Gravidez depois dos 40: quais as precauções?

Gravidez
Saúde da mulher
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Ser mãe aos 40 anos já não é sinónimo de gravidez de risco. A gestação depois dos 40 anos, se corretamente vigiada, pode decorrer normalmente e com segurança.

O número de mulheres que são mães mais tarde tem vindo a aumentar. Em Portugal, em 2019, a idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho era de 30,5 anos, mas se recuarmos até 1980 essa idade desce significativamente para os 23,6 anos. Estes dados da Pordata (Base de dados de Portugal Contemporâneo) mostram que o aumento da idade média da mãe acontece todos os anos desde 1980 até 2019 (último ano em que dispomos de dados em Portugal). Hoje, há cada vez mais "famílias tardias", com o primeiro filho após os 35 e os 40 anos de idade da mãe.

Embora existam alguns riscos associados à gravidez tardia que é importante conhecer e prevenir, a boa notícia é que a maior parte das mulheres saudáveis que engravidam após os 35 anos têm bebés saudáveis.

 

Fertilidade ao longo da vida da mulher

Quando a mulher nasce, os ovários contêm cerca de um milhão de óvulos, número esse que vai diminuindo ao longo da vida. Quando atingem a adolescência, os ovários têm cerca de 300 mil óvulos e durante a fase reprodutiva contam com aproximadamente 400 óvulos.

O pico da idade reprodutiva numa mulher situa-se entre o final da adolescência e os 29 anos. A partir daí, a fertilidade começa a diminuir. Para casais saudáveis, entre os 20 e 30 anos, cerca de uma em cada quatro mulheres consegue engravidar num único ciclo menstrual. Aos 40 anos, essa probabilidade é de uma em cada dez mulheres.

 

Há riscos na gravidez depois dos 40 anos?

Engravidar depois dos 40 anos apresenta hoje em dia menores riscos do que há alguns anos e a maior parte das mulheres nesta faixa etária, desde que saudáveis previamente, têm bebés também saudáveis. É, no entanto, importante ter em consideração que existem possíveis complicações associadas a uma gravidez tardia, como maiores dificuldades na própria conceção, maior risco de anomalias cromossómicas, de abortos espontâneos ou de doenças gestacionais, como a hipertensão e a diabetes.

A melhor estratégia para evitar estes riscos e ter filhos nesta idade, com segurança aproximada à de uma grávida com idade inferior, inclui planear a gravidez, ter uma adequada avaliação pré-concecional, vigilância pré-natal e a assistência especializada no parto.

Se é verdade que os riscos aumentam com a idade, também é verdade que os avanços da Medicina têm contribuído para que sejam gradualmente mais baixos.

 

Possíveis complicações

Conhecer os riscos é uma das melhores estratégias para saber como reduzi-los.

Com o aumento da idade, a qualidade dos óvulos da mulher diminui. Há também uma maior probabilidade de esses mesmos óvulos apresentarem alterações cromossómicas. Além disso, as mulheres mais velhas têm também um risco maior de contrair doenças que afetam a fertilidade, como miomas uterinos e endometriose. Os riscos de aborto espontâneo e de nados-mortos também aumentam em mulheres acima dos 35 anos. As gravidezes tardias aumentam ainda o risco de pré-eclâmpsia (hipertensão arterial nova ou preexistente), que pode afetar também a saúde do feto.

À medida que a idade avança, existe um maior risco de alterações nos cromossomas dos bebés, sendo a Síndrome de Down o problema mais comum numa gravidez tardia. Enquanto que aos 30 anos, o risco de Trissomia 21 é de um para 940 bebés, aos 40 anos o risco aumenta para um caso de trissomia em cada 85 bebés, e um caso em cada 35 bebés aos 45 anos.

 

Gravidez tardia: a vigilância é (ainda mais) importante

Para reduzir o risco de complicações é fundamental aumentar os cuidados pré-natais nas gravidezes tardias, que deverão ser iniciados ainda no período pré-concecional.

Os riscos existem e uma gravidez tardia deve ser vigiada nas consultas de Obstetrícia, associada a exames de rastreios pré-natal, como a amniocentese (colheita de líquido amniótico que permite despistar com rigor anomalias no feto) - apesar de estar especialmente indicada para mulheres acima dos 35 anos, a amniocentese é um exame de diagnóstico e rastreio que deve ser associada a outros exames, como o rastreio bioquímico e as ecografias sequenciais durante a gravidez.

Fontes:

Associação Portuguesa de Demografia, maio 2021

Medical News Today, maio 2021

Nascer em Portugal - Fundação Francisco Manuel dos Santos, maio 2021

The American College of Obstetricians and Gynecologists, maio 2021

WebMD, maio 2021

Publicado a 02/06/2021