar micropartículas que vão tapar os vasos sanguíneos que são anormais, preservando todos os vasos que são importantes para a irrigação do órgão”.
Antes da intervenção são identificadas as áreas anormais, “com uma hipervascularização”, e “as partículas embólicas tapam mesmo os vasos mais pequeninos ao nível da capilaridade”, inferiores a 1 milímetro de diâmetro. O radiologista destaca que “apesar de tecnicamente exigente, é um procedimento rápido, demora cerca de uma hora, é feito apenas com anestesia local e é praticamente indolor”, o que significa que o doente pode regressar a casa após algumas horas. “Fazemo-lo no fundo a conversar com o paciente”, afirma Pedro Marinho Lopes, explicando que ao longo da intervenção é possível “quase simular a dor naquela zona, para saber que é o sítio certo a tratar”. Assim, “a colaboração com o doente durante o procedimento é também muito importante”.
Que doenças podem ser tratadas?
Pedro Marinho Lopes explica que “este tratamento inicialmente foi usado no tratamento do joelho, na artrose ligeira a moderada, e também no ombro, nos casos de capsulite adesiva, isto é, o ombro congelado”. Mas, entretanto, a Embolização musculoesquelética começou a ser estendida a outras áreas anatómicas: “Por exemplo, na anca. Nesta área, somos a equipa com mais experiência a nível mundial documentada”.
O radiologista refere que estão a surgir ainda outras áreas, “nomeadamente, em tendões e fáscias, tendo-se mostrado eficaz no tratamento da epicondilite, da fascite plantar e da tendinopatia do tendão de Aquiles”. Essa diversidade de patologias possíveis para este tratamento também contribui para a variedade de doentes. “Nós temos tratado doentes dos 30 anos até os 85 anos”, avança Pedro Marinho Lopes.
Benefícios da Embolização musculoesquelética: redução imediata da dor
Segundo Pedro Marinho Lopes, “o principal benefício é a redução da dor, e é uma redução da dor que surge de imediato logo após o tratamento”. Também “não há praticamente período de recobro”, pelo que o doente pode ir para casa ao fim de algumas horas. Além disso, o efeito da intervenção “é duradouro a longo prazo e há baixo risco de complicações”, pelo facto de serem preservados os tecidos circundantes.
Por outro lado, a opção da Embolização MSK está associada a um ambiente multidisciplinar, o que ajuda a garantir que cada doente tem o tratamento mais adequado ao seu problema. “Grande parte dos doentes que nos chegam são enviados para os colegas de Ortopedia, de Fisiatria ou de Reumatologia”, explica o radiologista, “nós fazemos uma avaliação do doente, referenciamos o doente a esse colega e depois de avaliado entendemos se há espaço à nossa técnica”.
Esta sinergia continua além da intervenção, sendo frequentemente recomendadas terapias complementares. “No caso da capsulite adesiva, por exemplo, depois do tratamento, ao reduzir significativamente a dor, aconselhamos a que retomem a fisioterapia de imediato”, explica Pedro Marinho Lopes, porque, “pela diminuição de dor, estão muito mais disponíveis para esse tipo de terapêuticas e a recuperação da mobilidade vai ser muito mais rápida”.
Como saber se a Embolização musculoesquelética é uma opção?
As restrições a esta intervenção são poucas, prendem-se normalmente “com a função renal do paciente, com o número de plaquetas ou com o estado da coagulação”. Também os doentes mais idosos podem ser mais desafiantes, mas o mais importante é a avaliação que é feita antes, uma vez que a severidade do problema também é determinante. Pedro Marinho Lopes indica que “em pacientes com uma artrose já muito severa, a probabilidade de sucesso será um pouco menor”, e no caso de aterosclerose, com o espessamento das paredes dos vasos sanguíneos, “pode ser difícil chegar até ao território a tratar”.
“Na nossa consulta, avaliamos os doentes, explicamos os riscos, os benefícios e no fundo, se for adequado e o doente assim o desejar, avançamos para o tratamento”, explica o radiologista de intervenção. Na CUF, a consulta de Radiologia de Intervenção dedicada às técnicas de Embolização musculoesquelética pode ser feita no Porto, no Hospital CUF Porto e no Hospital CUF Trindade, em Lisboa, no Hospital CUF Tejo, e ainda no Hospital CUF Santarém. “Depois os tratamentos são feitos em hospitais com angiografia, no Hospital CUF Tejo e no Hospital CUF Porto”, termina Pedro Marinho Lopes.