O que é?

É uma condição que ocorre nas crianças e que se caracteriza por uma perda momentânea do fluxo sanguíneo na região da anca, com consequente morte dos tecidos da cabeça do fémur. A área afetada apresenta-se muito inflamada e irritada.

Habitualmente é mais frequente no género masculino mas tende a ser mais grave no género feminino e, por isso, o prognóstico é pior nesses casos. A sua  incidência exata é difícil de determinar, porque muitos casos não são diagnosticados. Mas em 20% existe uma relação familiar.

Sintomas

Dificuldade na marcha e dor quando ocorre mobilização por espasmo muscular. Estes indícios resultam da irritação dos tecidos em torno da anca. Sendo que pode existir apenas um desconforto ou um incómodo na virilha e/ou no joelho (em cerca de 50% das situações, a dor proveniente da anca pode irradiar para o joelho).

Na radiografia pode-se observar um aumento da densidade óssea. Em seguida a cabeça do fémur começa a fragmentar-se e, finalmente, ocorre a revascularização com remodelação óssea tardia. A criança pode coxear e queixar-se de dor. Os sintomas podem ser intermitentes ao longo de semanas ou meses. O repouso tende a aliviar estas manifestações.

Causas

A causa exata não é conhecida, embora possa resultar de alterações nos fenómenos de coagulação com consequente formação de trombos. A sua ocorrência compromete a circulação da cabeça femoral, desenvolvendo-se assim a doença.

Diagnóstico

Embora o diagnóstico precoce não tenha grande importância no que se refere ao tratamento, o uso da imagem permite diferenciar esta doença de outras condições que requerem tratamento mais imediato.

  • A radiografia é o exame clássico para confirmar o diagnóstico, embora seja pouco eficaz nas fases iniciais da doença;
  • A cintigrafia, capaz de evidenciar precocemente a área isquémica, parece ser útil nos casos de sinovite aguda, na qual os indícios perduram por duas a três semanas, e para demonstrar o grau de envolvimento dos tecidos e a sua revascularização;
  • A ressonância magnética evidencia logo de início a necrose e a sua extensão. Além disso, durante a evolução da patologia, é útil para avaliar a esfericidade da cabeça do fémur.
  • A artrografia tem sido o exame mais utilizado no diagnóstico da doença de Perthes. Além de ajudar a avaliar o grau de deformidade da cabeça femoral, é importante para determinar de maneira dinâmica, no pré-operatório, a posição da anca.

Tratamento

Sabe-se que em cerca de 57% dos casos a evolução é boa sem nenhuma forma de tratamento. Em 20%, os resultados não são bons, independentemente de se optar por tratar ou não a doença. Cabe ao médico ortopedista identificar os restantes 20% que podem beneficiar de tratamento. As formas terapêuticas mais utilizadas envolvem a eliminação da carga, uso de várias modalidades de próteses ou aparelhos gessados. Os anti-inflamatórios são úteis no alívio dos sintomas. A centralização da cabeça do fémur pode ser obtida por meios conservadores ou por procedimentos cirúrgicos.

Prevenção

Não existe forma de prevenção conhecida para esta doença.

Fontes

Paulo Bertol, Doença de Legg-Calvé-Perthes, Rev Bras Ortop, Vol. 39 (10). Outubro, 200: 543-554

American Academy of Orthopaedic Surgeons, 2007

Mayo Foundation for Medical Education and Research, Julho de 2012

Conteúdo elaborado com o apoio de InfoCiência


 

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