Enteroscopia de Balão
A enteroscopia é uma técnica endoscópica na qual se utiliza um tubo longo e flexível (enteroscópio) que contém uma câmara e que permite a exploração da totalidade do intestino delgado.
Distinguem-se 3 técnicas de enteroscopia:
- Enteroscopia por duplo balão
- Enteroscopia de mono-balão
- Enteroscopia espiral
Todas elas utilizam um dispositivo (sobretubo) no interior do qual o enteroscópio desliza.
Na técnicas de enteroscopia com mono-balão, o enteroscópio está ligado a um balão insuflável. A insuflação/desinsuflação do balão permite a progressão controlada do enteroscópio ao longo do intestino delgado.
A introdução do enteroscópio pode ser feita através da boca quando se pretende visualizar o intestino delgado mais próximo do estômago (duodeno e jejuno) ou através do ânus (via retrógrada), quando se quer avaliar o intestino delgado mais perto do intestino grosso (íleon).
Esta técnica permite, para além da avaliação da totalidade do intestino delgado, a colheita de fragmentos de tecido (biópsias) para posterior análise e a realização de várias intervenções terapêuticas como a remoção de pólipos, o tratamento de lesões hemorrágicas e a dilatação de estenoses.
Vantagens
A principal vantagem da enteroscopia é a possibilidade de observar e realizar procedimentos diagnósticos e terapêuticos na totalidade do intestino delgado que é um segmento do tubo digestivo que habitualmente é inacessível à endoscopia digestiva alta e à colonoscopia.
Metodologia
Em consulta com o médico gastroenterologista prévia ao exame, será avaliada a indicação, antecedentes pessoais e os exames já efetuados e onde será revista a medicação em curso.
Em relação à preparação:
- Para a enteroscopia por via oral é necessário um jejum de pelo menos 6 horas.
- Para a enteroscopia por via anal, é necessária a realização de uma preparação intestinal semelhante à da colonoscopia e que envolve uma dieta livre de resíduos nos 2 dias que antecedem o exame e a ingestão de uma solução de limpeza intestinal, que geralmente é iniciada na véspera do exame (no final da tarde).
A enteroscopia é um exame com uma duração de 1 a 2 horas, realizado sob sedação por um anestesista.
Após a realização da enteroscopia, o doente é transferido para uma unidade de recobro. Na maioria das vezes não é necessário internamento, podendo regressar a casa pouco tempo depois do exame. Deverá fazer-se acompanhar por alguém que lhe possa prestar auxílio e conduzi-lo a casa.
Indicações
As principais indicação para a realização de enteroscopia são:
- Anemia e/ou hemorragia digestiva após endoscopias digestivas alta e baixa sem identificação de lesões suspeitas;
- Tratamento de lesões sangrantes observadas com a cápsula endoscópica; Esclarecimento e tratamento de alterações identificadas na cápsula endoscópica ou estudos imagiológicos;
- Diarreia e dor abdominal crónica de causa desconhecida;
- Suspeita de tumores do intestino delgado;
- Suspeita de doença de Crohn;
- Avaliação e tratamento de estenoses (estreitamento) do intestino delgado;
- Remoção de corpos estranhos (por exemplo, vídeo cápsulas retidas).
- Excisão de pólipos do intestino delgado, especialmente em doentes com síndromes polipoides (por exemplo, síndrome de Peutz-Jeghers ou Polipose Juvenil).
Cuidados a ter
A enteroscopia é um procedimento seguro, mas pode ter algumas complicações, particularmente quando se efetuam procedimentos terapêuticos.
As complicações mais frequentes são autolimitadas, duram 12 a 24h e incluem náuseas, vómitos, distensão abdominal, dor abdominal, dor de garganta.
As complicações mais graves embora pouco frequentes incluem perfuração intestinal, hemorragia e pancreatite aguda. Geralmente estas complicações são resolvidas com técnicas endoscópicas ou terapêutica médica, mas poderá ser necessário realizar uma cirurgia de urgência.
Após uma enteroscopia, deverá estar atento a alguns sinais que podem indicar o desenvolvimento de uma complicação, nomeadamente: febre, dor abdominal severa e persistente, fezes negras. Nestas circunstâncias deverá ser observado por um médico.