Teleconsulta

Tudo o que precisa de saber

O que é, quais as principais vantagens e em que situações clinicas pode ser uma alternativa, são algumas questões que  Micaela Seemann Monteiro, Chief Medical Officer para a transformação digital CUF, vai responder.

 

O que é uma teleconsulta?

A teleconsulta é uma consulta à distância que recorre às tecnologias de informação e comunicação. Transpõe barreiras geográficas entre o doente e o seu médico. O doente pode recorrer à teleconsulta a partir do domicílio, local de trabalho ou, por exemplo, em viagem - desde que tenha acesso à tecnologia necessária.

Pode ser efetuada através do telefone ou através de videochamada. Doente e médico têm de estar disponíveis no horário acordado para poderem interagir.

 

Principais vantagens da teleconsulta

A principal vantagem da teleconsulta é o doente não necessitar de se deslocar a uma unidade de saúde. Pode efetuar a consulta  a partir do lugar que lhe é mais conveniente. Poupa tempo e dinheiro na deslocação, pode intercalar melhor com outra atividades, como o trabalho. Se for cuidador de uma criança ou de um idoso não precisa de descontinuar essa tarefa. 

Para além da poupança e do conforto, não se expõe aos riscos de contrair uma doença infecciosa nos sítios onde inevitavelmente doentes se cruzam todos os dias - como as salas de espera de clínicas ou hospitais.

Em tempos de COVID 19 pode mesmo salvar uma vida.


 

Quais as situações clínicas em que a teleconsulta é uma alternativa à consulta presencial e quais as suas limitações

É importante saber que a teleconsulta tem algumas limitações que podem condicionar a capacidade do médico em fazer um diagnóstico ou emitir uma recomendação. Não é possível a interação física. Assim o médico não pode, por exemplo  auscultar o doente ou palpar a barriga.

No entanto existem muitas situações em que esta interação não é necessária. 

São exemplos:

  • a discussão de resultados de exames;
  • o esclarecimento de dúvidas do doente;
  • a renovação da prescrição;
  • o controlo evolutivo programado da doença quando o contacto físico não é necessário

Estas situações são habituais nas consultas de seguimento de praticamente todas as especialidades clínica. O médico pode, nestes casos, sugerir que se faça uma teleconsulta. Mas também o doente pode perguntar, se a consulta , pode ser efetuada através de telefone ou videochamada. 

No entanto, as teleconsultas também podem ser úteis em situação de doença aguda, marcadas por iniciativa do doente.

Numa videochamada o médico pode ouvir a descrição das queixas, recolher a história clínica, observar o aspecto do doente, a respiração ou a pele. Em alguns casos os doentes já dispõem de dispositivos médicos em casa. Pode partilhar informação importante como a temperatura corporal, o valor da tensão arterial ou a frequência cardíaca.

Desta forma muitas primeiras consultas em situação de doença aguda podem ser resolutivas  - isto é terminarem com um diagnóstico provável, uma recomendação terapêutica e com o envio de um prescrição via SMS ou email.

Existem outras situações em que a teleconsulta serve como triagem e encaminhamento para uma observação médica presencial, pois eram necessários a  interação física ou mesmo um exame complementar de diagnóstico para o médico poder chegar a uma conclusão.

É importante acrescentar que doente e médico têm de dar o seu consentimento para a teleconsulta. 

 

Quando não deve optar por uma teleconsulta

É importante conhecer as situações em que a teleconsulta jamais deverá ser uma opção.

São aquelas em que à partida é previsível a necessidade de gestos físicos para a avaliação ou o tratamento - por exemplo um traumatismo de um membro em que é necessário fazer um RX para saber, se há fratura.

Mas também são todas aquelas situações em que uma atuação rápida é decisiva para prevenir danos graves ou mesmo a morte do doente:

  1. Dor ou aperto no peito;
  2. Dificuldade a respirar ou falta de ar;
  3. Alteração da consciência (sonolência marcada);
  4. Falta de força num braço, “boca ao lado” ou dificuldade em falar;
  5. Hemorragias abundantes;
  6. Queimaduras graves;
  7. Ferimentos por acidente.

Nestes casos deve ser contactado o número de emergência 112!