Os vários tipos e os sinais de alarme do lúpus
Esta doença autoimune pode surgir em qualquer idade e, além da pele, pode afetar muitos órgãos e sistemas do organismo. Reconheça os sinais de alarme do lúpus.
O nome significa “lobo”, em latim, e tem origem na semelhança entre as lesões cutâneas avermelhadas (eritematosas) comuns nesta doença e as marcas deixadas por dentadas daquele animal.
O lúpus é uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunitário, responsável pela defesa do organismo contra agressões externas, reage contra si próprio. Como resultado, gera-se inflamação e alteração da função do(s) sistema(s) afetado(s). Como estes podem ser múltiplos, o lúpus pode abranger manifestações e complicações variadas que, em alguns casos, podem ameaçar a vida. Mas, na maioria das situações, a doença pode ser controlada com medicação e alteração do estilo de vida. E, qualquer que seja a sua forma, é crónica e não contagiosa.
Tipos de lúpus
-
Discoide
Afeta apenas a pele (discoide deriva de disco, referindo-se à forma das lesões cutâneas) e manifesta-se através de uma erupção cutânea na face, pescoço ou couro cabeludo que é mais notória quando a pele é exposta à luz solar, bem como por queda de cabelo. Em casos raros, pode evoluir para lúpus sistémico.
-
Sistémico
Pode afetar qualquer órgão ou sistema do organismo, causando sintomas a nível da pele e articulações, bem como inflamação dos pulmões, rins, sangue ou outros órgãos ou tecidos. Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, pode ter associado qualquer tipo de lesão cutânea, mas a mais característica é a que surge no rosto em forma de borboleta - estendendo-se sobre o dorso do nariz e até ambas as maçãs do rosto. Caracteriza-se pela alternância entre períodos de surto, em que a doença está mais ativa, e períodos de remissão, com poucos ou nenhuns sintomas.
-
Induzido por medicamentos
Ocorre devido à toma de fármacos, originando manifestações idênticas às do lúpus sistémico na pele, articulações ou órgãos internos. É o caso de mais de 70 medicamentos, incluindo alguns para tratar a hipertensão, arritmia ou convulsões. Pode desenvolver-se mesmo que já se tome a medicação há muito tempo sem se ter tido problemas. Desaparece algum tempo após a suspensão da toma.
-
Neonatal
É raro, mas alguns bebés nascem com lesões cutâneas típicas do lúpus ou com alterações do ritmo cardíaco. Estão em risco de o desenvolver bebés cujas mães tenham certos autoanticorpos na circulação sanguínea, o que não implica necessariamente que tenham lúpus: podem ter outras doenças aparentadas ou, até, ser saudáveis.
Quem é mais afetado
O lúpus atinge oito a dez vezes mais mulheres do que homens, surgindo mais frequentemente entre os 18 e os 55 anos, mas pode desenvolver-se em qualquer idade, incluindo em crianças e idosos.
Embora as causas sejam desconhecidas, sabe-se que existe uma predisposição familiar, pelo que os familiares de pessoas com doenças autoimunes (lúpus, tiroidite, diabetes tipo 1, síndrome de Sjögren, síndrome de Hughes) têm maior probabilidade de serem afetados. No entanto, de acordo com informação disponibilizada no Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, não é considerada uma doença hereditária.
A doença pode ser precipitada por fatores endógenos como o stress físico, cansaço excessivo, infeções, privação de sono, traumatismos ou gravidez, entre outros, bem como por fatores exógenos como a exposição a luz solar ou fluorescente e o stress emocional.
Sinais de alarme do lúpus
Segundo a mesma fonte, e na maioria dos casos, um doente só apresenta alguns dos sinais e sintomas mencionados abaixo:
- Cansaço, perda de apetite (anorexia) e perda de peso
- Manchas vermelhas/rosadas na pele no rosto (especialmente nas bochechas e no nariz, em forma de borboleta), braços ou pescoço
- Manchas vermelhas/rosadas na pele, em forma de disco, e que podem deixar cicatriz - lesão discoide
- Fotossensibilidade (demasiada sensibilidade à luz solar)
- Alteração de cor, geralmente do(s) dedo(s) das mãos ou dos pés, que se tornam azulados ou brancos
- Alopecia (queda de cabelo)
- Feridas na boca ou nariz
- Dores nas articulações (especialmente nos dedos das mãos, punhos, joelhos, tornozelos ou anca), mais de manhã e, por vezes, acompanhadas de rigidez e/ou calor, inchaço, vermelhidão e dificuldade nos movimentos
- Inflamação do revestimento dos pulmões (pleura), que se manifesta por dor torácica que se agrava com a inspiração profunda e com a tosse e/ou derrame (existência de líquido) na pleura
- Inflamação do revestimento do coração (pericárdio) que se manifesta por dor torácica que alivia quando o doente se dobra para a frente e para baixo sobre os joelhos e/ou derrame no pericárdio
- Maior suscetibilidade às infeções, o que leva ao aumento da frequência destas
- Problemas de funcionamento do rim
- Convulsões e/ou depressões
- Cansaço, palpitações, palidez
- Hemorragias/nódoas negras que surgem facilmente
Sabia que...
Existem consultas específicas para doentes com lúpus ou consultas de Medicina Interna vocacionadas para doenças autoimunes.