Viajar de avião: que efeitos tem no nosso corpo?

Prevenção e bem-estar
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Distensão abdominal, stress, cansaço... Viajar de avião pode causar alguns sintomas menos agradáveis, mas é possível preveni-los. Saiba como.

As viagens de avião, pela rapidez com que nos permitem chegar ao destino, são muitas vezes a forma de deslocação de eleição. Contudo, é importante saber que viajar de avião pode estar associado a alguns sintomas e problemas, como aumento dos níveis de stress, cansaço, distensão abdominal e edemas das pernas. Isto deve-se sobretudo à elevada pressão do ar dentro da cabine do avião e dos longos períodos na posição de sentado. Para um voo seguro, fique a conhecer algumas estratégias para prevenir cada uma das situações.



1. Aumenta os níveis de stress

Para algumas pessoas, viajar de avião leva a um aumento dos níveis de stress, algo que pode acontecer até mesmo antes do momento da viagem. E não tem apenas que ver com o possível medo de andar de avião, mas também com o facto de terem de enfrentar filas de espera, tempos de espera pela bagagem e até as correrias para as portas de embarque. Para evitar que o dia da viagem seja tão stressante, planeá-lo pode ajudar a manter a calma.

 

Dica útil:

Guarde os seus medicamentos habituais numa mala que tenha sempre consigo durante a viagem e não na bagagem de porão.

 

2. Favorece a desidratação

Nas cabines dos aviões, os níveis de humidade são mais baixos do que aqueles a que estamos habituados. Isto porque cerca de metade do ar circulante é trazido do exterior e em altitudes mais elevadas a humidade é quase inexistente (entre 10-20%, face aos 30-65% a que estamos habituados). Como resultado, podemos sentir secura na garganta, nariz, olhos e pele, o que pode aumentar o risco de contrair outras doenças.

Mantenha-se bem hidratado, bebendo água com frequência durante o voo. Por outro lado, não deve consumir álcool, café e chá. Evite ainda o uso de lentes de contacto, preferindo os óculos, e tenha consigo gotas oculares lubrificantes, spray nasal e creme hidratante.

 

3. Expõe-nos a micróbios

Nos aviões, é feita a recirculação do ar dentro da cabine através de filtros que removem a maior parte das bactérias, vírus e outros microrganismos presentes no ar e que possam causar doenças. No entanto, o ar mais seco e a proximidade com outros passageiros, pode levar à transmissão de micróbios, sobretudo quando as pessoas tossem ou espirram muito perto umas das outras. Também as mesas, os cintos de segurança e outras superfícies frequentemente tocadas podem ser zonas especialmente contaminadas por microrganismos. Para se proteger, tenha sempre consigo uma embalagem de álcool gel e lave as mãos com frequência durante a viagem.

 

4. Promove a sensação de cansaço

Já se sentiu cansado depois de uma viagem de avião? Há vários fatores que podem contribuir para que isso aconteça. Um deles é o facto de a pressão do ar ser mais baixa em altitudes mais elevadas e mesmo que o ar da cabine seja pressurizado, a pressão continua a não ser equivalente à que temos ao nível do mar. E se os níveis de oxigénio no avião são mais baixos, o mesmo acontece com os níveis de oxigénio no nosso corpo. Como resultado, podemos sentir-nos mais cansados. Também a desidratação e passar longos períodos de tempo em posição de sentado pode contribuir para que nos sintamos com menos energia.

O que devemos, então, fazer? Mantermo-nos bem hidratados é fundamental, assim como movimentarmo-nos durante o voo: se está sentado há mais de duas horas, levante-se e caminhe pela cabine do avião. Fazer alguns alongamentos, mesmo sem sair do seu assento, é outra medida que pode ajudar.

 

5. Coloca pressão nos ouvidos

Ao longo do voo, a pressão do ar na cabine vai sofrendo alterações - sobretudo na descolagem e na aterragem, momentos em que essas alterações da pressão são mais repentinas - e, consequentemente, os nossos ouvidos vão tentando adaptar-se, é por isso que podemos sentir os ouvidos "estalar". Este desequilíbrio da pressão no interior dos ouvidos também pode contribuir para cinetose (ou enjoo de movimento). Outros problemas mais raros que podem surgir são dores de ouvidos ou perda temporária da audição durante o voo.

Para ajudar a aliviar a pressão dentro dos ouvidos, repita movimentos de deglutição, masque pastilha elástica, beba muitos líquidos ou boceje. Para combater os enjoos, uma boa estratégia pode ser escolher um lugar junto à janela, na zona das asas.

As crianças mais pequenas são particularmente sensíveis à alteração da pressão nos momentos de descolagem e aterragem. Nesses momentos, o uso da chupeta ou a ingestão de alimentos, incluindo a amamentação materna, podem ajudar a reduzir o desconforto nos ouvidos.

 

Atenção!

Se tem alguma inflamação nos ouvidos, fale com o seu médico assistente antes de viajar de avião. Nestes casos, o ouvido pode não conseguir "estalar" para se adaptar à pressão atmosférica, o que pode causar dor ou até danos nos ouvidos.

 

6. Promove a distensão abdominal

As alterações a nível de pressão do ar fazem-se sentir não apenas nos ouvidos, mas também podem fazer com que o ar no interior do estômago e intestino expanda e, como resultado, podemos sentir-nos mais inchados do que o habitual.

Antes e durante o voo, evite alimentos que já sabe que lhe podem provocar gases, como café, chocolate ou bebidas gaseificadas.

 

7. Pode provocar jet lag

Quando viajamos para países que têm um fuso horário diferente do nosso, é normal que possamos sofrer de jet lag. Quanto maior a diferença horária, maior poderá ser a dificuldade de adaptação ao horário do destino.

Alguns dos sintomas que podem estar associados ao jet lag são:

  • Cansaço
  • Rotina de sono desregulada
  • Náuseas
  • Diarreia
  • Obstipação
  • Ansiedade
  • Confusão

 

Algumas estratégias que o podem ajudar a adaptar-se ao fuso horário do seu destino incluem alterar as suas rotinas de sono antes da viagem de modo a ficarem mais semelhantes às que terá no país de destino. Também é importante que descanse antes da viagem e que possa ter um período de descanso suplementar à chegada a um destino com um fuso horário diferente.

 

8. Pode aumentar os níveis de pressão arterial

Quanto maior a altitude, mais baixos os níveis de oxigénio, o que facilita a subida dos níveis de pressão arterial. Pessoas cujos valores da pressão arterial são altos podem ter maior risco de hipertensão arterial, o que, por sua vez, pode causar complicações, como descompensação cardíaca, doença coronária, entre outras. Isto não significa, no entanto, que quem tem pressão arterial alta não pode viajar, apenas que deve ter alguns cuidados, como movimentar-se ao longo do voo - levante-se e caminhe no avião - e evitar alimentos salgados, álcool e calmantes. É muito importante que, se toma medicação para a pressão arterial, não se esqueça de a tomar no horário certo e a tenha sempre consigo durante a viagem em caso de necessidade.

 

9. Pode aumentar o risco de trombose venosa profunda

A trombose venosa profunda é um problema de saúde que ocorre quando coágulos se formam nos vasos sanguíneos dos membros inferiores. Quando estes se soltam e circulam pela corrente sanguínea, pode ocorrer uma embolia pulmonar. Embora haja um risco acrescido de ter uma trombose venosa profunda sempre que viajamos de avião, este é superior em pessoas que sofrem de varizes, obesidade ou outras doenças crónicas. Para reduzir o risco, recorde alguns cuidados como: o uso de vestuário confortável, que não seja justo ou muito apertado; dobrar e esticar as pernas com frequência; massajar os músculos gémeos das pernas; e caminhar pelo corredor do avião para favorecer uma boa circulação sanguínea, mantendo uma hidratação adequada e os medicamentos habituais à hora certa.

Fontes:

Cleveland Clinic, outubro de 2021

Penn Medicine, outubro de 2021

Publicado a 21/07/2022