Vírus Sincicial Respiratório: o que mudou com a COVID-19?

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A pandemia trouxe aos pediatras uma preocupação extra: o Vírus Sincicial Respiratório. Desde então os casos surgiram mais cedo, em maior número e gravidade.

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um dos vírus respiratórios mais comuns em pediatria: 90% das crianças vão ter pelo menos um episódio de infeção até aos dois anos de idade.

Ocorre sazonalmente na altura do inverno e as manifestações associadas são variáveis:

  • Assintomática - adolescentes e adultos
  • Sintomas respiratórios ligeiros (tosse, nariz entupido e febre) - crianças com idade igual ou superior a um ano de idade
  • Sintomas respiratórios moderados a graves (com dificuldade em respirar e se alimentar) - crianças inferior a um ano de idade

 

Apesar de ser um vírus sobejamente conhecido, ainda não existe vacina nem tratamento específico. Por isso é que a infeção por VSR é a principal causa de internamento nas crianças abaixo de um ano, sendo responsável por 40% das pneumonias e até 80% dos casos de bronquiolite viral aguda.

Embora atinja sobretudo crianças saudáveis e de termo, os prematuros e as crianças com doenças cardíacas e/ou pulmonares, neuromusculares ou defeitos da imunidade são os que correm mais risco de serem gravemente afetados.

 

O que mudou com a pandemia?

Não sendo um vírus novo, desde a pandemia por COVID-19 que o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) assumiu um comportamento diferente, a nível mundial, que está a preocupar os pediatras.

Em 2020, o isolamento social, as medidas de etiqueta respiratória e a utilização de máscara impediram a sua circulação, evitando que o pico sazonal de inverno acontecesse. Como resultado, os bebés e crianças não adoeceram mas também não desenvolveram imunidade.

Este 2021, com o relaxar das medidas de confinamento e a exposição ao VSR deste grupo não protegido, os primeiros casos começaram a aparecer no verão, muito mais cedo do que o esperado, em crianças e bebés mais pequenos, e com maior agressividade.

Esta situação tem tido impacto na afluência às urgências e número de internamentos, inclusive ao nível das unidades de cuidados intermédios e intensivos pediátricos, dado que se mantém desde o verão uma incidência e gravidade de infeções por este vírus acima do habitual para a época do ano.

 

Como prevenir a infeção por VSR?

Existem alguns cuidados que podem ajudar a prevenir a infeção por Vírus Sincicial Respiratório:

  • Evitar o contato com outras crianças e/ou adultos que apresentem sintomas respiratórios
  • Evitar levar as crianças à escola quando estiverem doentes
  • Evitar aglomerados populacionais (como centro comerciais, transportes públicos)
  • Manter uma higiene correta das mãos das crianças, familiares e conviventes
  • Usar máscara, sempre que aplicável

 

Esta pandemia veio mudar o mundo e a forma como nos relacionamos, mas também veio mostrar que os outros vírus respiratórios não desapareceram: estão presentes, evoluíram e têm comportamentos inesperados. Tendo em conta que para muitos destes vírus respiratórios não existe ainda vacina nem tratamento específico, apostar na prevenção é, hoje e cada vez mais, essencial.

Publicado a 25/11/2021