Miringotomia: em que casos é necessária

Bebés e crianças
Ouvidos, nariz e garganta
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Em infeções no ouvido, a miringotomia ajuda a libertar a pressão e o líquido acumulado. Nas crianças costumam ser colocados tubos, a timpanotomia.

As otites nas crianças são um pesadelo para toda a família. É difícil ultrapassar as noites sem dormir; o choro que parece não terminar; o consolo e conforto que não se consegue dar, por vezes sem se saber o que se passa. Muitas vezes, o choro termina de repente, e encontra-se líquido na almofada ou a sair de um ouvido. Pode tratar-se de uma otite, uma infeção caracterizada pela acumulação de líquido no ouvido médio.

Com o organismo ainda a desenvolver-se - canais do nariz e ouvido mais estreitos e menos verticais, para favorecer a drenagem -, é nas crianças que mais acontecem este tipo de infeções. E quando são recorrentes, pode ser necessário um procedimento cirúrgico para ajudar a libertar pressão e fluido, e evitar problemas maiores, como a perda de audição. Também os adultos podem ter de passar por essa intervenção, chamada miringotomia.

 

O que é a miringotomia?

Chama-se miringotomia a um pequena incisão que é feita na membrana do tímpano, o que permite a libertação de líquido do ouvido médio, e o equilíbrio da pressão entre o exterior e essa zona. A miringotomia representa um alívio bastante grande e ajuda a prevenir novas infeções. Normalmente é feita num dos ouvidos, que está a ser particularmente afetado, mas pode ser realizada em ambos.

 

Como é feita a intervenção?

Nas crianças, a miringotomia é feita com recurso a anestesia geral, enquanto que nos adultos normalmente basta uma anestesia local. Após a realização de análises e outros exames necessários, o médico dará antecipadamente as instruções para as horas de jejum antes da intervenção.

Por vezes, particularmente nos mais pequenos, de forma a prevenir o reaparecimento de otites mais tarde, é colocado no orifício um “tubinho nos ouvidos” plástico - tubos de ventilação - que mantém a continuidade da segregação de fluidos. Esse procedimento, a timpanotomia, já está normalmente previsto pelo especialista antes de ser realizada a miringotomia.

 

Sabia que...

A maior parte das crianças sofre uma otite nos primeiros 3 anos de vida. Nalguns casos, essa situação é recorrente, levando à necessidade de uma intervenção.

 

Quando é recomendada a miringotomia?

As infeções em crianças são o principal motivo para realizar uma miringotomia, mas há outras situações, e idades, em que este o procedimento pode ser a melhor solução:

  • Infeções frequentes nos ouvidos, como a otite média aguda.
  • Otite média crónica, que não está a responder a tratamento.
  • Perda de audição.
  • Barotrauma, dor devido a alterações na pressão do ar (viagem de avião, mergulho).

 

E a timpanotomia?

O sistema auditivo das crianças demora a desenvolver-se, o que leva a que por vezes as otites, e as infeções nos ouvidos em geral, aconteçam mais frequentemente. Particularmente na altura de gripes e constipações, quando os canais nasais e auditivos são mais sujeitos a entrada de bactérias e a secreções de muco. A saída de fluidos do ouvido médio é feita através da trompa de Eustáquio, um canal que nas crianças não está tão desenvolvido, ficando facilmente sujeito a obstruções, principalmente no caso de uma infeção. Assim, a miringotomia pode não ser suficiente.

Uma vez que as consequências nos mais jovens podem ser graves, particularmente a perda de audição, e a probabilidade de o problema continuar a surgir é elevada, os otorrinolaringologistas podem recomendar a miringotomia acompanhada da inserção dos “tubinhos”, a timpanotomia.

Os tubos de timpanostomia ou miringotomia, em plástico, também conhecidos por tubos de ventilação, são semelhantes a secções de uma palhinha muito fina. São colocados no local da incisão, após a aspiração dos fluidos e desinfeção, e ajudam a manter o equilíbrio da pressão do ar dentro e fora do ouvido. Ficam na membrana do tímpano normalmente entre quatro meses a um ano e meio e podem cair sozinhos ou ser retirados pelo médico, nomeadamente se isso não acontecer ao fim de dois anos. O orifício acaba por fechar naturalmente.

 

Como é a recuperação?

No caso de uma miringotomia, que demora 15 a 20 minutos e na qual apenas é aplicada uma pequena gaze no local da incisão, a recuperação demora no máximo quatro semanas. As recomendações prendem-se essencialmente com a troca regular da gaze, evitar submergir a cabeça em água e usar tampões nos ouvidos durante o banho.

Quanto à timpanotomia, apesar de os “tubinhos” poderem ficar mais de um ano nos ouvidos, não interferem com a vida normal. É necessário apenas seguir bem a medicação prescrita e fazer algumas consultas de avaliação regulares ao estado do ouvido. E, caso antes da intervenção estivesse a haver perda de audição, o médico pode recomendar a realização de um audiograma.

 

Fale com o seu médico assistente ou um otorrinolaringologista, que o pode esclarecer de forma mais completa.

Fontes:

Cleveland Clinic, dezembro de 2022

Mayo Clinic, dezembro de 2022

WebMD, dezembro de 2022

Publicado a 10/11/2023