Transportar o bebé no sling é uma opção segura?

Bebés e crianças
Gravidez
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O sling é um porta-bebés de tecido que, quando adotadas as medidas de segurança e feito um uso adequado, pode ser muito prático e até ter vários benefícios.

O sling é um método de transporte do bebé bastante utilizado e é um tipo de babywearing (isto é, consiste em transportar o bebé junto ao corpo e não é um fenómeno recente, já utilizado há vários séculos um pouco por vários pontos do mundo). Um porta-bebés em tecido suave, o sling pode ser usado desde recém-nascidos até aos 2 anos.

As vantagens do sling são várias: permite manter o bebé perto do pai ou da mãe, mantendo ao mesmo tempo as mãos do adulto livres, o que pode ser muito útil. Contudo, há dúvidas (e é bastante natural que as haja) quanto à segurança deste método de transporte do bebé. A chave para assegurá-la está, em grande parte, no posicionamento do bebé. Fique a conhecer as vantagens e riscos do sling, assim como os cuidados a ter durante a sua utilização.



Os benefícios de babywearing

O babywearing é uma técnica que pode beneficiar tanto os bebés como os seus cuidadores. As suas possíveis vantagens incluem:

  • Fortalecer o vínculo com o bebé. Pais que transportam o seu bebé deste modo tendem a ser mais responsivos às necessidades do bebé, além de favorecer uma maior interação.
  • Manter as mãos dos pais livres, o que permite fazer várias tarefas do dia a dia ao mesmo tempo que transporta o bebé. Pais que têm mais do que um bebé podem sentir que é mais fácil e prático fazer a gestão das crianças quando um dos filhos está no sling.
  • Acalmar o bebé, por exemplo, quando está com cólicas.
  • Amamentar de forma mais simples, fácil e conveniente, encorajando a amamentação. Um estudo demonstrou que mulheres que praticavam babywearing tinham duas vezes mais probabilidade de continuar a amamentar quando os bebés tinham cinco meses comparativamente a mulheres que não o faziam.
  • Pode ajudar a implementar a amamentação em livre demanda, que significa amamentar sempre que o bebé tem fome e não em horários predefinidos ou quando este começa a chorar.
  • Manter o bebé mais feliz e tranquilo: estudos já demonstraram que bebés que estão ao colo (pelo menos 3h por dia) choram menos.
  • Nas mães, o babywearing pode beneficiar a saúde mental, reduzindo o stress.
  • Pode manter o bebé mais saudável, por favorecer o contacto pele a pele. O método canguru já demonstrou benefícios para o bebé como:
    • Dormir mais
    • Estabilizar o ritmo cardíaco
    • Diminuir o choro
    • Favorecer o ganho de peso
    • Amamentar durante mais tempo
    • Melhorar os padrões de respiração
    • Melhorar os níveis de saturação do oxigénio, que indicam o quão bem o oxigénio está a chegar aos órgãos e tecidos do bebé

 

Riscos do sling

Apesar dos benefícios, o uso do sling também pode estar associado a alguns riscos - embora raros -, sobretudo quando a sua utilização não é feita de forma correta.

No caso de acidentes não fatais, os mais comuns são causados por queda do bebé ou de quem o transporta. Um outro risco, neste caso, fatal, é a asfixia sobretudo em bebés com idade inferior a quatro meses. Este ocorre devido à posição do bebé (por exemplo, quando tem o corpo curvado em forma de “C”), que pode bloquear as suas vias aéreas e a respiração, podendo levá-lo a sufocar sem que os pais dêem por isso. Os bebés têm músculos do pescoço relativamente fracos e não conseguem controlar os movimentos da cabeça nos primeiros meses após o nascimento. Daí a importância de uma boa técnica de utilização, que deve incluir um posicionamento adequado do bebé, mantendo sempre o bebé numa posição vertical, e verificar se o sling ou o próprio corpo do adulto não estão a tapar a boca e/ou nariz do bebé, impedindo a sua respiração.

 

Cuidados a ter

Quando estiver a utilizar o sling é importante implementar alguns cuidados para garantir que é utilizado em segurança. Verifique sempre o estado do porta-bebés - por exemplo, se tem sinais de uso ou se o tecido está rasgado. Na hora de comprar, há que ter em consideração que o melhor sling é aquele que mantém o bebé encostado ao corpo dos pais - se estiver largo, o bebé pode escorregar, não conseguir respirar corretamente ou sobrecarregar as costas dos pais -, em posição vertical e distribui uniformemente o peso da criança pelos ombros, costas e ancas do adulto.

Alguns slings podem fazer com que o corpo do bebé se enrole em forma de “C” (em que o seu queixo está pressionado contra o seu próprio peito), o que aumenta o risco de problemas respiratórios. Para evitar que isto aconteça, deve ter-se em consideração que o pescoço do bebé deve estar direito (deve caber sempre pelo menos um dedo entre o queixo e peito do bebé), o seu queixo não deve estar pressionado contra o peito do adulto e as suas costas devem ter um bom suporte. A sua cabeça deve estar tão próxima do queixo do adulto até ao ponto máximo em que seja possível assegurar o conforto. Certifique-se de que consegue ver sempre o rosto do bebé ao simplesmente olhar para baixo e que a sua cabeça / testa está, por exemplo, ao alcance de um beijo quando inclina a sua cabeça para a frente. O tecido ou o próprio corpo do adulto nunca devem cobrir o rosto do bebé. O sling nunca deve tapar o bebé ao ponto de os pais terem de afastar o tecido para conseguir vê-lo.

Além disso, quando está a ser transportado na vertical, a barriga e o peito do bebé devem permanecer confortavelmente próximos do corpo do pai / da mãe - para que as suas costas mantenham a posição natural - e as nádegas devem estar posicionadas na parte mais funda do sling.

Sempre que estiver a usar um porta-bebés, baixe-se dobrando os joelhos e não a cintura e evite transportar pesos, como malas ou sacos.

 

Atenção!

Para prevenir o sobreaquecimento do bebé, sobretudo no verão, vista-lhe sempre roupa adequada ao clima e à temperatura.

 

A posição das pernas

Durante a utilização do sling, é recomendável posicionar as pernas do bebé em formato “M”, quase como numa espécie de agachamento. Deste modo, o bebé está virado frente a frente com o adulto e as suas coxas são colocadas uma de cada lado do tronco do pai ou da mãe. Além disso, as suas ancas também estão dobradas de modo a que os joelhos fiquem ligeiramente mais altos que as nádegas.

Colocar esta posição em prática de forma adequada é importante, sobretudo durante pelo menos os primeiros seis meses de vida, para que a zona das ancas se desenvolva corretamente. Também é especialmente importante quando o bebé passa longos períodos de tempo no sling.

 

Não se esqueça:

Quando estiver a utilizar o sling, verifique o seu bebé com frequência, incluindo a posição do pescoço, sobretudo se tem menos de quatro meses.

 

No ato da compra

Quando for comprar o seu sling, leia as instruções do produto e conselhos da marca relativamente ao tamanho, peso e idade a que se destina. Antes de fazer a sua opção, experimente vários modelos com o bebé (se estiver vazio, não é possível avaliar corretamente se é o mais adequado), garantindo que escolhe aquele que melhor se adapta a si e ao seu filho. As medidas variam consoante quem está a utilizá-lo.

Prefira os modelos que sejam feitos com um tecido fresco e não muito grosso.

 

Em que situações não usar sling

Se o seu bebé teve baixo peso ao nascimento ou tem algum problema de saúde, fale com o pediatra assistente da criança antes de optar por um sling ou outro tipo de babywearing.

Bebés prematuros ou com problemas a nível respiratório não devem ser transportados em porta-bebés tipo mochilas (marsúpios) nem noutros equipamentos que os mantenham em posição vertical, pois pode dificultar-lhes a respiração.

Nunca use o sling em atividades que possam magoar o bebé, como cozinhar, correr, andar de bicicleta, ou a tomar bebidas quentes.

Fontes:

Associação para a Promoção da Segurança Infantil, outubro de 2022

Government of Canada, Health Canada, outubro de 2022

HealthyChildren.org, outubro de 2022

Mayo Clinic, outubro de 2022

The National Childbirth Trust, outubro de 2022

WebMD, outubro de 2022

Publicado a 16/10/2023