Cancro da mama antes dos 30
Foi aos 28 anos que Ana Raquel, recebeu o diagnóstico de cancro da mama triplo negativo, sete meses depois de ter sido mãe pela primeira vez.
“Foi um choque, tinha um bebé com sete meses. Foi horrível e só perguntava porquê a mim, mas no minuto a seguir, respirava fundo e, vamos lá! Vesti uma capa para que todos à minha volta ficassem bem. Tinha o foco no meu filho, ele precisava de mim”.
Hoje, aos 34 anos, a professora do 1º ciclo, natural de Évora, recorda como foi fundamental o apoio da família e dos amigos, que a fizeram sentir-se numa verdadeira bolha de amor, o que contribuiu muito para a sua recuperação.
O diagnóstico inesperado
Em fevereiro de 2016 adiou a visita de rotina à ginecologista da CUF que acabou por só realizar cerca de um mês depois. Na consulta a médica pediu um conjunto de exames e realizou a palpação mamária. Foi quando sentiu algo suspeito que mandou investigar. Ana fez os exames, incluindo biópsia e os resultados não demoraram mais de cinco dias. Confirmava-se o diagnóstico de cancro da mama triplo negativo, estadio III, afetando mama e axila.
Uma vez mais todo o processo foi rápido, “no dia 8 de abril iniciei a quimioterapia. Em cinco dias foi feito tudo o que era necessário para iniciar os tratamentos”.
"Senti que era ali que tinha de estar, podia ter ido a outro lado, mas não quis sequer ouvir outra opinião.”
O tratamento
O plano traçado era realizar quimioterapia, depois cirurgia e por fim, a radioterapia. O tratamento foi iniciado, mas ao fim de 3 meses assistiu-se ao crescimento do tumor. “Este momento foi muito difícil, fui-me um bocado abaixo. Mas a confiança na equipa e o apoio dos meus fizeram-me reagir. Senti que era ali que tinha de estar, podia ter ido a outro lado, mas não quis sequer ouvir outra opinião.”
Avançou-se então para a cirurgia com esvaziamento ganglionar e mastectomia. Não fez de seguida a reconstrução para ser possível realizar todo o tratamento e só depois, caso desejasse, se avançaria para a reconstrução mamária.
A seguir à cirurgia realizou uma nova linha de quimioterapia que terminou em outubro de 2016 e, por fim, foi a vez da radioterapia que terminou em janeiro de 2017.
Ana avançou com a vida e, ainda durante os tratamentos, casou.
Terminada esta fase, Ana Raquel passou a ser seguida de 3 em 3 meses pelo seu médico oncologista, João Paulo Fernandes e, ainda em 2017, começou a ser preparado o estudo para a sua reconstrução mamária, o cirurgião plástico da Unidade da Mama CUF, Manuel Caneira. A reconstrução aconteceu por fases e terminou em 2018. Depois iniciou fisioterapia ao braço que mantém ainda hoje, em algumas alturas do ano.
Passou a fazer as suas rotinas de seis em seis meses e depois anuais e foi nessa altura que sentiu um vazio. “E agora? Acabou? Falta ali uma bengala, mas não é nada que a CUF pudesse fazer, só estava era muito acompanhada e de repente deixei de ir todos os dias e de estar com aquelas pessoas quase todos os dias. A equipa foi e é cinco estrelas. São como uma família, ainda hoje estão sempre disponíveis e foram incansáveis.
A melhor notícia
Em 2019, contra todas as expectativas, Ana engravidou uma segunda vez, agora era uma menina. Há seis anos que Ana está sem doença. A grande mudança na sua vida foi deixar de trabalhar, que apenas retomou há dois anos, de resto diz ter mantido tudo igual, com alguns cuidados com a alimentação, em especial com os doces, que como boa alentejana, sempre foram uma tentação.
Para Ana também foi fundamental acreditar no processo e na equipa, “o Dr. João Paulo dizia-me sempre, se tiver dúvidas pergunte-me a mim, porque o Dr. Google não vai responder a nada.”
A mensagem da Ana Raquel
“Nunca descurem o vosso corpo, ele dá-nos sinal de tudo. Toquem-se, façam o autoexame e sejam seguidas, pelo menos, uma vez por ano. Eu não fumava, não bebia, apareceu porque tinha que aparecer e se eu não tivesse a ser seguida, se calhar as coisas não tinham corrido tão bem.”
O cancro da mama triplo negativo é uma variedade pouco frequente de tumor da mama (cerca de 10% dos casos) e que é definido por não ter:
1) receptores para estrogéneo,
2) para progesterona
3) não expressar a proteína HER2 na membrana das células.
Isto significa que não é alimentado por hormonas ou por este factor de crescimento. É um tumor agressivo, de crescimento rápido, mais frequente em mulheres jovens e mais associado a alterações genéticas nos genes BRCA 1 e BRCA 2.
Ao contrário do que se poderia pensar é um tumor altamente sensível à quimioterapia e frequentemente curável. Após dois a três anos do diagnóstico há uma forte probabilidade de não haver mais manifestações do tumor.
Conheça os fatores de risco, sinais de alarme, como se diagnostica e quais os principais tratamentos da doença oncológica com maior incidência na mulher.
O cancro da mama afeta as mulheres em idades diferentes e todas elas com necessidades específicas que devem ser devidamente atendidas e respeitadas. Ter um diagnóstico de cancro da mama é difícil em qualquer idade, porém tê-lo mais jovem, torna-se ainda mais exigente.
O diagnóstico precoce e o tratamento das doenças oncológicas evoluíram muitíssimo nos últimos anos, como testemunham os 4 mil casos que a CUF acompanha e trata anualmente.
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