Hipertermia

um complemento no tratamento do cancro
Cancro
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A hipertermia, terapêutica inspirada no processo de produção de febre, pode ser usada no tratamento oncológico.

O tratamento do cancro tem evoluído significativamente nos últimos anos. Apesar disso, as terapêuticas atuais como a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapêutica hormonal ou biológica e transplante de células estaminais continuam a ser insuficientes. Novas opções terapêuticas são necessárias.

A hipertermia já está a ser utilizada em diferentes países do mundo como terapêutica para tratar o cancro e vários são os trabalhos publicados que demonstram a sua eficácia. Pode ser utilizada em combinação com a quimioterapia e radioterapia, contribuindo para se obter uma melhor resposta terapêutica, ou, então, pode ser utilizada isoladamente, em situações de controlo de dor e paliativo.

 

Um pouco de história

A hipertermia como tratamento para o cancro foi  documentada pela primeira vez por Hipócrates em tumores mamários. Durante a Idade Média, devido à utilização de técnicas de aquecimento insuficientes, o seu desenvolvimento foi escasso. Só no Século XIX, com o surgimento dos campos eletromagnéticos, é que se começa a assistir à grande evolução da hipertermia.

Em 1801 é descoberta como parte do espetro solar, pelo astrónomo inglês Sir William Herschel, uma das fontes de calor mais naturais: a radiação infravermelha.

 

Como funciona a hipertermia com infravermelhos para o corpo inteiro?

Sem darmos conta, o nosso sistema imunitário protege-nos todos os dias de várias ameaças e conta com uma arma poderosa - a febre -, que:

  • Mobiliza as nossas defesas naturais
  • Envia mais oxigénio e nutrientes para os nossos tecidos e células
  • Ajuda a desintoxicar e melhora a cura de infeções

A hipertermia com infravermelhos para o corpo inteiro recorre a este extraordinário mecanismo da natureza e utiliza-o em condições crónicas e doenças malignas, mobilizando as forças naturais de autocura de uma forma sustentada.

 

O avanço tecnológico no tratamento do cancro

A hipertermia para o corpo inteiro com o equipamento Heckel HT 3000, disponível no Hospital CUF Porto, tira proveito das propriedades da radiação infravermelha:

  • Provoca melhoria da circulação sanguínea e microcirculação
  • Provoca melhoria do metabolismo
  • Aumenta a pressão parcial de oxigénio
  • Provoca a estimulação de processos imunológicos

O calor produzido por esta técnica é distribuído pela corrente sanguínea, conduzindo ao aquecimento do corpo inteiro. A subida homogénea da temperatura dos tecidos até 40,5°C provoca a estimulação de processos imunológicos, fortalecendo as defesas imunitárias contra várias doenças, entre elas o cancro.

De um modo geral, o aumento de temperatura pretendido em cada sessão dura aproximadamente 2 horas e em protocolos especiais de oncologia 4-6 horas. É efetuada em meio ambulatório, não requerendo para sua realização de hospitalização, sendo a mesma conduzida sob prescrição médica.

 

Aplicações da hipertermia com infravermelhos para o corpo inteiro

A hipertermia para o corpo inteiro está indicada para tratamento do cancro. Não substitui os tratamentos recomendados para o cancro como a quimioterapia ou a radioterapia, mas faz com que sejam mais eficazes, ajuda a melhorar a recuperação dos efeitos secundários e a evitar recidivas.

 

Esta terapêutica está recomendada para tratar vários tipos de tumores:

  • Tumores primários do colo do útero
  • Cólon
  • Hepáticos
  • Cabeça e pescoço
  • Pulmão
  • Mama
  • Pâncreas
  • Melanoma
  • Bexiga
  • Reto
  • Próstata
  • Esófago
  • Sarcomas dos tecidos moles
  • Sistema Nervoso Central

 

É também indicada para quadros de metastização em múltiplos órgãos (ex.: fígado, pulmão e osso).

 

Outras utilizações

A hipertermia para o corpo inteiro está também designada no tratamento de outras doenças:

 

Contraindicações da hipertermia para o corpo inteiro

A indicação de hipertermia para o corpo inteiro como modalidade de tratamento deve ser sempre integrada num contexto geral e deve ser considerada caso a caso. Está contraindicada em pessoas com infeções agudas, insuficiência cardíaca, enfarte do miocárdio, tromboses existentes, hipertiroidismo, gravidez e epilepsia.

Além de não ser invasiva, esta modalidade terapêutica não compreende quaisquer riscos para o doente nem provoca efeitos secundários adicionais relevantes.

Publicado a 13/12/2017