O que é?

A fibrilhação auricular é a arritmia crónica mais frequente, podendo afetar cerca de 10% da população com mais de 70 anos. Estima-se que em Portugal cerca de 200.000 a 250.000 indivíduos tenham fibrilhação auricular.

A fibrilhação auricular é um tipo de arritmia cardíaca em que existem batimentos cardíacos muito irregulares, e habitualmente rápidos, com 80 a 160 batimentos por minuto. Nessa situação o coração não consegue bombear eficientemente o sangue o que propicia a formação de pequenos coágulos dentro do próprio coração. Esses coágulos podem ser arrastados pela corrente sanguínea e alojar-se em qualquer parte do organismo. Quando atingem as artérias que irrigam o cérebro podem causar um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A fibrilhação auricular é uma das principais causas de AVC, pelo que está recomendado que estes doentes façam uma terapêutica crónica com fármacos anticoagulantes, que são medicamentos que fluidificam o sangue, evitando a formação de coágulos.

 

Tratamento

O tratamento das arritmias depende do tipo de arritmia e da presença de outras doenças do coração. Existem fármacos que podem ser úteis no tratamento de arritmias e em algumas situações existem tratamentos minimamente invasivos que podem passar pela implantação de dispositivos, como por exemplo, o pacemaker. Este dispositivo eletrónico implanta-se no tórax, no peito do doente, do qual saem duas ou mais sondas que ficam dentro do coração. Se o ritmo cardíaco fica demasiado lento ou com pausas prolongadas, o próprio pacemaker deteta essa anomalia e envia estímulos elétricos que corrigem essa perturbação fazendo com que os batimentos cardíacos voltem ao normal. Alguns pacemakers especiais podem também melhorar a contração do próprio coração tratando sintomas de doentes com insuficiência cardíaca grave.

Existe ainda um outro dispositivo, o cardioversor-desfibrilhador (CDI) que sendo implantado da mesma maneira pode detetar uma paragem cardíaca por arritmia ventricular maligna (geralmente uma arritmia com origem nos ventrículos chamada fibrilhação ventricular em que os batimentos cardíacos são demasiado rápidos e desorganizados levando à morte em poucos segundos) e aplicar um pequeno choque que trata essa arritmia revertendo o ritmo do coração ao normal. O CDI pode ser a única terapêutica eficaz para prevenção da morte súbita em doentes com alto risco de desenvolver este tipo de arritmias, como por exemplo, as pessoas que tiveram um enfarte do miocárdio e em que existe um grave compromisso da função ventricular (quando o músculo cardíaco foi muito afetado).