É ou foi fumador?

Saiba como diminuir o risco de cancro do pulmão
Cancro
Prevenção e bem-estar
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Muitas pessoas que são ou foram fumadoras vivem com medo de desenvolver cancro do pulmão. Partilhamos a resposta às principais dúvidas que surgem nas consultas.

O cancro do pulmão é a principal causa de morte por cancro a nível mundial. No nosso país são diagnosticados mais de 4.500 novos casos por ano e morrem 12 portugueses por dia com cancro do pulmão. A própria Organização Mundial da Saúde prevê a duplicação da taxa de mortalidade por este tipo de cancro nos próximos 25 anos.

 

Enquanto fumador, o que posso/devo fazer para reduzir o risco de ter cancro do pulmão?

É importante relembrar que o problema não se refere apenas ao cancro e a resposta imediata é procurar diminuir o risco deixando de fumar. Todos os esforços são válidos, a título individual ou com acompanhamento em consulta especializada. É possível reduzir consideravelmente a possibilidade de morrer por uma doença relacionada com o tabaco se deixar de fumar antes dos 40 anos e se parar de fumar aos 54 anos existe um ganho estimado de 6 anos de vida, quando comparado com um indivíduo que não deixa de fumar. Em suma, quanto mais cedo parar de fumar, mais tempo e qualidade de vida ganha. Nunca é tarde para abandonar o tabagismo.

 

Corro risco de ter cancro do pulmão mesmo depois de deixar de fumar?

Embora menor que num fumador, a resposta é sim, ainda corre risco, mas vai diminuindo ao longo dos anos. Depois de 25 anos sem tabaco o risco de cancro de um ex-fumador é ainda maior quando comparado com alguém que nunca fumou. Nas pessoas que começaram os hábitos tabágicos em idade mais jovem o risco é mais alto, assim como para aqueles que fumaram durante muitos anos ou um elevado número de cigarros por dia. Mas não é só o consumo direto de tabaco que aumenta o risco de cancro do pulmão; todos aqueles que convivem constantemente com fumadores e que inalam o fumo do seu tabaco - o chamado tabagismo passivo - correm também um maior risco de desenvolver este tipo de cancro.

 

Que tipo de exame ou rastreio posso fazer para detetar precocemente algum tipo de lesão?

Em 2011, um estudo do National Lung Screening Trial, que decorreu nos Estados Unidos da América, revelou que a realização anual de uma TAC ao tórax com baixa dose de radiação (e, portanto, com elevada segurança), permitia a correta e atempada identificação de pequenos nódulos nos pulmões, em muitas situações correspondentes a cancro do pulmão em fase precoce. Isso possibilita um tratamento curativo com uma diminuição de 20% nas mortes registadas por cancro do pulmão.

 

A quem se destina esta "deteção precoce"?

Este exame de deteção precoce feito anualmente está indicado para a população com risco aumentado de desenvolver cancro do pulmão, ou seja, pessoas entre os 55 e 74 anos, que, nos últimos 15 anos, fumam ou deixaram de fumar, e com número de cigarros/dia significativo - por exemplo, 20 cigarros por dia nos últimos 30 anos ou 40 cigarros por dia nos últimos 15 anos. Há ainda entidades internacionais que aconselham que esta TAC de baixa dose seja alargada e realizada entre os 50 e os 80 anos, principalmente para as pessoas que tenham outros fatores de risco associados, como doenças que propiciam o cancro ou história familiar direta com historial de cancro do pulmão.

 

E se descobrir que tenho um nódulo no pulmão?

Se descobrir que tem um nódulo no pulmão, o seu caso será estudado. São muitas as situações em que são detetados nódulos de pequena dimensão, em muitos casos benignos, e algumas situações apenas carecem de vigilância periódica. Noutras situações, quando há uma suspeita de cancro elevada, pode ser preciso fazer uma biópsia ou mesmo retirar o nódulo através de uma cirurgia. Hoje em dia, as melhores opções de tratamento ou seguimento são discutidas por grupos multidisciplinares de profissionais especializados cujas conclusões são depois partilhadas com o doente, com o objetivo de traçar uma decisão conjunta.

 

O contexto atual que vivemos não invalida que procure ajuda clínica - o diagnóstico precoce é importante e os Hospitais e Clínicas CUF estão preparados para o receber com a maior segurança e capacitadas para um diagnóstico rápido e tratamento adequado a cada caso.

Publicado a 01/08/2020