Vacinas antialérgicas: como atuam e quais os resultados
As vacinas antialérgicas podem ser a solução para dizer adeus a sintomas que tanto desgastam, sobretudo na primavera, mas requerem tempo. Conheça esta solução.
No nosso dia a dia, enfrentamos uma série de possíveis ameaças, entre as quais vírus e bactérias. Mas, graças ao nosso sistema imunitário, que atua como uma espécie de escudo protetor, nem sempre que entramos em contacto com estes agentes adoecemos. Contudo, por vezes, o nosso sistema protetor fica um pouco "confuso", encarando certas substâncias - por exemplo, o pólen ou o pó - como invasoras. Como reação, o organismo ordena a libertação de anticorpos (imunoglobina), que acabam por resultar numa reação alérgica.
Se sofre muito com os sintomas das alergias - espirros, corrimento nasal, comichão no nariz, entre outros - o seu médico imunoalergologista poderá recomendar a imunoterapia, com vacinas injetáveis ou em comprimidos, para aliviar os sintomas.
Como atuam as vacinas antialérgicas
Estas vacinas contêm uma pequena quantidade da substância à qual somos alérgicos (alergénio) e o objetivo é que o nosso sistema imunitário, ao entrar em contacto com essa substância em doses cada vez maiores, passe a ser cada vez menos sensível à sua presença. Isto é, que desenvolva tolerância e resistência ao alergénio.
Regra geral, o tratamento divide-se em duas fases:
1ª fase - É feita a administração dos alergénios uma a duas vezes por semana em doses cada vez maiores; pode durar entre três a seis meses.
2ª fase - Quando é atingida a dose de maior eficácia do tratamento, que difere de pessoa para pessoa, inicia-se a fase de manutenção; nesta fase, o intervalo entre cada dose de reforço é geralmente de duas a quatro semanas.
Uma vez atingida a dose de manutenção, os pacientes continuam a fazer as vacinas durante três a cinco anos, sendo o médico imunoalergologista que avalia e decide quando deve terminar o tratamento.
Que resultados pode esperar das vacinas antialérgicas
O sucesso desta terapêutica varia consoante as características individuais e clínicas do paciente: algumas pessoas poderão sentir uma melhoria dos sintomas alérgicos logo durante a primeira fase, outras poderão sentir alívio mais tarde, já na fase de manutenção.
Se não se verificarem melhorias após um ano na fase de manutenção, o seu médico poderá recomendar outras opções terapêuticas.
Quanto aos resultados, as vacinas poderão eliminar permanentemente os sintomas ou diminuir a sua intensidade. Algumas pessoas podem necessitar repetir o tratamento.
Para quem estão indicadas
Quem mais poderá beneficiar da administração de vacinas antialérgicas, são as pessoas que sofrem de:
- rinite alérgica (febre dos fenos)
- asma alérgica
- conjuntivite (alergia nos olhos)
- alergia às picadas de inseto
Este tratamento não é recomendado para alergias alimentares.
Crianças
A partir dos cinco anos, as vacinas para as alergias são normalmente bem toleradas e eficazes, podendo inclusivamente prevenir o desenvolvimento de novas alergias ou a sua progressão para asma.
Grávidas
As grávidas não podem iniciar o tratamento, mas este pode ser mantido em mulheres que engravidaram no decurso do tratamento.
Pacientes com outras patologias associadas
Em pacientes com outros problemas de saúde, as vacinas antialérgicas podem representar um risco. Apenas o médico imunoalergologista pode avaliar o seu eventual benefício.
Pacientes com múltipla medicação
Não se esqueça de mencionar ao seu médico outros medicamentos ou suplementos alimentares que esteja a tomar; estes podem interferir com o tratamento ou aumentar o risco de efeitos secundários.
Possíveis reações adversas
Podem ocorrer dois tipos de reações adversas:
- Locais: alguma vermelhidão e inchaço na zona da injeção
- Sistémicas: menos comuns, afetam o corpo todo ou apenas um sistema em particular e podem incluir o exacerbamento dos sintomas alérgicos prévios, como espirrar ou ter o nariz entupido
Raramente, pode ocorrer uma reação sistémica mais grave: anafilaxia. Os sintomas incluem inchaço da garganta, dificuldade respiratória, aperto no peito, náuseas e tonturas. Geralmente, este tipo de reação surge até 30 minutos após a injeção, mas pode ser mais tardio e exige recurso ao hospital.