Ressonância Magnética
Para cada tipo de lesão desportiva do joelho, fique a saber de que modo a ressonância magnética pode ser importante na sua deteção e indicação terapêutica.
A articulação do joelho é uma das principais articulações do nosso corpo que é lesada durante a prática desportiva. Assim, várias lesões da articulação do joelho podem ter indicação cirúrgica: lesões meniscais, lesões ligamentares (LCA e LCP) e lesões da cartilagem.
Além da clínica, os exames imagiológicos são muito importantes neste tipo de lesões e, aqui, a Ressonância Magnética desempenha um papel muito relevante não só na deteção e caracterização do tipo de lesão, mas também na opção pelo tratamento conservador ou cirúrgico e na escolha do tipo de procedimento cirúrgico.
1. Lesões Meniscais
As lesões meniscais ocorrem quando o joelho está fletido e é submetido a uma força rotacional. As roturas são mais frequentes em doentes jovens na segunda e terceira década de vida. Doentes com idade mais avançada (quinta e sexta décadas), mesmo sem serem submetidos a traumatismos de alta energia, podem também sofrer lesões meniscais, com pequenos movimentos torcionais do joelho, mesmo durante a atividade normal.
Diagnóstico: No diagnóstico clínico deste tipo de lesões pode haver a história do entorse, dor ao "agachar" ou ao subir escadas. Podem ocorrer bloqueios do joelho. A Ressonância Magnética é utilizada para confirmar o diagnóstico da lesão, além de poder detetar outras lesões associadas.
Tratamento: O tratamento conservador está indicado para lesões pequenas e estáveis (raras) e em doentes mais idosos, sedentários e com poucas queixas. Em indivíduos com lesões meniscais sintomáticas, o tratamento de eleição é a meniscectomia (regularização da lesão meniscal) ou sutura meniscal através de cirurgia artroscópica.
2. Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
O mecanismo mais frequente de lesão do LCA é a torção do joelho com o pé fixo no solo, em que o corpo "roda" internamente em relação à perna. Pode também ser lesado em "agachamentos", hiperflexão do joelho ou traumatismos diretos. Este tipo de lesões faz-se acompanhar, geralmente, por derrames do joelho.
Diagnóstico: A Ressonância Magnética é essencial no diagnóstico deste tipo de lesões porque, além de confirmar a lesão, pode detetar outras lesões associadas que, por vezes, não é possível detetar clinicamente devido ao grande derrame que pode existir (lesões meniscais, cartilagem ou de outros ligamentos).
Tratamento: Nas roturas completas, o tratamento é geralmente cirúrgico (excepto em indivíduos idosos ou muito sedentários) porque este ligamento não tem capacidade para se regenerar sozinho, procedendo-se a uma ligamentoplastia, em que o enxerto mais frequentemente utilizado são os tendões isquiotibiais.
3. Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP)
Este ligamento pode ser lesado através de traumatismos diretos ou indiretos. O traumatismo direto mais frequente é o acidente de viação em que a lesão ocorre através de um traumatismo na região anterior do joelho. Os traumatismos indiretos ocorrem geralmente em lesões desportivas com hiperflexão ou hiperextensão do joelho.
Diagnóstico: Neste caso, a ressonância magnética, além de poder mostrar lesões associadas, mostra o local exato da lesão: avulsão da tíbia/fémur ou rotura intra-substância.
Tratamento: Apesar dos grandes avanços no conhecimento da anatomia e biomecânica do LCP, o tratamento é ainda controverso: lesões isoladas do LCP grau I/II têm geralmente tratamento conservador (fisioterapia), enquanto que o tratamento é cirúrgico (ligamentoplastia) em lesões completas (grau III) associadas a lesões do compartimento posterolateral, avulsões ósseas (arrancamentos da inserção do LCP) ou lesões completas isoladas em desportistas.
4. Lesões da cartilagem do joelho
Estas lesões podem ocorrer por traumatismo direto (desportivo ou não) ou por microtraumas de repetição, levando ao desgaste lento e progressivo da cartilagem. Como a cartilagem articular é muito pouco irrigada, tem grande dificuldade em cicatrizar.
As lesões da cartilagem do joelho estão presentes em cerca de 5,1% dos doentes com menos de 40 anos. Acima desta idade pensa-se que a prevalência seja cerca de 60,7%
Diagnóstico: A Ressonância Magnética, além de diagnosticar este tipo de lesões, mostra-nos a profundidade e a extensão da lesão, sendo uma preciosa ajuda para o tipo de tratamento.
Tratamento: Dependendo do tamanho e da profundidade da lesão, o tratamento cirúrgico é diferente. Assim, em lesões até 1 cm2 podemos efetuar estabilização das lesões com radiofrequência, microperfurações ou aplicações de fatores de crescimento. Em lesões acima de 1,5 cm2 podemos proceder a mosaicoplastia (aplicação de enxerto de cartilagem autólogo) ou cultura de condrócitos (em que se retira uma pequena quantidade de cartilagem do doente que é multiplicada em laboratório e inserida no local da lesão).
No tratamento não cirúrgico deste tipo de lesões utilizam-se os agentes condroprotetores que têm como função retardar ou diminuir a velocidade do desgaste da cartilagem.
Sabia que...
A Ressonância Magnética é um exame seguro (inócuo) que utiliza uma tecnologia à base de ondas de radiofrequência num forte campo magnético e que permite obter imagens em vários planos.