Receitas e conselhos de saúde para doentes oncológicos
Neste livro encontrará dicas de alimentação e vários conselhos de saúde, desenvolvidos por médicos especialistas CUF e pelas equipas de nutrição da CUF e do Pingo Doce, com 100 receitas que seguem os princípios da Dieta Mediterrânica, que o ajudarão a lidar com os efeitos secundários dos tratamentos oncológicos.
Depois de iniciar o tratamento contra o cancro pode ser difícil manter a alimentação normal ou habitual. O mais importante é que a pessoa com cancro obtenha as calorias e proteínas necessárias para manter o corpo forte e o mais resistente possível à doença e aos efeitos secundários dos tratamentos. Por esse motivo, foi elaborado este livro, que se pretende que possa servir como guia para melhor ultrapassar as dificuldades na alimentação durante esta fase da vida.
Ana Raimundo, Diretora Clínica da CUF Oncologia
Não podemos (nem devemos) negligenciar a importância que a nossa alimentação tem na saúde e na doença. Estima-se que cerca de um terço dos casos de cancro poderiam ser evitados se as pessoas adotassem uma dieta mais saudável e equilibrada.
Contudo, para caminharmos no sentido dessa «receita ideal», teremos de cozinhar com os vários «ingredientes» que consigam vencer esta «maldita maleita» que é o cancro.
Diogo Alpuim Costa, Médico Oncologista da CUF Oncologia
Os tratamentos para o cancro podem trazer vários efeitos secundários, sendo, por isso, fundamental que todos os doentes com este diagnóstico adaptem a alimentação com o objetivo de melhorar a forma como se sentem e como vivem o seu dia a dia.
Um bom estado nutricional traduz-se em efeitos positivos na função imunitária, na diminuição da taxa de complicações, na eficácia da resposta ao tratamento e no controlo dos efeitos secundários. Uma alimentação diversificada e equilibrada pode ser uma forte aliada na prevenção e no alívio destas queixas.
Telmo Severo Barroso, Nutricionista da CUF
A disosmia corresponde à alteração da sensação do olfato, nomeadamente para uma maior perceção de odor desagradável. Ocorre, geralmente, após a realização dos tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia, principalmente na zona da cabeça e do pescoço. Estas alterações no olfato podem manifestar-se de diferentes formas:
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Maior sensibilidade a diferentes cheiros;
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Os alimentos terem um cheiro diferente;
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Intolerância ao odor dos alimentos, o que poderá
tornar mais complicado consumi-los;
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Alguns cheiros podem provocar náuseas;
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Sentir cheiros que as outras pessoas não sentem.
A alteração do paladar, também denominada disgeusia, corresponde à modificação do sabor e do gosto dos alimentos e das bebidas. Pode ocorrer, em alguns casos, ageusia, ou seja, a perda total do paladar. Estas alterações ocorrem, frequentemente, após a realização de tratamentos oncológicos, como quimioterapia e radioterapia. As mais comuns são:
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Diminuição/aumento da perceção do gosto salgado, doce, ácido ou azedo;
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Presença de um sabor metálico ou químico na boca;
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Incapacidade de sentir o sabor salgado dos alimentos;
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Sentir que todos os alimentos têm um sabor semelhante;
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Aversão a determinados alimentos.
A boca seca, ou xerostomia, caracteriza-se pela baixa produção de saliva e pode afetar a perceção do sabor dos alimentos e a forma como se mastiga ou fala. Felizmente, existem várias formas de atenuar este sintoma e melhorar o dia a dia.
A diarreia é uma alteração no volume e na consistência das fezes, e está associada a um aumento do número de dejeções diárias. Os diferentes tipos de tratamento do cancro poderão ser causa de diarreia aguda (com duração inferior a duas ou três semanas) e de diarreia crónica (ocorre por períodos superiores a quatro semanas), sendo que, em alguns casos, poderá manter-se por vários meses ou até anos. Em regra, a maioria dos casos não são graves. No entanto, se este sintoma for acompanhado de sinais de alarme, como duração prolongada (superior a duas ou três semanas), dor abdominal de difícil resolução, febre, sangue nas fezes, sinais de desidratação (sede, boca seca, urina mais concentrada) ou emagrecimento, deverá ser contactada a equipa assistente de cuidados de saúde.
A tendência para o ganho de peso devido aos tratamentos, como a quimioterapia, a medicação com esteroides e a terapia hormonal, é muito frequente. Além disto, os doentes têm tendência para reduzir a sua atividade física, o que também pode, por si só, levar ao ganho de peso. Deste modo, é importante adotar um estilo de vida mais saudável e diminuir a ingestão energética para controlar a composição corporal, nomeadamente o ganho de massa gorda.
As náuseas são um dos sintomas mais presentes nos doentes oncológicos e a sua origem tem múltiplos fatores, além de serem uma consequência da quimioterapia e radioterapia. Este sintoma pode surgir pela toma de determinados medicamentos, esvaziamento gástrico retardado, obstrução intestinal, problemas metabólicos, ansiedade ou depressão. Podem persistir durante algum tempo, por isso é fundamental estabelecer estratégias para manter uma ingestão nutricional adequada.
A obstipação é um dos sintomas mais prevalentes dos doentes com cancro, contribuindo para a diminuição da ingestão e, consequentemente, para a malnutrição. As suas causas são múltiplas e estão relacionadas, tanto com a doença como com os tratamentos e mudanças no estilo de vida, dieta e mobilidade. As manifestações clínicas são várias: menos de três evacuações por semana, fezes duras, secas ou grumosas, ou que são difíceis e dolorosas, ou uma sensação de que nem todas as fezes passaram.
Os sintomas são: dor abdominal, distensão abdominal, anorexia (falta de apetite), náuseas, vómitos e retenção urinária.
A doença oncológica e a realização de tratamentos de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia podem promover uma diminuição do apetite que se irá, inevitavelmente, refletir numa redução da ingestão alimentar. Esta poderá ter consequências, como perda de peso e de massa muscular. O doente poderá adotar algumas estratégias para fazer face a esta situação.
Os tratamentos oncológicos, como a quimioterapia e a radioterapia, podem ter como consequência um conjunto de sintomas que impedem os doentes de ter uma alimentação completa e equilibrada, como é o caso da falta de apetite, boca seca, alteração do paladar e olfato, cansaço, dificuldade em engolir ou saciedade precoce. Por este motivo, além de todos os procedimentos que devem ocorrer para aliviar esses sintomas, deve haver a implementação de estratégias nutricionais para o aumento da ingestão energética.
Os vómitos estão frequentemente associados às náuseas e à má-disposição. Estes dois sintomas estão intimamente ligados e são muito comuns em pessoas com alguns tipos de cancro ou que estejam a fazer tratamentos, como radioterapia e quimioterapia.
A necessidade de esvaziar o conteúdo gástrico pode surgir durante os tratamentos ou horas e dias depois. Assim, doentes nestas condições sofrem com estes sintomas, que acabam por interferir na sua alimentação e até mesmo na sua qualidade de vida.