Sono do adolescente
Não há dúvida sobre a importância fundamental do sono na manutenção de uma boa saúde física e mental.
O sono perturbado é considerado tanto um sinal preditivo como um sintoma de muitas doenças, e está associado a reduções substanciais na qualidade de vida.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, os adolescentes necessitam de cerca de 9 a 10 horas de sono por dia, necessidades que vão diminuindo ao longo da adolescência. Na adolescência precoce necessitam em média de cerca de 10h, e na adolescência tardia cerca de 8,5h de sono por noite.
Mas atualmente os adolescentes dormem muito menos, o que é uma preocupação crescente na nossa sociedade, pois este défice de sono, pode ter graves consequências para a sua saúde, desenvolvimento e rendimento escolar.
O défice de sono nos adolescentes, não resulta da diminuição da necessidade de sono, mas sim da convergência de várias influências biológicas, psicológicas e sócio-culturais, como por exemplo: Alterações dos sistemas de regulação do sono tornam fisicamente mais fácil ao adolescente ficar acordado mais tempo e mais difícil manter os anteriores horários do deitar (pré-pubertários); Fatores psicossociais como horários de deitar selecionados pelo próprio adolescente, resposta à pressão académica e a disponibilidade e uso de tecnologia e redes sociais à noite; as escolas que têm tendência a antecipar a hora de início das aulas nos anos escolares mais avançados. Como os adolescentes não se deitam mais cedo, acabam por ainda dormir menos; atividades extra-curriculares ou trabalhos em part-time. Como consequência, os adolescentes dormem muito pouco e são solicitados a estar acordados numa fase circadiana inadequada.
A lista de resultados negativos associada ao défice de sono dos adolescentes é longa e inclui:
Sonolência diurna |
Falta de atenção e concentração |
Baixo rendimento escolar |
Problemas de comportamento |
Uso de substâncias |
Acidentes de viação |
Excesso de peso |
Comprometimento do sistema imunológico |
Causas orgânicas
Apesar da tendência dos adolescentes para o sono insuficiente e consequente sonolência diurna excessiva, é essencial ter conhecimento de que há perturbações primárias do sono e outras disfunções orgânicas, que podem causar sonolência diurna excessiva nos adolescentes.
Pode ser necessário instituir terapêuticas específicas dirigidas às patologias ou stress psico-social implicados no problema do sono, que podem ser desde farmacológicas a cirúrgicas (como por exemplo na apneia do sono), ou a retirada de medicamentos (como por exemplo medicamentos para alergias).
Para a prevenção do défice de sono nos adolescentes é de grande importância capacitar o adolescente para fazer escolhas informadas sobre os seus horários de sono. É essencial que os adolescentes obtenham informação acerca das necessidades de sono adequadas à idade e os efeitos prejudiciais do sono insuficiente sobre o desempenho e saúde em geral.
Para os adolescentes com défice de sono, a intervenção terapêutica pode envolver medidas, como: aconselhamento, regularização do horário de deitar e acordar, técnicas de relaxamento, desporto diário (não próximo da hora de dormir), restrição de bebidas com cafeína e álcool, evicção de sestas durante o dia e restrição de dispositivos eletrónicos no quarto dos adolescentes.