Síndrome de Tourette: o que significa e como gerir?
Alguns tiques são, na verdade, manifestações da Síndrome de Tourette, um problema que começa cedo e interfere com a vida pessoal, escolar, laboral e social.
A Síndrome de Tourette é uma perturbação neurológica crónica que se traduz na presença de determinados tiques (simples ou complexos), com início antes dos 18 anos de idade.
Os tiques são movimentos (tiques motores) e vocalizações (tiques vocais) sem sentido e fora do contexto, involuntários, rápidos e recorrentes. A sua frequência e intensidade são variáveis.
A Síndrome de Tourette é três vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres. Estima-se que cerca de 1% da população sofra deste problema.
Tipos de tiques
- Piscar repetidamente os olhos
- Fazer caretas
- Mover a cabeça de um lado para o outro
- Tossir, pigarrear, fungar ou cuspir
- Encolher ou sacudir os ombros
- Esticar os braços, estalar os dedos, bater palmas ou fazer outros movimentos com os braços e as mãos
- Chutar, saltar, rodar, torcer-se ou fazer outros movimentos com os pés e as pernas
- Repetir determinadas palavras
- Dizer palavrões (coprolalia) ou fazer gestos obscenos
- Gritar, gemer, assobiar, grunhir ou emitir outros sons
Quais são as causas da Síndrome de Tourette?
As causas da síndrome de Tourette não são totalmente conhecidas. Estudos científicos sugerem a existência de uma componente genética e de anomalias em neurotransmissores cerebrais, designadamente na dopamina. Os tiques pioram com situações de stress e cansaço.
Diagnóstico
Não basta ter um tique para se dizer que tem Síndrome de Tourette. O diagnóstico é feito através das manifestações clínicas e da evolução das mesmas. O médico poderá pedir outros exames, como um eletroencefalograma ou uma ressonância para despistar outras doenças.
Esta síndrome pode confundir-se com outras patologias, como perturbação obsessivo-compulsiva, ansiedade ou perturbação de hiperatividade e défice de atenção. Pode ainda associar-se a problemas de aprendizagem.
Tratamento da Síndrome de Tourette
Cada caso é um caso no que respeita ao tratamento. Do arsenal terapêutico fazem parte, por exemplo, ansiolíticos, neurolépticos, psicoterapia e estimulação cerebral profunda.
Como gerir a doença
Não existe uma fórmula mágica para lidar com a Síndrome de Tourette. Isto aplica-se quer às pessoas afetadas, quer à família. Eis alguns conselhos:
- Procure a ajuda de especialistas e profissionais com experiência.
- Informe e envolva os professores e a equipa pedagógica de forma a diminuir o impacto dos tiques a nível escolar.
- Os castigos são escusados. Entenda que as crianças não têm culpa dos seus tiques. Podem até conseguir suprimi-los momentaneamente, mas estes acabam por manifestar-se depois com ainda maior intensidade.
Atenção!
Embora esta síndrome não tenha cura, algumas pessoas melhoram significativamente no final da adolescência ou no início da idade adulta (20 a 25 anos), falando-se mesmo em remissão.
Sabia que...
A Síndrome de Tourette tem o nome do médico francês Gilles de la Tourette, que a descreveu pela primeira vez em 1885.