Há vantagens em usar um purificador de água?

Todos conhecemos a importância de beber água - dois a três litros em média, por dia, para os adultos - para manter o corpo hidratado. A água repõe os líquidos do organismo que são perdidos ao longo do dia, mas também fornece nutrientes e minerais essenciais ao equilíbrio eletrolítico.

Paralelamente ao aumento do consumo de água da rede pública, surgiram no mercado filtros e purificadores de água, desde jarros com filtros a dispositivos mais complexos ligados às torneiras. Isto resulta sobretudo de muitas pessoas não apreciarem o sabor ou aroma da água da torneira, acreditando que poderá ter algum problema de qualidade ou de pureza. Na verdade, a qualidade da água da torneira em Portugal continental situa-se em 98,96 % segundo a ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, o que coloca a água da rede pública nacional num nível de excelência.

Será então que a água filtrada é benéfica para a saúde? Compensa o investimento? No caso da rede pública, filtrar a água não lhe acrescenta valor nutricional, antes pelo contrário, retira sais minerais. E se a qualidade da água na origem não estiver assegurada - se vier de uma fonte, ribeiro, ou poço - um jarro com filtro ou um pequeno sistema purificador não vai garantir a sua segurança.

Sabia que...

A maioria dos concelhos em Portugal continental tem água com qualidade acima de 99 %. Atualmente, apenas no concelho de Fronteira se regista uma qualidade da água inferior a 95 %.

O que é a água filtrada ou purificada?

A filtragem ou purificação da água doméstica é normalmente feita usando a água da torneira, recolhida em jarros ou que passa através de um adaptador em torneiras, utilizando filtro habitualmente de carvão ativado, pelo qual passa a água. Outros sistemas mais complexos, como a troca de iões, acrescentam aos filtros de carvão e areia a capacidade de remover cálcio e magnésio (que aumentam a dureza da água). A técnica de osmose inversa recorre a uma tecnologia que é mais usada em ambiente industrial, e que retira nitratos, sódio, cloro, flúor e outros químicos ou contaminantes. Já a radiação com raios UV elimina bactérias, mas não químicos presentes na água.

A água filtrada não é melhor do que a água da torneira?

Em teoria, passar a água da rede pública por um filtro para a purificar traria benefícios, na medida em que seriam eliminados elementos químicos nocivos ou que possam estar em concentração elevada na água que consumimos. No entanto, a água da torneira já passa por extensos processos de tratamento, num processo de regulação oficial e de testes frequentes para garantir a sua qualidade e segurança. Ou seja, todos os componentes que nela estejam presentes ou são benéficos para o nosso organismo ou existem em níveis muito abaixo do que seria prejudicial à saúde.

Por outro lado, os filtros e purificadores de água não distinguem entre elementos bons e maus na água: ou removem ou deixam passar. Assim, junto com esses químicos e até pesticidas e outros contaminantes - cuja presença, salvo situações inesperadas, é meramente residual - ficam retidos no filtro minerais e nutrientes essenciais ao corpo humano e ao seu equilíbrio eletrolítico.

E o cloro, que deixa um sabor desagradável?

Tal como os outros componentes, o cloro só seria prejudicial em valores muito superiores ao que está estipulado pela legislação nacional e europeia. E o papel do cloro enquanto desinfetante continua a ser essencial para a promoção da saúde pública, uma vez que impede a transmissão de doenças que até há algumas décadas eram mais comuns, como cólera ou febre tifoide.

Além disso, a presença residual do cloro mantém algum do seu poder desinfetante após a água da torneira ser colocada num jarro, garrafa ou copo. Assim, é uma proteção acrescida para que essa água não fique contaminada até ser consumida, algo que não acontece quando passa num sistema de filtragem que elimina o cloro.

Há perigos na água filtrada ou purificada?

Em situações normais, a água filtrada não coloca riscos para a saúde, mesmo que elimine alguns dos nutrientes presentes na água e necessários ao organismo - desde que não seja a única forma de consumo ao longo do dia, ou caso haja uma recomendação médica para beber água mais filtrada. Ainda assim, isso depende essencialmente da boa manutenção do filtro ou do equipamento em geral que é usado para purificar a água.

Seja um simples jarro ou um complexo sistema de filtragem, se não for bem cuidado e os componentes como filtros não forem substituídos de acordo com as instruções do fabricante, a falta de benefícios transforma-se em perigo efetivo para a saúde. O filtro acumula impurezas, químicos, minerais e outras substâncias que podem ser prejudiciais. A partir do momento em que perde a sua capacidade de retenção, esses componentes nocivos podem seguir em níveis ainda maiores para o copo de água que bebemos.

E se quisermos consumir água de um depósito ou furo?

Apesar da capacidade de filtragem que muitos sistemas de purificação de água têm, isso não tem comparação com as capacidades de tratamento de águas das estações que garantem a qualidade da rede pública. Caso se pretenda consumir água de um poço, de um depósito ou de um furo que se fez numa propriedade, é necessário pedir a análise dessa água à entidade competente e repetir depois de forma regular. Só assim se consegue garantir a qualidade da água - que pode até estar apta para consumo imediato - ou encontrar o sistema adequado para a tornar potável.

Como melhorar o aroma ou sabor da água da torneira?

A composição química e mineral da água, a sua dureza, refletem-se no sabor ou odor da mesma. Ainda assim, a sensibilidade a esses fatores é variável entre as regiões do país (graníticas para água macia; calcárias para água dura) e varia muito de pessoa para pessoa. É frequentemente uma questão de gosto, e há formas de tentar suavizar o aroma ou sabor da água, nomeadamente relativamente à presença mais notada de cloro:

• Deixar a água repousar meia hora, numa garrafa no frigorífico, por exemplo, para afastar o odor do cloro.
• Em dias de calor ou no caso de tubagens expostas, deixar correr um pouco a água para que saia mais fresca.
• Não utilizar água não cristalina, quando está avermelhada ou acastanhada, que pode ser resultado de trabalhos de canalização.
• Lavar frequentemente os jarros em que se serve a água e as garrafas reutilizáveis, para impedir a contaminação mas também a transferência de outros odores.
• Substituir frequentemente os cubos de gelo não usados do congelador, pois podem absorver sabor dos alimentos.
• Não tirar água quente da torneira para ferver e fazer chá. Ferver sempre a água fria, para eliminar o sabor do cloro.
• Deixar correr um pouco a água das torneiras após férias ou outra ausência mais prolongada. Antes de beber e cozinhar, mas também antes de lavar as mãos ou o rosto.

Recorde que...

Usar uma garrafa de água reutilizável permite reduzir o uso excessivo de plástico associado ao consumo corrente de água mineral engarrafada.