O que é?

É o resultado de uma resposta cicatricial do fígado a agressões repetidas.

Após uma lesão aguda, como uma hepatite viral, as células do fígado regeneram e substituem as que morreram. Durante esse processo ocorre uma resposta inflamatória. Se a lesão persistir, a regeneração deixa de ser possível e as células mortas são substituídas por tecido fibroso. Esta progressão conduz à formação de extensas áreas de fibrose e evolução para cirrose hepática. Esta pode progredir para insuficiência hepática sendo frequentemente necessário realizar um transplante do fígado. Por outro lado, a cirrose hepática aumenta de modo significativo o risco de cancro deste órgão.

Sintomas

Em si mesma, não provoca sintomas. As suas manifestações resultam da disfunção do fígado, da progressão para cirrose e de todas as complicações associadas, como as varizes que podem sangrar, a ascite (acumulação de líquido na cavidade abdominal), encefalopatia e insuficiência renal.

Nas fases mais avançadas pode surgir insuficiência hepática que, nos casos mais graves, pode ser fatal.

Nas etapas iniciais, a fibrose é insidiosa. A progressão para cirrose ocorre ao longo de um intervalo de 15 a 20 anos. A perda de função do fígado pode manifestar-se pela presença de pele e mucosas amareladas (icterícia), dor abdominal, prurido intenso, urina escura, fezes descoradas, cansaço crónico, náuseas ou perda de apetite.

Causas

Como regra, todas as doenças crónicas do fígado podem provocar fibrose hepática. Ela resulta de uma agressão repetida do fígado. As mais comuns são a hepatite C e o abuso de álcool. Com o aumento na taxa de obesidade, o fígado gordo não alcoólico tem-se tornado uma causa importante.

Diagnóstico

Passa pela avaliação clínica, pela realização de testes laboratoriais e por estudos de imagem, como a ecografia, a tomografia computorizada e a ressonância magnética. A biópsia hepática é o melhor meio de diagnóstico já que avalia a extensão e gravidade da fibrose. Contudo, trata-se de um exame invasivo que se pode associar a algumas complicações como dor ou hemorragia.

Tratamento

Uma vez que a fibrose hepática é a resposta a uma agressão, a terapêutica deve incidir na sua identificação e tratamento. Assim, é importante curar uma hepatite viral, evitar o consumo de álcool, remover metais pesados (como o ferro ou o cobre), quando são eles a causa da patologia, ou descomprimir as vias biliares em caso de obstrução. Estes procedimentos podem permitir parar o processo de fibrose e, em alguns casos, pode verificar-se a sua reversão.

Uma vez que a inflamação é um dos fatores da sua progressão, o uso de medicamentos anti-inflamatórios pode ser indicada. Os corticoides são úteis nas hepatites autoimunes e na hepatite alcoólica aguda. Podem também ser utilizados antioxidantes e outras substâncias com ação imunomoduladora que possam proteger as células do fígado. Uma nutrição adequada é um bom complemento do tratamento, com suplementação em zinco e vitamina D. Além do exercício físico que ajuda a manter a massa muscular. Existem ainda terapêuticas específicas para a ascite e para a hipertensão, caso estas patologias se desenvolvam. No entanto, quando ocorre cirrose com complicações clínicas, o transplante hepático é a única abordagem possível.

Prevenção

Ao contrário da cirrose, a fibrose hepática é reversível, desde que se consiga interromper a agressão que a está a estimular. Essa regressão, contudo, pode demorar anos.

O risco de desenvolvimento de cancro do fígado na cirrose hepática é de cerca de 1% a 4% por ano. Este apresenta uma elevada mortalidade se for diagnosticado tardiamente, razão pela qual todos os doentes com cirrose devem fazer uma ecografia abdominal de seis em seis meses, para que o tumor seja identificado ainda com pequenas dimensões. Neste caso, existem alguns tratamentos com eficácia, como o transplante hepático, a remoção cirúrgica, a radiofrequência ou a quimioembolização.

A proteção do fígado é importante para evitar doenças que o possam agredir e desencadear o processo de fibrose hepática. Nesse sentido, é importante não consumir bebidas alcoólicas em excesso (mais do que duas a três no homem e uma a duas na mulher, por dia), não consumir álcool antes dos 18 anos, fazer a vacina contra a hepatite B, não partilhar seringas ou qualquer material usado no consumo de drogas injetadas, não partilhar o material usado para inalar drogas (previne a hepatite C), usar preservativo no caso de múltiplos parceiros ou relações sexuais de risco (evita a hepatite B e C) e combater o excesso de peso.

Fontes

Ramón Bataller e col., Liver fibrosis J Clin Invest. Feb 1, 2005; 115(2): 209–218.

Jesse M. Civan. Hepatic Fibrosis, Merck Manual, Julho 2013

Mayo Foundation for Medical Education and Research, Abril 2011

Doenças relacionadas