Vacina do Papilomavírus Humano: O que devo saber
Estima-se que cerca de 75% das mulheres e homens sexualmente ativos venham a ter, pelo menos, uma infeção por HPV em determinada altura da vida.
Vários tipos de papilomavírus humano
Existem mais de 100 tipos de HPV e muitas das infeções causadas por este vírus são silenciosas e não provocam sintomas. Determinados tipos de HPV originam lesões na pele (verrugas) que afetam zonas como as mãos ou os pés. Outros tipos de HPV infetam a zona anogenital (verrugas anogenitais ou condilomas). Nas mulheres, os condilomas/lesões por H.P.V. podem surgir nas coxas, vulva, vagina, colo do útero ou uretra, ânus, reto.
Transmissão do papilomavírus humano
A transmissão dos vírus de HPV responsáveis por infetarem a área ano-genital pode ocorrer através do sexo vaginal, oral ou anal ou se existir contacto íntimo de pele em que uma das pessoas esteja infetada.
Tratamentos disponíveis
O tratamento das lesões é feito segundo indicação médica e envolve tratamento tópicos, aplicação de medicação nas lesões ou tratamento abrasivos .As técnicas utilizadas podem ser a eletrocoagulação, crioterapia ou laser, entre outras. Existem casos em que as lesões reaparecem, pelo que é necessário repetir o tratamento.
HPV e cancro do colo do útero
Em alguns casos, o vírus pode ser transmitido e estar presente no colo do útero durante anos. Existem casos em que as lesões do aparelho genital provocadas por vírus HPV sobretudo de tipos alto risco, podem evoluir para cancro. O papilomavírus humano está presente em 99,7% dos cancros do colo do útero, podendo estar igualmente associado a outros tipos de cancros. O cancro do colo do útero é o 2º cancro mais frequente na mulher, a seguir ao cancro da mama.
Prevenção primária: vacina do papilomavírus humano
Existem duas vacinas que oferecem proteção em relação a determinados tipos de HPV: a vacina bivalente assegura proteção contra os tipos 16 e 18 - que provocam cerca de 70% dos casos de cancro do colo do útero.
A vacina nonavalente protege também contra os tipos 6, 11, 31, 33, 45, 52 e 58, responsáveis por uma percentagem de cerca de 90% das verrugas.
Na mulher, a vacinação deve ser realizada de acordo com o Programa Nacional de Vacinação (a idade ideal será antes do início da atividade sexual, indicada agora aos 10 anos ou conforme indicação médica). Contudo as mulheres podem vacinar-se até aos 45 anos.
No homem, a vacina contra o HPV fará parte do PNV a partir de 1 de outubro de 2020, para todos os rapazes, aos 10 anos, nascidos após dia 1 de janeiro de 2009. Os restantes poderão continuar a ser vacinados até aos 26 anos, mediante recomendação dos seus médicos assistentes.
Diagnóstico precoce
A realização regular do teste de Papanicolau é uma medida de rastreio fundamental que permite detetar alterações precoces nas células do colo do útero. Independentemente da periodicidade com que é feita a citologia (de 3 em 3 anos ou de acordo com indicação do Ginecologista), a mulher deve ir a uma consulta de Ginecologia anualmente para realização de um exame ginecológico. As mulheres que foram vacinadas contra o papilomavírus humano devem continuar a realizar uma citologia de 3 em 3 anos ou de acordo com indicação do Ginecologista.
Medidas de prevenção
- Além da realização regular do rastreio do cancro do colo do útero, usar preservativo é uma medida essencial para prevenir as infeções de transmissão sexual (é importante salientar que as zonas de pele que o preservativo não cobre não ficam protegidas).
- Deve conversar-se com o parceiro sobre os comportamentos de risco para as infeções de transmissão sexual, incluindo os comportamentos de risco anteriores ao relacionamento.
- Deve aconselhar-se não fumar.
- É essencial consultar o Ginecologista se tiver havido exposição a uma situação de risco ou se surgirem sintomas associados a uma infeção sexualmente transmissível (como verrugas genitais). Nesta situação, o parceiro também deve observado pelo médico.
Testes de diagnóstico
Existem vários testes laboratoriais que permitem confirmar a presença de HPV e que podem estar indicados em situações detetadas pelo teste de rastreio:
- O Teste da Captura Híbrida permite fazer o despiste inicial, geralmente em conjunto com a citologia se mulher tiver uma idade superior a 30 anos; é chamado coteste, mas pode ser pedido pelo ginecologista quando existem alterações da citologia, como o ASC US nas mulheres com mais de 26 anos de idade, ou como controle de tratamentos do colo do útero como teste de cura após uma conização.
- O Teste de Genotipagem permite identificar os genótipos de alto risco, nos casos das infeções persistentes.
- O Teste mRNA E6/E7 permite caracterizar as infeções persistentes.
- Existe ainda outro teste Cobas que deteta os vírus de alto risco, separando o 16 e 18 dos restantes, pois são estes últimos que têm mais risco de progressão.
- É um teste de seguimento terapêutico.
- Os teste de HPV devem ser sempre pedidos pelo ginecologista que segue a patologia cervical.
- A citologia, sobretudo com meio líquido, continua a ser o meio importante de rastreio e deve respeitar os protocolos atualizados.
Sabia que...
A infeção por papilomavírus humano não causa infertilidade ou problemas na gravidez.
Só a existência de condilomas vulvares exuberantes no momento do parto podem ter implicações na via do parto, isto é, serem causa de cesariana para evitar contagio do recém nascido no momento do parto.