O que é?

O cancro do pulmão é, na vasta maioria dos casos, de origem epitelial e, como tal, é classificado como carcinoma. Os carcinomas pulmonares surgem normalmente nas células do epitélio dos brônquios principais (tumor central) ou em pequenos brônquios, bronquíolos, ou alvéolos (tumor periférico).  

Ao contrário das células normais, as células de cancro do pulmão não respeitam as fronteiras do órgão podendo invadir os tecidos circundantes e disseminar a outras partes do organismo. A este processo dá-se o nome de metastização.

Prevenção

A prevenção do cancro do pulmão passa fundamentalmente pela adopção de hábitos saudáveis, nomeadamente não fumar e evitar ambientes de fumo. Passa também por estar alerta aos sintomas da doença, devendo consultar o seu médico caso os mesmos se manifestem.

No caso de ser um fumador habitual, deverá realizar consulta periódica com o seu médico de família ou um pneumologista, para efectuar um diagnóstico precoce do cancro do pulmão. Poderá também realizar uma consulta de cessação tabágica numa das nossas unidades.

Em 2011 ficou estabelecido que a tomografia computadorizada (TC) de baixa dosagem é um procedimento válido e seguro para fazer rastreio de cancro do pulmão em populações com risco essencialmente baseado na carga tabágica.

 

Os critérios de inclusão num programa de diagnóstico precoce são:

  • Idade entre os 55-74 anos, com indicador superior a 30 unidade de maço ano (UMA - calculado pelo nº de maços por dia multiplicado pelo nº anos que o doente fuma) e cessação do tabaco há menos de 15 anos

Ou

  • Idade superior a 50 anos, indicador UMA superior a 20 e presença de outros factores de risco: doença pulmonar (DPOC, fibrose), antecedentes familiares de cancro do pulmão, exposição ocupacional ou antecedentes pessoais de cancro.

Fatores de risco

Qualquer comportamento ou condição que aumenta o seu risco de ter uma doença é um fator de risco. Se um ou mais fatores de risco se aplicarem a si, não quer dizer que desenvolverá necessariamente cancro do pulmão. Da mesma forma, o cancro do pulmão pode aparecer em indivíduos que não apresentem fatores de risco conhecidos.

Ainda não foi possível encontrar as causas para o cancro do pulmão, mas alguns fatores de risco são conhecidos. Os principais fatores de risco são os seguintes:

 

Tabagismo

É o principal fator de risco de cancro do pulmão. Entre 80 a 90% dos doentes com cancro do pulmão fumam ou já fumaram. Considera-se que o tabaco causa 70% dos cancros do pulmão mas só 20% dos fumadores é que desenvolvem cancro do pulmão. Por outro lado, 20% das mulheres com cancro do pulmão nunca fumaram mas este número cai para metade nos homens.

 

Idade

Como em quase todos os cancros, é outro fator de risco uma vez que a mediana de idade dos doentes com cancro do pulmão é de 71 anos. A incidência anual em Portugal em grupos etários mais avançados passa para mais de 200 casos por 100.000 habitantes na classe etária entre os 70 e os 74 anos.

 

Genética

A existência de agregação familiar de cancro do pulmão faz pressupor uma eventual associação genética, contudo o mesmo ainda não foi provado bem como o mesmo poderá dever-se a exposições ambientais semelhantes em indivíduos da mesma família.

 

Exposição ocupacional a substâncias causadoras de cancro

Fator de risco menos bem definido como causal.

Sintomas

Os sintomas de cancro do pulmão não são exclusivos, podem aparecer noutras doenças. O facto de ter um ou mais dos sintomas aqui descritos não significa que tem cancro do pulmão.

Deverá estar atento e consultar o seu médico se tiver os seguintes sintomas:

  • uma pneumonia que não fica curada
  • dor torácica persistente
  • falta de ar
  • expectoração com sangue
  • emagrecimento progressivo

A quem me devo dirigir?

Em caso de suspeita de cancro, devido a sintomas ou a um exame complementar de diagnóstico que apresente uma alteração (por exemplo: radiografia ou TC do tórax), deve dirigir-se logo que possível a um Pneumologista, Oncologista médico ou Cirurgião Torácico.

 

Se precisar de ajuda poderá também contactar um dos nossos gestores oncológicos.

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Subtipos do cancro do pulmão

Há vários tipos de cancro do pulmão, dividindo-se em dois grupos principais baseados no aspecto das células ao microscópio, que se comportam de forma diferente no que respeita à forma como se desenvolvem e metastizam: o cancro do pulmão de não pequenas células  e o cancro do pulmão de pequenas células.

 

Cancro do pulmão de não pequenas células

É o cancro mais frequente, correspondendo normalmente a 85% dos casos de cancro do pulmão. Este tipo de cancro do pulmão geralmente cresce e metastiza de forma mais lenta, comparativamente ao cancro de pequenas células.

Pode ser classificado nos seguintes subtipos:

  • Adenocarcinoma  - é o tumor epitelial maligno mais frequente de cancro do pulmão, representando 30-50% dos casos. É mais comum em mulheres e em não-fumadores, estando, por isso, menos associado a um historial tabágico. 
  • Carcinomas pavimentosos - pavimento-celular, epidermóide ou escamoso -  representa cerca de 25-30% de todos os tumores do pulmão e ocorre maioritariamente em homens. Está fortemente relacionado com um historial tabágico. No entanto, ainda que os hábitos de fumar não tenham mudado consideravelmente, a incidência deste tipo de cancro tem vindo a diminuir em relação ao adenocarcinoma provavelmente devido a alterações nos constituintes do tabaco.
  • Carcinomas de grandes células – mais raro, representando 3% dos casos.

 

Cancro do pulmão de pequenas células

É um tumor muito maligno e tem uma forte relação com o tabagismo. Este tipo de cancro do pulmão ocorre tanto em grandes brônquios como na periferia do pulmão.

Diagnóstico

Os exames utilizados mais frequentes para o diagnóstico inicial do cancro do pulmão, são os exames de imagem como a radiografia de tórax e a tomografia computorizada (TC). 

Caso os anteriores indiquem uma suspeita de cancro do pulmão, será necessário efetuar uma biópsia pulmonar, ou seja, a recolha de fragmentos de tecido do pulmão para confirmação. Este material pode ser obtido durante a realização de uma broncoscopia flexível (tubo flexível que é introduzido através do nariz ou boca e dirigido às vias aéreas e pulmões), biópsia transtorácica (agulha colocada através do tórax e guiada por métodos de imagem para alcançar a lesão pulmonar, habitualmente em tumores periféricos) ou ecoendoscopia (semelhante à flexível, mas com sonda na ponta). Podem também ter de ser realizadas biópsias de outros locais que não o  Pulmão em caso de suspeita de metastização da doença (extensão a outros órgãos).

O material e células colhidas são enviados para estudo por Anatomia Patológica, sendo esta a única forma de confirmar a existência de doença.

 

Medicina personalizada - testes genéticos

Hoje em dia, após a análise da Anatomia Patológica, seguem-se outros procedimentos, nomeadamente testes de biologia molecular e outros marcadores específicos, no sentido de selecionar o melhor fármaco para cada pessoa com cancro, permitindo a chamada terapêutica “personalizada”, quando tal é possível. O objetivo é encontrar mutações genéticas - alterações nos genes - que possam estar ligadas ao seu tipo de cancro. Por exemplo, aproximadamente 60% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão apresentam tumores com mutações muito específicas.

Todas estas mutações genéticas são apenas encontradas nas células do cancro, não nas células normais, o que significa que não irão ser transmitidas aos seus filhos. As alterações genéticas mais frequentes testadas no diagnóstico de cancro do pulmão encontram-se nos genes EGFR, KRAS e ALK.

Estadiamento

estadiamento é o processo pelo qual determinamos se ocorreu disseminação do cancro do pulmão para outras estruturas próximas ou mais distantes.

A informação obtida pelo processo de estadiamento determina o estadio da doença, fundamental para o tratamento poder ser planeado de forma correta.

Com base nos exames de diagnóstico efetuados, que podem incluir Tomografia Computorizada, ecoendoscopia brônquica, cintigrafia óssea, PET (tomografia de emissão de positrões) ou ressonância magnética, efectua-se o estadiamento do cancro do pulmão: que pode ir do Estadio I (menos grave, melhor prognóstico) ao Estadio  IV (mais grave, pior prognóstico) segundo a atual classificação TMN para tumores do pulmão (8ª edição, TNM).

TNM é abreviatura de tumor (T), gânglios linfáticos (N) e metástase (M):

  • T. Indica o tamanho do tumor primário e até onde se disseminou.
  • N. Descreve se existe disseminação da doença para os gânglios linfáticos mais próximos.
  • M. Indica se existe presença de metástase noutras partes do corpo.
Via Verde Diagnóstico de Cancro do Pulmão

A pensar na importância de um diagnóstico rápido e preciso para o início atempado dos tratamentos, a CUF Oncologia organizou uma resposta rápida em caso de forte suspeita de cancro do pulmão.

António Pombo

"A deteção precoce salvou-me a vida"

homem maduro sobrevivente cancro pulmão a sorrir
Lurdes Bessa

“Senti-me sempre muito bem informada e acompanhada”

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Tendo em conta o estadiamento

Com base no estadiamento (TNM) do cancro do pulmão de células não pequenas anteriormente referido é possível orientar o tratamento mais adequado:

Estadios I e II – neste estádio a opção de tratamento é geralmente a cirurgia;

Estadios III – as opções terapêuticas incluem a quimioterapia e radioterapia, em sequência ou combinadas; raras vezes a cirurgia.

Estadios IV – neste estádio, o tratamento mais frequente é a  quimioterapia, embora actualmente numa percentagem elevada de casos  existam já  novos medicamentos, que permitem em doentes selecionados, uma terapêutica “ personalizada” .

 

Para o tratamento do cancro do pulmão de pequenas células os tratamentos são quase exclusivamente de Quimioterapia. A Radioterapia associa-se em determinadas situações da doença nomeadamente em estadios limitados de doença. A cirurgia raramente pode ser efetuada nestes casos.

Cirurgia

O principal objetivo da cirurgia no cancro do pulmão é remover todo o cancro. A prioridade da sua equipa de cirurgia é mantê-lo seguro e fazer todos os possíveis para manter a sua qualidade de vida após a cirurgia.

 

Tipos de cirurgia no cancro do pulmão

A escolha do tipo de cirurgia a realizar depende em grande medida do tamanho do tumor e para onde se poderá ter espalhado nos pulmões.

  • Cirurgia Sublobar é sobretudo indicada para tumores muito pequenos ou quando uma ressecção de uma parte maior pode ter demasiado impacto negativo para o doente. 

  • Lobectomia é a remoção completa de um dos lobos do pulmão (existem três lobos no pulmão direito e dois no esquerdo). É a cirurgia mais comum no tratamento de cancro do pulmão de não pequenas células e é a melhor opção num cancro isolado e em doentes de bom estado geral de saúde.

  • Bilobectomia envolve a remoção de dois lobos do pulmão do lado direito.

  • Pneumonectomia é a remoção de todo o pumão. É realizada quando o cancro se localiza no centro do pulmão e não é possível uma cirurgia mais localizada. A pneumonectomia é a apenas realizada em doentes com boa função pulmonar, com boa capacidade de recuperação e que conseguem viver sem apoio suplementar de oxigénio.

Imunoterapia

Recentemente (nos últimos 5 anos) a aprovação de fármacos de Imunoterapia (dirigidas ao nosso sistema imunitário e não diretamente ao tumor) para um grupo já muito considerável de doentes, quer como terapêutica de primeira linha, quer após o uso de outras terapêuticas, veio aumentar ainda mais as expetativas dos médicos que se dedicam ao tratamento do cancro do pulmão.

É hoje uma área em desenvolvimento crescente e grande é a esperança de que a curto prazo possamos alterar a sobrevida aos 5 anos, tornando o cancro do pulmão numa doença crónica.

O uso destas terapêuticas, para além de aumentar a sobrevida dos doentes, simultaneamente aumenta-lhe a qualidade de vida, dado que os efeitos laterais dos fármacos são significativamente menores quando comparados com os da quimioterapia.

A indicação clínica para a utilização de imunoterapia não é dirigida a todos os doentes com cancro do pulmão.

Na rede CUF existem também vários ensaios clínicos a decorrer que esperam contribuir para uma melhoria significativa da vida dos doentes com cancro do pulmão.

Quimioterapia

Cancro do pulmão de pequenas células

Tendo em conta que a probabilidade de este tipo de cancro se espalhar para outras partes do corpo é elevada, a primeira abordagem de tratamento passa muitas vezes pela quimioterapia, seja como tratamento único ou em combinação com radioterapia. Esta abordagem depende sempre do estádio da doença.

 

Cancro do pulmão de não pequenas células

Mesmo em tumores que são totalmente removidos durante a cirurgia ou destruídos por radioterapia, o cancro pode regressar se células microscópicas conseguiram libertar-se do tumor primário e viajar até outras partes do corpo. Por isso, a sua equipa clínica pode decidir realizar o tratamento de quimioterapia antes ou após a cirurgia.

 

Radioterapia

O tratamento de radioterapia pode ser realizado com o objetivo de curar os doentes cujo cancro está confinado à caixa torácica, mas não pode ser removido por cirurgia. Através de tecnologia avançada é agora possível tratar estes tumores utilizando altas doses de radiação com elevada precisão o que reduz o número de sessões e minimiza os efeitos secundários.

A radioterapia também pode ser usada com intuito paliativo para melhorar a qualidade de vida dos doentes sem resposta à cirurgia ou à quimioterapia.

Follow-up

 

Os doentes que tiveram cancro do pulmão devem ser seguidos pelo Oncologista, Pneumologista ou Cirurgião no caso de terem sido operados. O seguimento inclui a colheita de história clínica e exame físico clínico. Inclui ainda exames de imagem como radiografia, TC e outros de acordo com a situação.

 

Todo o processo é habitualmente acompanhado por um painel de especialistas (Pneumologista, Oncologista, Cirurgião Torácico, Imagiologista, Anatomo-patologista, entre outros) cujas áreas se complementam, de forma a proporcionar o melhor diagnóstico, estadiamento e seguimento a uma pessoa com cancro do pulmão.

Centro do Pulão
Cancro do pulmão em números
5 284
casos/ano em Portugal
9,1%
de todos os cancros
20%
das mortes por cancro
CUF Oncologia