Quais os perigos da lagarta do pinheiro?

Alergias
Prevenção e bem-estar
5 mins leitura

É comum encontrar lagartas do pinheiro em florestas ou parques. Devemos conhecer os perigos que representam para pessoas e animais.

Entre janeiro e maio, é possível encontrar uma ou várias filas longas de lagartas do pinheiro a descerem das árvores e a deslocarem-se pelo solo. As lagartas vão perfeitamente alinhadas, com a cabeça de uma a tocar a cauda da seguinte, por vezes ao longo de vários metros. No entanto, estes animais podem ser perigosos para as pessoas, e também para os animais, devido às reações alérgicas que provocam.

É fundamental evitar o contacto e mesmo a aproximação às lagartas do pinheiro. Caso tal aconteça, há formas de prevenir ou limitar a reação alérgica causada.

 

O que é a lagarta do pinheiro?

Trata-se de um inseto que vive vários meses nas copas das árvores, passando por várias fases ao longo da vida: larva, lagarta, pupa e inseto adulto voador, uma traça. Chama-se lagarta do pinheiro porque se alimenta das agulhas dos pinheiros e faz o seu ninho lá; também é comum o nome processionária, devido à forma curiosa como se desloca, em “procissão”.

Com um ciclo de vida de cerca de um ano, as lagartas do pinheiro começam por viver nas árvores, primeiro num ninho como larvas, e depois num segundo ninho maior, composto de fios brancos sedosos que formam uma bola ou um tufo grande nas copas. As lagartas descem ao solo no final do inverno ou na primavera, para passarem pela fase de crisálida até se transformarem em traças. É nessa fase voadora, no verão, que vão pôr os ovos nos pinheiros novamente.

A lagarta do pinheiro existe principalmente nos países do Mediterrâneo, Norte de África e Médio Oriente, sendo semelhante a outra lagarta que prefere os carvalhos e que está disseminada mais no centro e norte da Europa. Ambas se deslocam em grupo, fazem o ninho na árvore onde se alimentam e têm os mesmos riscos para a saúde.

 

Sabia que...

O ciclo de vida da lagarta do pinheiro depende da temperatura e das condições do clima em cada região. Com as alterações climáticas, a reprodução pode ser maior e torna-se também mais difícil prever quando vão descer das árvores.

 

Por que é perigosa a lagarta do pinheiro?

A processionária passa por cinco fases de crescimento como lagarta, até se encapsular num casulo, debaixo da terra, de onde sairá como traça no verão. A partir da 3.ª fase, ainda no inverno, o corpo da lagarta começa a desenvolver milhares de pelos minúsculos alaranjados, com substâncias que provocam reações alérgicas. É quando as lagartas se movimentam mais nas árvores e começam depois a descer para formar casulo que os riscos para a saúde aumentam.

O efeito urticariforme dos pelos da lagarta do pinheiro manifesta-se na pele, nos olhos, nas mucosas nasais e nos pulmões. Além de serem muito pequenos, os pelos soltam-se com o movimento do inseto, podendo estar pousados no solo e nas folhas, suspensos no ar ou deslocar-se com o vento, daí o risco de aproximação às lagartas. São particularmente perigosos para animais como os cães, que podem chegar demasiado perto e inalarem os pelos, bem como para as crianças, se ficarem curiosas ou se caminharem distraídas.

 

Sabia que...

Os pelos da lagarta do pinheiro contêm taumetopoína, uma proteína com propriedades urticariformes com efeitos em pessoas e animais - é daí que vem o nome latino da lagarta, Thaumetopoea.

 

Como se manifesta a alergia?

A reação alérgica provocada pela lagarta do pinheiro depende do grau de contacto e da sensibilidade de cada pessoa a alergias, ocorrendo tanto em crianças como em adultos. Pode manifestar-se ao fim de poucos minutos ou horas depois e provocar efeitos ao longo de várias horas ou mesmo dias.

Os sintomas mais comuns são:

  • Irritação cutânea com comichão ou ardor;
  • Eritema, pele vermelha;
  • Edema, inchaço;
  • Irritação ocular, semelhante a conjuntivite;
  • Tosse e dificuldade em respirar, em caso de inalação.

 

O que fazer em caso de contacto com a lagarta do pinheiro?

Uma vez que os efeitos podem não ser imediatos, caso haja suspeita ou risco de contacto com lagartas do pinheiro, é importante eliminar a possível presença dos pelos como prevenção da reação alérgica. Principalmente nas pessoas que são mais suscetíveis a alergias cutâneas ou respiratórias.

Algumas medidas que devem ser colocadas em prática são:

  • Retirar a roupa e lavar a altas temperaturas;
  • Tomar banho ou lavar bem a zona da pele ou os olhos com água fria corrente;
  • Remover pelos urticantes visíveis, com uma fita adesiva, por exemplo;
  • Aplicar creme hidratante na zona exposta da pele;
  • Tomar um anti-histamínico oral, caso disponível.

 

No caso de uma reação mais grave, nomeadamente nos olhos ou sistema respiratório, com a presença de dificuldade respiratória, sobretudo em pessoas com asma ou alergias prévias, é aconselhável a ida aos serviços de atendimento permanente. Já os animais de companhia, cujos sintomas podem ser mais difíceis de identificar, também devem ser observados por um veterinário.

 

Como fazer a prevenção?

A melhor forma de prevenir o contacto com lagartas do pinheiro e as reações alérgicas provocadas por estes animais é evitar os locais onde elas costumam fazer os ninhos ou estar atento em caminhadas em florestas e espaços verdes. As processionárias fazem o ninho em diferentes espécies de pinheiros, sendo comuns tanto em florestas com pouca presença humana como em jardins públicos, parques e matas junto a habitações.

Se as vir numa zona de floresta, a recomendação é apenas que se afaste. Se essa zona arborizada for propriedade privada, cabe ao dono tomar medidas para controlar ou eliminar a ameaça da lagarta do pinheiro, seguindo métodos que variam em função do estádio de desenvolvimento do inseto. Caso encontre ninhos de lagartas do pinheiro em jardins, parques ou noutras árvores existentes em contexto urbano - como em pracetas ou em torno de escolas e outros edifícios públicos - deve contactar a Proteção Civil, a Câmara Municipal ou os serviços regionais do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Fontes:

DECO PROteste, fevereiro de 2024

Forest Research, fevereiro de 2024

INEM, fevereiro de 2024

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, fevereiro de 2024

Repositório da Universidade de Lisboa, fevereiro de 2024

Publicado a 25/03/2024
Doenças