Desafios da mulher jovem com cancro da mama

Histórias reais

O cancro da mama afeta as mulheres em idades diferentes e todas elas com necessidades específicas que devem ser devidamente atendidas e respeitadas. Ter um diagnóstico de cancro da mama é desafiante em qualquer idade, porém tê-lo mais jovem, torna-se ainda mais exigente pelas preocupações e impacto  na vida destas mulheres.

 

São muitos os desafios que as mulheres jovens enfrentam e, por isso, a CUF acredita que a proximidade das equipas clínicas e todo o ambiente em torno da doente com cancro contribuem para o seu bem-estar, confiança e perseverança. Contribuem para uma melhor compreensão da doença e do seu percurso. Contribuem para reduzir a ansiedade e depressão que o cancro da mama pode causar.

A imagem corporal e a autoconsideração

A mulher com cancro da mama é submetida a um conjunto de tratamentos que vão alterar a sua imagem corporal, nomeadamente a realização da mastectomia, um dos tratamentos mais comuns na mulher jovem com cancro da mama, devido a uma maior agressividade dos tumores bem como, o próprio processo de reconstrução. Este é talvez um dos momentos que maior dúvida e ansiedade traz à mulher. A reconstrução mamária é um processo complexo, duro e longo o que leva algumas mulheres a ponderar se o deve realizar ou não.

Também as alterações hormonais provocadas pela quimioterapia ou hormonoterapia podem ter efeitos indesejáveis, tais como a infertilidade, a queda de cabelo e o aumento de peso. A juventude própria deste grupo de mulheres traz consigo maiores expetativas sobre a beleza corporal que se vêem corrompidas ao longo do processo de tratamento. É complexo definir o conceito de imagem corporal, uma vez que se trata de algo íntimo e pessoal, no entanto, a literatura e a ciência têm contribuído para que o conceito ganhe alta definição. A imagem corporal que cada pessoa constrói sobre si está relacionada com as suas perceções, pensamentos, sentimentos e vivências sociais. Alguns estudos apontam para o facto de que, quanto melhor se aceita e se vive com a imagem corporal, melhor se lida com as alterações profundas imputadas pelo cancro da mama.

Algumas pessoas sentem dificuldade em falar sobre o tema porque o consideram trivial e menos importante quando comparado com o facto de estarem a ser tratadas para uma doença que ameaça a vida. Porém, consideramos que a proteção psicológica, a qualidade de vida pessoal e familiar passa também por uma conversa aberta sobre este tema.

Impacto no trabalho

Outro grande impacto do cancro da mama na vida destas mulheres prende-se com questões laborais. Trata-se de uma população ativa e muitas jovens mulheres estão a construir e consolidar uma carreira. Sentem pressão para se manterem a trabalhar e algumas insistem em fazê-lo apesar do cansaço e dos efeitos que os tratamentos possam causar.

As mulheres que têm mesmo de parar acabam por criar um certo isolamento que as pode tornar ainda mais fragilizadas. Quando podem finalmente regressar à vida ativa, por vezes pressionam-se a si próprias para acompanhar o ritmo de trabalho e recomeçar de onde pararam, porém podem deparar-se com alterações no seu trabalho para as quais não estavam preparadas. É aconselhável um regresso progressivo, preparado com as chefias, preparando-se a si e ao próprio ambiente laboral para o ritmo intenso da vida ativa.

 

A preservação da fertilidade e a maternidade

Os tratamentos para o cancro da mama podem afetar a possibilidade e os planos da mulher para ter filhos. Nas idades 20, 30 ou 40 anos, a mulher pode pensar constituir família e um tratamento de cancro da mama pode adiar ou mesmo anular esse plano de vida. Os tratamentos com quimioterapia podem levar à falência ovárica. Este dano pode reduzir ou impossibilitar a mulher de engravidar.

Para os tumores com recetores hormonais a terapêutica passa pela hormonoterapia, um tratamento realizado durante alguns anos que traz consigo alguns efeitos secundários, para além dos já mencionados, como a diminuição da líbido e secura vaginal.

No que se refere à infertilidade, esta pode ser temporária e em alguns casos, a mulher consegue engravidar no final dos tratamentos, noutros casos a infertilidade é irreversível.

Perante uma jovem adulta com diagnóstico de cancro de mama e consequente necessidade de tratamentos, o tema da fertilidade ou preservação da fertilidade terá de ser abordado nas primeiras consultas, pelos timings a cumprir, uma vez que a colheita de ovócitos terá que ser feita de acordo com o ciclo menstrual e antes do início de qualquer tratamento.

As mulheres devem ser informadas sobre os centros de fertilidade aos quais se podem dirigir e iniciar o processo de preservação da fertilidade. Devem ser igualmente instruídas sobre medidas contraceptivas (excepto pílula) durante o tratamento e follow-up evitando uma gravidez nesse período.

 

A Maternidade

Um dos principais impactos do cancro da mama na mulher jovem é na maternidade. Falamos de uma faixa etária em que, quando são mães, têm ainda filhos jovens ou muito pequenos e deparam-se com receios como não conseguir acompanhar as crianças, não ter forças, não saber como lhes falar sobre a doença e possíveis alterações nas suas rotinas. Muitos profissionais aconselham a que as rotinas das crianças sejam mantidas o mais possível iguais ao que eram antes do diagnóstico e, aqui, o apoio de familiares e amigos pode ser essencial.

Qualidade de vida conjugal

O diagnóstico de cancro da mama tem um grande impacto não só na mulher como naqueles que lhe são mais próximos. O conjunto de momentos associados à doença e os tratamentos realizados para combater o cancro podem fragilizar emocionalmente a mulher e abalar a sua vida familiar e conjugal. O cansaço, as náuseas, e outros efeitos dos tratamentos podem fazer com que a mulher não sinta qualquer desejo de intimidade, podendo afetar a sua saúde sexual.

Por vezes é difícil para os próprios companheiros compreenderem o seu papel. Escondem-se na timidez e na insegurança, não conseguindo acompanhar todo este duro processo. Existem relatos de casais que acabam por romper a relação, mas também e, felizmente, existem os que encontram estratégias em conjunto para ultrapassar este momento difícil. Os especialistas salientam a importância da comunicação aberta entre o casal e até, se necessário, um acompanhamento profissional para ajudar a encontrar formas de manter a qualidade de vida conjugal.

Desafios das sobreviventes

Os tratamentos cirúrgicos, rádicos e sistémicos (quimioterapia, hormonoterapia e imunoterapia) produzem efeitos secundários a longo prazo. Alguns já aqui mencionamos como a infertilidade ou a menopausa precoce, porém existem outros efeitos que devem ser considerados na avaliação periódica das sobreviventes e pelas próprias no seu dia-a-dia. Falamos de toxicidade cardíaca, de fadiga, de risco elevado de osteoporose e dificuldades cognitivas tais como, encontrar palavras, memorizar ou recordar-se de algo mais distante.

Outro dos grandes desafios que as sobreviventes de cancro enfrentam é o receio de que o cancro volte.  Apesar do prognóstico da doença ser mais favorável quando o cancro da mama é detetado em estadios precoces, existe sempre risco de recidiva. Em alguns casos, este risco pode ser mínimo.

Neste sentido, têm-se intensificado os estudos sobre a adoção de estratégias para reduzir este risco de recidiva que protejam as sobreviventes de cancro e que passam tão simplesmente pela adoção de comportamentos saudáveis. Aliar uma alimentação equilibrada à prática regular de exercício físico adequado a cada caso, são duas medidas importantes a adotar nas suas rotinas. A nível cognitivo, são aconselhadas as práticas do Yoga, Mindfulness e outro tipo de treino cognitivo. A acunpuntura é também aconselhada, especialmente no controlo da dor e redução da fadiga.

Esta é talvez uma das fases mais complexas do percurso da pessoa com cancro. É um momento preenchido por diversos estados de espírito, desde a alegria, à preocupação, à ansiedade, à culpa ou ao alívio. Seja qual for o seu estado de espírito, ou as estratégias que procure para reduzir o risco de recidiva, o importante é manter uma conversa aberta com o seu médico assistente ou médico de família para que em conjunto, escolham as opções e caminhos que melhor contribuam para o seu bem-estar.

Histórias de superação



Cancro da mama: é preciso estar atenta ao corpo

Aos 30 anos, Filipa Pereira foi diagnosticada com um cancro da mama triplo negativo. Sentiu um nódulo na mama durante o banho. Ao agir rápido, acelerou o diagnóstico. 

 

jovem mulher sobrevivente de cancro da mama Rayane Dutra
jovem mulher sobrevivente de cancro da mama raquel
jovem mulher a olhar de frente para a câmara
jovem sorridente em fundo cor de rosa

We Share Knowledge, We Share Hope

Quanto mais conhecimento, melhores serão os cuidados à mulher jovem com cancro da mama.
Faça parte do movimento We Share Hope: este mês de outubro, use um adereço ou uma peça de roupa rosa e continue esta corrente de partilha e sensibilização nas suas redes sociais. Nomeia duas amigas, colegas ou familiares e desafie-as a juntarem-se a si!

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CUF Oncologia