Drenagem linfática: em que casos está indicada?
A drenagem linfática pode ser integrada no tratamento de vários problemas de saúde, como linfedema, artrite reumatoide e insuficiência venosa crónica.
A drenagem linfática é uma técnica de massagem bastante conhecida para tratamentos estéticos, como, por exemplo, para atenuar a celulite. Mas sabia que também pode ser utilizada em muitos outros problemas de saúde, como linfedema, má circulação ou até ser coadjuvante no tratamento de doenças como a artrite reumatoide? Fique a conhecer melhor esta técnica e saiba para que situações pode estar ou não indicada.
O sistema linfático
Composto por vasos e nódulos linfáticos, o sistema linfático é parte do sistema imunitário e tem como grande objetivo a filtragem de resíduos no organismo, produzidos pelos nossos tecidos e órgãos.
Os nódulos linfáticos de maiores dimensões são os que se localizam no pescoço, virilhas e axilas e trabalham em conjunto para garantir que a linfa (fluido composto maioritariamente por glóbulos brancos e plasma) “limpa” é transferida para os vasos sanguíneos que levam o sangue até ao nosso coração.
A quantidade de linfa que é produzida nos tecidos acaba por ser maior que aquela que é retirada, o que pode levar a uma acumulação deste líquido no espaço que se situa entre as células e que volta a ser absorvido pelos capilares linfáticos.
O que é a drenagem linfática?
A drenagem linfática é uma técnica de massagem que envolve a manipulação suave de zonas específicas do nosso corpo de modo a que a linfa se mova mais facilmente pelos nódulos e tecidos e não fique “presa” noutras áreas. É quase como se a massagem “bombeasse” a linfa para os vasos e nódulos linfáticos.
Uma sessão de drenagem linfática pode durar entre 15 a 60 minutos.
Atenção!
Antes de fazer uma drenagem linfática, aconselhe-se junto do seu médico assistente.
Como é feita a drenagem linfática
Existem essencialmente duas grandes técnicas de drenagem linfática, ambas com benefícios parecidos: a manual e a mecânica.
- Manual
É uma técnica de massagem que consiste em movimentos lentos, suaves (sem exercer demasiada pressão), monótonos e ritmados apenas com a utilização das mãos. Estes movimentos alongam a pele respeitando a trajetória da circulação do sistema linfático e podem também envolver compressão e deslizamento, no sentido da circulação normal.
- Mecânica
Neste tipo de drenagem linfática são utilizados aparelhos não invasivos e que podem aplicar diferentes técnicas: pressoterapia, sucção ou rolamento. Deste modo, o objetivo consiste em potenciar os resultados obtidos com este tratamento, com uma atuação mais profunda.
Quais são os benefícios da drenagem linfática?
De um modo geral, o objetivo da drenagem linfática é o de ajudar o organismo a manter uma boa circulação sanguínea e um equilíbrio dos fluidos corporais assim como das funções imunitárias. Em certas doenças que bloqueiam o sistema linfático pode ocorrer edema (ou inchaço). A drenagem linfática pode precisamente ajudar a aliviar essa queixa. Além disso, este tipo de massagem pode ainda contribuir para a hidratação e nutrição celular, acelerar a reabsorção de hematomas (nódoas negras) e de equimoses e promover uma cicatrização mais rápida de feridas.
Algumas das doenças em que a drenagem linfática pode ser utilizada como tratamento coadjuvante são:
1. Linfedema
O linfedema manifesta-se através de inchaço geralmente de uma das pernas ou de um dos braços. Este é causado pela acumulação de linfa nos tecidos moles devido a distúrbios genéticos, infeções, tratamento oncológico, lesões ou cirurgias.
Pode ser tratado com bandas ou meias de compressão, contudo, uma drenagem linfática manual pode potenciar os benefícios do tratamento, aliviando o inchaço.
Por exemplo, quando ocorre linfedema do braço após a realização de uma mastectomia (cirurgia para remoção de tecido mamário como tratamento ou abordagem preventiva no cancro da mama), a drenagem linfática pode ajudar a aliviar este problema.
2. Artrite reumatoide
Com a progressão da artrite reumatoide, pode ocorrer má circulação linfática, provocando inchaço. Além disso, também pode agravar a dor articular, as articulações podem não funcionar corretamente e podem ocorrer alterações na cor da pele. A drenagem linfática pode contribuir para o alívio destes sintomas.
3. Insuficiência venosa crónica
Ocorre quando as veias das pernas não funcionam de forma eficaz, o que dificulta a circulação do sangue dos membros inferiores para o coração. A drenagem linfática pode ajudar a melhorar a circulação sanguínea em pessoas com insuficiência venosa crónica.
4. Fibromialgia
Esta doença pode ter como uma das consequências a inflamação dos nervos cutâneos (da pele), descoloração da pele e edema dos tecidos. A drenagem linfática pode ajudar a melhorar a qualidade de vida de pessoas com fibromialgia.
5. Lipedema
É causado pela acumulação de gordura na parte inferior do corpo, o que por sua vez “bloqueia” o sistema linfático e provoca linfedema.
Além disso, a drenagem linfática pode também ser prescrita, por exemplo, nos seguintes casos:
- Inchaço
- Celulite
- Má circulação sanguínea
- Inchaço durante a gestação e na tensão pré-menstrual
- Tratamento antes e depois de cirurgias plásticas (como, por exemplo, após uma lipoaspiração)
- Cicatrizes hipertróficas e queloidianas
A importância de uma boa técnica
A drenagem linfática pode ter vários benefícios para a saúde, mas é muito importante que a técnica realizada seja a correta.
Uma sessão de drenagem linfática nunca deve provocar dor nem eritema (manchas vermelhas) ou danificar os vasos sanguíneos (algo que pode ocorrer quando é exercida pressão em excesso) com aparecimento de hematomas.
É fundamental que consulte profissionais habilitados para fazer a drenagem linfática, como massagistas credenciados, fisioterapeutas e médicos.
Sessões de drenagem linfática agressivas ou em pessoas com patologia grave podem provocar complicações graves, como, por exemplo, necrose (morte de um tecido) de gordura subcutânea, hematomas ou embolias.
Para quem está contraindicada
Há casos em que esta técnica de massagem está contraindicada, como:
- Infeções agudas
- Asma brônquica grave e não tratada
- Coágulos sanguíneos
- Flebite (ou tromboflebite)
- Hipertiroidismo não tratado
- Cancro (diagnosticado e em atividade)
- Febre
- Hipotensão arterial
- Insuficiência cardíaca
- Falência renal
Cleveland Clinic, agosto de 2022
Sociedade Brasileira de Dermatologia, agosto de 2022
WebMD, agosto de 2022