COVID-19 e crianças:

Síndrome Inflamatória Multissistémica
Bebés e crianças
COVID-19
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Mais comum em crianças a partir dos 6 anos, trata-se de uma inflamação generalizada, pós-COVID-19, que afeta vários órgãos. Aprenda a reconhecer os sintomas.

O termo COVID-19 (Coronavirus disease 2019) foi nomeado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e refere-se a uma doença infeciosa pandémica detetada pela primeira vez em 2019, provocada por uma estirpe de coronavírus (SARS-CoV-2 - Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2) e que resulta numa doença aguda grave respiratória.

Pode afetar qualquer idade mas parece ser menos frequente em crianças e adolescentes.

 

A maioria dos casos pediátricos não tem sintomas ou resulta em doença ligeira, sem necessidade de tratamento hospitalar. Contudo, raramente, alguns casos podem evoluir para um envolvimento multissistémico (ou seja, que afeta diferentes sistemas do corpo) e apresentar uma doença clinicamente diferente da idade adulta.

 

Síndrome Inflamatória Multissistémica em Crianças

Desde o início do ano 2020, têm sido documentados casos, em idade pediátrica, de uma síndrome denominada Síndrome Inflamatória Multissistémica em Crianças (em inglês: Multisystem Inflammatory Syndrome in Children - MIS-C), que corresponde a uma situação clínica de hiperinflamação generalizada que pode afetar vários órgãos.

 

A incidência é desconhecida, assistindo-se a um aumento, tipicamente, algumas semanas após um surto de COVID-19 na comunidade em geral.

Pensa-se que possa ser resultado de uma resposta desregulada do sistema imune após infeção aguda pelo vírus. O tempo que decorre entre a infeção aguda pelo vírus e o aparecimento desta síndrome pode ser variável e nem sempre é conhecida, uma vez que a infeção inicial é, na maioria dos casos, assintomática. Geralmente ocorre duas a seis semanas depois da infeção aguda.

 

Sintomas da Síndrome Inflamatória Multissistémica Pediátrica

Esta doença tem sido mais frequente a partir dos 6 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade.

Os doentes apresentam sintomas como:

  • febre persistente
  • queixas do trato gastrointestinal (como vómitos, diarreia, dor abdominal)
  • rash cutâneo (alterações na pele)

 

O que acontece quando é confirmado o diagnóstico da doença?

A Síndrome Inflamatória Multissistémica Pediátrica pode ser grave, com envolvimento respiratório e cardíaco, associado a dilatação das artérias coronárias e/ou hipotensão.

 

O diagnóstico é feito com base nos sintomas e exames complementares de diagnóstico que incluem avaliação cardíaca e pesquisa de PCR SARS-cov-2 e serologia SARS-cov-2.

 

A sua suspeita ou confirmação implica internamento hospitalar para monitorizar e/ou tratar complicações, com abordagem multidisciplinar. Pode ser necessário iniciar tratamento com corticoides e outros medicamentos hospitalares.

O prognóstico ainda é incerto por se tratar de uma doença recente. A taxa de mortalidade tem sido baixa, mas um grande número de doentes requer tratamento numa Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. As complicações a longo prazo ainda são desconhecidas.

O seguimento após alta depende dos órgãos envolvidos. Muitos casos devem manter seguimento em Cardiologia Pediátrica.

 

Em relação à vacinação dos doentes com diagnóstico de Síndrome Inflamatória Multissistémica na Criança, ainda não está estabelecida a sua eficácia e a realização deve ser ponderada caso a caso.

 

Pós-COVID-19: sinais de alerta para procurar assistência médica

Após infeção por SARS-CoV-2 ou após suspeita de contacto, deve contactar o médico assistente ou a linha SNS24 caso a criança apresente um ou mais dos seguintes sintomas:

  • febre persistente
  • prostração
  • falta de ar
  • lesões na pele
  • diarreia ou dor abdominal persistentes
Publicado a 14/06/2021