O que é?

A acne é provavelmente a doença da pele mais comum, afetando entre 85 a 100% da população em qualquer momento da sua vida. Contudo, as faixas etárias mais afetadas situam-se entre os 10 e os 24 anos. Este é um problema muito frequente (e quase universal) durante a adolescência.

Embora não seja grave, tem um impacto psicológico importante, dada a idade dos jovens afetados. Esse impacto é, de um modo geral, de curto prazo, mas deve ser acompanhado, pois existe o risco de se tornar grave, acompanhando-se de diminuição da autoestima que pode conduzir ao afastamento social ou à depressão.

Num estudo realizado em Portugal, encontrou-se uma prevalência de acne de 82,4% em jovens de 10 a 12 anos, com predomínio do género masculino. Desses jovens, apenas 44% fazia algum tipo de tratamento.

Noutro estudo português, observou-se acne em 42,1% de jovens antes dos 15 anos, em 55,8% dos 15-29 anos, em 9,2% dos 30-40 anos e em 2,1% em pessoas com mais de 40 anos.

É importante, no entanto, não esquecer que a acne não atinge apenas os adolescentes: muitas mulheres com 30, 40, 50 anos ou mais podem apresentar acne e mesmo os recém-nascidos podem sofrer deste quadro clínico.

A acne é uma doença da pele na qual os folículos pilosos apresentam excesso de gordura e células da pele mortas. As áreas mais afetadas são a face, pescoço, peito, costas e ombros, uma vez que é nestas regiões que existe maior concentração de folículos sebáceos.

As lesões da acne tendem a cicatrizar lentamente e frequentemente desaparecem noutros locais e surgem noutros.

Sintomas

As formas de manifestação mais comuns são lesões não inflamatórias, os vulgares comedões, de cabeça branca ou negra, que resultam do preenchimento dos folículos pilosos por gordura, células e bactérias. 

As lesões inflamatórias correspondem às pápulas, mais salientes, vermelhas e dolorosas, dada a presença de infeção no folículo piloso. 

Nos casos mais graves de acne, formam-se lesões de maior dimensão, que são incomodativas e podem originar cicatrizes permanentes, como:

  • Pústulas
  • Nódulos
  • Quistos

Causas

A acne resulta de um excesso de produção de gordura, da acumulação de células cutâneas mortas que irritam os folículos pilosos e a acumulação bacteriana no meio dessa gordura e células mortas.

Existem factores que podem agravar a acne, como:

  • As hormonas masculinas
  • As alterações hormonais durante a gravidez ou relacionadas com o uso de anticoncetivos orais
  • Alguns medicamentos (corticoides, androgénios, lítio)
  • Alimentos ricos em hidratos de carbono, que aumentam os níveis de açúcar no sangue

As alterações hormonais são comuns na adolescência, nas raparigas e mulheres dois a sete dias antes do período menstrual e na gravidez.

Ao contrário do que se costuma pensar, os alimentos ricos em gordura, o chocolate ou a pele pouco limpa não são fatores importantes no desenvolvimento da acne. De facto, a limpeza excessiva da pele com agentes irritantes pode agravar a acne, sendo suficiente uma limpeza suave para remover excessos de gordura e células mortas.

O contacto da pele com substâncias oleosas ou alguns cosméticos, a história familiar, a fricção da pele por telemóveis, capacetes, adornos são também fatores a considerar.

O stress não provoca a acne mas, quando esta doença está presente, o stress pode agravá-la.

Diagnóstico

O diagnóstico da acne é feito pelo médico dermatologista, uma vez que existem outras doenças da pele que podem simular esta condição. Uma vez feito o diagnóstico, o médico irá definir o seu grau de gravidade e, em função disso, definir o melhor tratamento.

Tratamento

Existe o mito de que não vale a pena tratar a acne e de que ela deve seguir o seu curso. Contudo, se não tratada, a acne pode dar origem a cicatrizes inestéticas ou mesmo desfigurantes, as quais são, por si próprias, difíceis de tratar. Essa evolução será tanto mais rara quanto mais precoce for o início do tratamento. Este é frequentemente muito eficaz e permite uma melhoria da autoestima.

O tratamento da acne baseia-se na redução na produção de gordura, na aceleração da renovação das células da pele, no controlo da infeção e na redução da infeção.

De um modo geral, o tratamento deve ser prolongado, não sendo visíveis resultados antes de quatro a oito semanas de tratamento.

Os tratamentos podem ser locais ou orais. Os medicamentos orais não devem ser utilizados durante a gravidez, sobretudo no primeiro trimestre.

Alguns exemplos de opções terapêuticas passam por:

  • Loções que reduzem a produção de gordura, conseguem destruir as bactérias e promovem a eliminação das células cutâneas mortas.
  • Medicamentos, muito deles baseados em formulações derivadas da vitamina A que estimulam a renovação das células da pele. A isotretinoína é um medicamento útil nas formas mais graves de acne, mas deve ser utilizada sob estreita supervisão médica. Os antibióticos são importantes na eliminação das bactérias que se acumulam na pele.
  • Contracetivos orais.
  • Tratamento com laser ou fototerapia.
  • Esfoliação ou microabrasão cutânea.
  • Recurso ao preenchimento com colagénio das áreas mais afetadas.

 O tratamento para cada caso de acne deverá ser decidido pelo médico dermatologista. Muitos dos medicamentos disponíveis podem apresentar efeitos secundários e, por isso, é importante definir o tratamento mais adequado a cada caso. 

Prevenção

  • Lave as áreas mais problemáticas com uma solução suave, que ajuda a controlar a acne. 
  • Evite substâncias que possam irritar a pele, bem como o contacto da pele com o cabelo, objetos, suor e gorduras. 
  • Nunca esprema as lesões da pele para evitar a formação de cicatrizes ou a infeção.
  • A exposição ao sol deve ser controlada e alguns dos medicamentos que tratam a acne podem tornar a pele mais sensível ao sol. 
  • Seja moderado no uso de maquilhagem, que pode irritar a pele e, se for utilizada, deve ser retirada ao deitar. 
  • Não use roupa muito apertada.

 

O papel da dieta

A alimentação é um aspeto importante a considerar. De um modo geral, a carga de açúcar parece ter impacto no desenvolvimento da acne. Os dados mais recentes sugerem ser importante um acompanhamento nutricional especializado e específico para cada caso.

Fontes

Mayo Foundation for Medical Education and Research, 21 Out 2011

American Academy of Dermatology

Associação Portuguesa de Dietistas

Amado JM e col., The prevalence of acne in the north of Portugal, J Eur Acad Dermatol Venereol. 2006 Nov;20(10):1287-95.

Américo Figueiredo e col., Avaliação e tratamento do doente com acne – Parte I: Epidemiologia, etiopatogenia, clínica, classificação, impacto psicossocial, mitos e realidades, diagnóstico diferencial e estudos complementares, Rev Port Clin Geral 2011;27:59-65

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