Saiba como reconhecer e controlar o lúpus

Doenças crónicas
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É uma doença autoimune rara que afeta 0,07% dos portugueses e a sua evolução pode ser variável. Aprenda a controlar o lúpus.

O Lúpus Eritematoso Sistémico é uma doença crónica inflamatória autoimune, que se carateriza pela produção de anticorpos contra componentes do próprio organismo e que pode envolver qualquer órgão ou sistema.

Trata-se de uma doença rara que afeta cerca de 0,07% da população portuguesa e que, apesar de ocorrer em crianças ou idosos e no homem, é muito mais frequente na mulher adulta em fase reprodutiva. Não é contagiosa nem hereditária, apesar de ter maior probabilidade de surgir em pessoas com familiares diretos que tenham a doença.

 

Causas e evolução

A causa desta doença é desconhecida e multifatorial, em que contribuem fatores genéticos, hormonais, imunológicos e ambientais, sendo a exposição solar o que mais frequentemente se associa ao despoletar da doença ou ao desenvolvimento de agudizações inflamatórias.

Clinicamente, o Lúpus Eritematoso Sistémico é uma doença muito heterogénea, pois pode ter uma evolução crónica, com sintomas constantes e persistentes, ou, pelo contrário, evoluir de forma intermitente, com períodos sintomáticos intercalados com fases de total ausência de sinais ou sintomas, de duração muito variável. Da mesma forma, a gravidade da doença é também muito variável, pelo que pode cursar de forma "benigna" ou, por outro lado, provocar a morte.

 

Sintomas e sinais do Lúpus

Os sintomas e sinais mais frequentes são as manifestações cutâneas e/ou articulares (cerca de 90% dos doentes), pelo que, habitualmente, os doentes procuram, em primeiro lugar, além do seu médico assistente, o especialista em Reumatologia e/ou em Dermatologia.

As dores articulares generalizadas, por vezes associadas de tumefação e calor, e de predomínio matinal e/ou em repouso, juntamente com o eritema (vermelhidão) facial "em asa de borboleta", são os sinais que, de uma forma mais evidente, poderão fazer suspeitar de Lúpus Eritematoso Sistémico.

Nos casos de maior gravidade, esta doença poderá envolver órgãos internos, nomeadamente o coração, o pulmão, o sistema nervoso central e o sistema sanguíneo, mas o rim é, sem dúvida, o mais frequentemente afetado (cerca de 40% dos doentes).

 

Diagnóstico

Não existe forma conhecida de evitar a doença, mas o diagnóstico atempado e precoce é fundamental para evitar as suas complicações, que poderão conduzir à morte. Assim, torna-se essencial que, perante sintomas e/ou sinais sugestivos de Lúpus Eritematoso Sistémico, os doentes procurem rapidamente um médico experiente no diagnóstico e tratamento desta doença.

Sendo uma doença rara e clinicamente muito heterogénea, o diagnóstico é por vezes difícil, pelo que só um clínico experiente poderá, em face de um conjunto de sintomas e sinais característicos e evocadores da doença, confirmar o diagnóstico através da ajuda de análises laboratoriais específicas. Entre elas, os Anticorpos Antinucleares (ANA) serão aqueles que, numa primeira abordagem laboratorial, poderão fazer suspeitar de Lúpus Eritematoso Sistémico.

 

Tratamento: como controlar o lúpus

Uma vez que o Lúpus Eritematoso Sistémico não tem causa conhecida, também não existe tratamento curativo específico, daí ser considerada uma doença crónica.

No entanto, estão disponíveis fármacos que, comprovadamente, são eficazes no controlo das manifestações clínicas dos vários órgãos e/ou da atividade inflamatória da doença. Entre eles, destacam-se os corticosteroides (cortisona) e os imunossupressores, além dos anti-palúdicos de síntese (Hidroxicloroquina) que desempenham um papel muito importante na redução da sua morbilidade e da sua mortalidade. 

Por outro lado, é sabido que algumas medidas não farmacológicas são cruciais para o bom controlo da doença, nomeadamente:

  • proteção solar durante todo o ano
  • abstinência tabágica
  • dieta saudável e equilibrada
  • prática de exercício físico regular

Apesar da sua potencial gravidade, na maioria dos casos e desde que a situação clínica seja bem controlada e vigiada, a esperança média de vida dos doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico poderá ser sobreponível à da população em geral.

Publicado a 10/05/2017
Doenças