O que é?

O défice de atenção corresponde à ocorrência de períodos de atenção escassos ou breves e uma impulsividade exagerada para a idade. Este défice pode associar-se ou não à hiperatividade. Embora seja mais comum nas crianças, pode também afetar os adultos.

Este problema afeta cerca de 5% a 10% das crianças em idade escolar e é 10 vezes mais frequente em rapazes do que em raparigas.

As primeiras manifestações costumam surgir antes dos quatro anos e quase sempre antes dos sete. O défice de atenção, isolado ou associado a hiperatividade, gera problemas em casa, na escola, no trabalho e nas relações interpessoais, pelo que o seu reconhecimento e abordagem são fundamentais.

Sintomas

A sua principal característica é a dificuldade na manutenção de níveis contínuos de atenção, de concentração e de persistência nas tarefas. Uma criança que sofre desta perturbação também pode ser impulsiva e hiperativa.

O défice de atenção na idade pré-escolar associa-se a ansiedade, problemas de comunicação e de relacionamento e comportamento inadequado. Outros sinais comuns são a agitação constante das pernas, agitar e esfregar as mãos, falar impulsivamente, esquecer facilmente as coisas e ser desorganizado. A agressividade é rara. Cerca de 20% das crianças com esta patologia apresenta dificuldades de aprendizagem e cerca de 90% têm mau desempenho escolar.

Na adolescência, pode ocorrer depressão, ansiedade ou agressividade. Embora a impulsividade e a hiperatividade tenham tendência a diminuir com a idade, a falta de atenção e os sintomas associados podem permanecer até à idade adulta.

Causas

Pensa-se que seja hereditário. Alguns estudos indicam que é causado por anomalias nos neurotransmissores cerebrais. Sendo que o défice de atenção pode ser reforçado pelo ambiente familiar ou escolar.

Algumas investigações sugerem que pode estar associado a fatores ambientais como a exposição ao fumo de cigarro ou ao álcool durante a gravidez. Pensa-se que estar exposto a níveis elevados de chumbo (pintura de edifícios antigos) pode ser outra causa de risco a considerar.

Diagnóstico

Baseia-se na quantidade, frequência e gravidade dos sintomas. Trata-se de um diagnóstico difícil, por depender de uma avaliação subjetiva. Os sintomas podem estar presentes noutras condições e estas crianças podem apresentar outros problemas que se associam a manifestações distintas.

Tratamento

O tratamento, como regra, associa o uso de medicamentos a uma terapia comportamental realizada por um psicólogo infantil, adaptada a cada caso. Quando as crianças que não são muito agressivas e estão inseridas num ambiente familiar estável, pode ser suficiente o tratamento com medicamentos.

As crianças com défice de atenção não costumam, geralmente, ultrapassar plenamente as suas dificuldades. Os problemas persistem na adolescência e na idade adulta e incluem o fracasso escolar, pouca autoestima, ansiedade, depressão e dificuldades na manutenção de um comportamento social adequado. De um modo geral, estas pessoas aparentam adaptar-se melhor às situações laborais do que às escolares.

Quando não é tratado, o risco de abuso de álcool ou de estupefacientes e a percentagem de suicídios tendem a ser mais elevados do que na população em geral. É importante reforçar que a terapêutica pode aliviar muitos dos sintomas mas não existe uma cura para esta condição.

Prevenção

Durante a gravidez é importante abster-se de tudo o que possa prejudicar o desenvolvimento do feto, como o álcool, tabaco, fármacos ou toxinas ambientais.

As crianças também devem ser protegidas do fumo do tabaco, de agentes químicos industriais ou agrícolas e da tinta com chumbo.

Embora não existam dados concretos, é prudente evitar a exposição excessiva à televisão ou a videojogos nos primeiros cinco anos de vida.